Capítulo 17

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Arrumei a gravata e respirei fundo antes de bater em sua porta. Eu estava indo à casa dela, conhecer toda sua família. Isso meio que era algo grande. E sério. Ainda que nada fosse oficial entre nós, acho que isso nos botava em outro patamar além do sexo casual.

Ela atendeu a porta alguns segundos depois. E eu perdi o fôlego.

Ela estava com um vestido longo, dourado. O cabelo emoldurava seu rosto perfeitamente. Os lábios vermelhos, me convidando. Ela estava simplesmente linda.

Ela me encarou, depois deu uma olhada em mim, dos pés à cabeça. O olhar malicioso em seu rosto me dizia exatamente o que estava pensando. Ela tinha uma espécie de fetiche por ternos.

Sorri, maliciosamente.

- Estamos atrasados – eu disse.

Ela curvou uma sobrancelha.

- Quem disse?

Olhei meu relógio no pulso.

- Eu estou dizendo. Já era para estarmos lá.

Ela revirou os olhos.

- Tudo bem. Só vou pegar minha bolsa – ela se virou e pegou a bolsa em cima da bancada, depois olhou para mim – Ah, a propósito, para todos os efeitos, você é meu namorado.

Cruzei os braços.

- Você disse para o seu pai que eu sou seu namorado? – perguntei, sério, mas por dentro eu estava amando aquilo.

- Não – ela estalou a língua – Ele que disse. Eu só confirmei.

Curvei uma sobrancelha. Ela bufou.

- O que você queria que eu dissesse? – ela sorriu cinicamente – "Não, pai. Ele não é meu namorado. Ele é só um cara gostoso com quem eu estou transando"? – então fez uma careta – Ele é meu pai. Não posso dizer essas coisas. A gente vai no meu carro.

Ela passou por mim, fechando a porta, e por dois segundos eu fiquei ali, remoendo as palavras que ela tinha dito.

Só um cara gostoso com quem eu estou transando.

Então eu era só isso. Só o sexo casual. Só a diversão dela. Meu coração pareceu doer um pouco no peito e eu lembrei de Pleyson me avisando que ela iria me magoar.

Bom, parecia que ele estava certo. Ela estava me magoando naquele exato momento.

- Você dirige – ela disse quando chegamos ao carro, jogando as chaves para mim.

Peguei as chaves e entrei no carro.

Eu deveria ir embora. Deveria deixar ela ali e ir embora. Mas eu não fui. Eu fiquei. Fiquei com ela.

Era burrice? Era. Mas eu não poderia. Não conseguiria. Alguma coisa em mim me fazia ficar, me fazia acreditar, me fazia insistir. Talvez fosse o medo absurdo de ter que encarar o fato de que ela nunca ficaria comigo.

- Como vai a faculdade? – ela perguntou, depois de muito tempo de silêncio.

Continuei encarando a estrada. Mas tinha algo a mais. Eu sei que tinha porque eu esta ali sentado ao lado dela indo na festa de aniversário do seu pai.

- Ótima – respondi.

Eu não podia ser só o cara gostoso, certo? Ela não levaria esse cara para a casa do pai. Ela não moraria com esse cara por um mês. Ela não procuraria esse cara para desabafar quando estivesse mal.

Observei ela se mexer ao meu lado, levando o dedo até o botão do ar-condicionado e ligando-o.

Sentia ela me olhando. Mas por um tempo ela não falou nada. Até que ligou o som. Estava tocando Chandelier. Ela aumentou.

O Ardor da PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora