Capítulo 10

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Peguei a chave no bolso e abri a porta. Agora cada um tinha sua chave para evitar confusões. Entrei na sala e vi Giovana jogada no sofá com a cara mais desanimada do mundo.

- Oi – eu disse.

- Oi – ela respondeu, mal-humorada.

Ela tinha ido almoçar com o pai dela. Pelo jeito, as coisas não tinham saído do jeito que ela esperava. Nada de fazer as pazes.

- As coisas não foram muito boas com seu pai, não é? – perguntei enquanto colocava o Yakisoba que tinha comprado em cima do balcão.

- Está tão na cara assim? – ela suspirou e se levantou do sofá – Mas eu não quero falar dele. Hoje quase quebrei sua cozinha por conta disso.

Olhei ao redor procurando alguma coisa quebrada.

- Eu espero que esteja tudo no lugar – comentei, brincando.

- Talvez eu tenha quebrado um prato – ela falava enquanto puxava o Yakisoba para ela – Eu te pago ele junto com as outras coisas quando eu tiver dinheiro.

Curvei uma sobrancelha, sem entender.

- Junto com as outras coisas?

- A multa do supermercado – ela levantou um dedo – Todos os Yakisobas que você comprou para mim – levantou outro dedo – O mês inteiro que você me deixou ficar aqui e agora seu prato.

Eu bufei, achando graça.

- Eu não vou cobrar por comida e nem por um prato idiota, muito menos por ter deixado você ficar aqui – falei.

Ela inclinou a cabeça de lado e deu um sorriso, as covinhas marcando a bochecha.

- Você é lindo – ela disse.

Eu ri.

Ela era linda.

- E quanto a multa do supermercado... – eu continuei – Lembra dos cinquenta reais que você deixou na oficina para a próxima vez?

Ela riu.

- Fala sério... Você estava com esse dinheiro o tempo todo?

- Eu não iria deixar com o Pleyson. Tenho certeza que ele nunca mais te devolveria.

- Realmente... – ela me fitou – Mas a multa não foi só cinquenta.

Dei de ombros.

- Considere paga.

- Isso não é justo – ela disse.

- Eu não quero seu dinheiro.

Ela me encarou fixamente, um sorriso malicioso se formando em seu rosto. Eu me arrependi da frase imediatamente.

Balancei a cabeça.

- Eu não quis dizer isso.

Ela continuou rindo.

- Claro que não.

Empurrei o Yakisoba para mais perto dela.

- Vai comer – assim que disse isso, lembrei da primeira vez que ela esteve na minha casa, então me apressei em acrescentar – O Yakisoba.

Ela riu, mas não fez nenhum comentário.

Sentei ao seu lado na banqueta.

- Vai passar um filme de terror hoje – ela disse – Está a fim?

- Eu tenho que acordar cedo amanhã – falei.

- Eu também – ela retrucou, como se fosse um argumento a seu favor.

O Ardor da PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora