Peguei a chave no bolso e abri a porta. Agora cada um tinha sua chave para evitar confusões. Entrei na sala e vi Giovana jogada no sofá com a cara mais desanimada do mundo.
- Oi – eu disse.
- Oi – ela respondeu, mal-humorada.
Ela tinha ido almoçar com o pai dela. Pelo jeito, as coisas não tinham saído do jeito que ela esperava. Nada de fazer as pazes.
- As coisas não foram muito boas com seu pai, não é? – perguntei enquanto colocava o Yakisoba que tinha comprado em cima do balcão.
- Está tão na cara assim? – ela suspirou e se levantou do sofá – Mas eu não quero falar dele. Hoje quase quebrei sua cozinha por conta disso.
Olhei ao redor procurando alguma coisa quebrada.
- Eu espero que esteja tudo no lugar – comentei, brincando.
- Talvez eu tenha quebrado um prato – ela falava enquanto puxava o Yakisoba para ela – Eu te pago ele junto com as outras coisas quando eu tiver dinheiro.
Curvei uma sobrancelha, sem entender.
- Junto com as outras coisas?
- A multa do supermercado – ela levantou um dedo – Todos os Yakisobas que você comprou para mim – levantou outro dedo – O mês inteiro que você me deixou ficar aqui e agora seu prato.
Eu bufei, achando graça.
- Eu não vou cobrar por comida e nem por um prato idiota, muito menos por ter deixado você ficar aqui – falei.
Ela inclinou a cabeça de lado e deu um sorriso, as covinhas marcando a bochecha.
- Você é lindo – ela disse.
Eu ri.
Ela era linda.
- E quanto a multa do supermercado... – eu continuei – Lembra dos cinquenta reais que você deixou na oficina para a próxima vez?
Ela riu.
- Fala sério... Você estava com esse dinheiro o tempo todo?
- Eu não iria deixar com o Pleyson. Tenho certeza que ele nunca mais te devolveria.
- Realmente... – ela me fitou – Mas a multa não foi só cinquenta.
Dei de ombros.
- Considere paga.
- Isso não é justo – ela disse.
- Eu não quero seu dinheiro.
Ela me encarou fixamente, um sorriso malicioso se formando em seu rosto. Eu me arrependi da frase imediatamente.
Balancei a cabeça.
- Eu não quis dizer isso.
Ela continuou rindo.
- Claro que não.
Empurrei o Yakisoba para mais perto dela.
- Vai comer – assim que disse isso, lembrei da primeira vez que ela esteve na minha casa, então me apressei em acrescentar – O Yakisoba.
Ela riu, mas não fez nenhum comentário.
Sentei ao seu lado na banqueta.
- Vai passar um filme de terror hoje – ela disse – Está a fim?
- Eu tenho que acordar cedo amanhã – falei.
- Eu também – ela retrucou, como se fosse um argumento a seu favor.
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O Ardor da Paixão
RomanceVocês já conheceram a versão da Giovana. Agora é a vez de conhecer a história pelos olhos de Pedro. Depois de ter o coração partido, Pedro jurou nunca mais amar ninguém. Estava tudo correndo como o planejado, até que Giovana resolveu aparecer em sua...