Capítulo 4

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Antes de encerrar o expediente, mandei mais alguns e-mails para uns escritórios de advocacia em São Paulo. Como me formaria logo, já estava me candidatando para vagas. E de preferência bem longe de Brasília.

Já fazia dois anos, mas de alguma forma tudo que aconteceu ainda me fazia querer ir para longe dali. Era uma forma de começar do zero. E eu queria dar um restart na minha vida.

- Quantas vezes eu já disse para não usar o computador da empresa? – Pleyson apareceu na porta.

- Só estou mandando uns e-mails.

Ele estreitou os olhos para mim.

- Vai mandar na sua casa.

Encarei ele e bufei.

- Você fez curso para ser chato assim?

- Anda logo, eu quero fechar a oficina – ele sorriu – Tenho um encontro.

Desliguei o computador e peguei minha mochila enquanto me levantava.

- Jura? – eu disse – Quem é a azarada?

Ele fechou a cara e apontou para fora da porta.

- Pra casa.

Eu ri e saí.

Antes de ir para casa dei uma parada para comprar Yakisoba. Não tinha nada para comer no apartamento e eu estava morrendo de fome. Comprei logo dois, porque um nunca era o suficiente para mim. Eu andava comendo demais desde que comecei a correr.

Estacionei o carro embaixo do prédio. Assim que saí, algo vermelho e enorme chamou minha atenção. Estava estacionado na frente do prédio.

Suspirei. Um Jaguar vermelho na frente do meu prédio só podia ser a Giovana.

Fiquei ponderando por algum tempo se eu iria até lá ou não. Eu poderia estar me metendo numa fira indo, mas alguma parte de mim queria ver onde isso iria dar. Eu sabia que deveria ser sensato e ignorar ela, mas era mais forte que eu.

Decidi ir até ela. Até porque, ela não faria nada que eu não quisesse, não é?

Me aproximei do carro e vi que ela estava meio deitada, os pés na janela. Me curvei e apoiei o cotovelo na janela.

- Eu fico me perguntando quantas pessoas tem um Jaguar vermelho na cidade – eu disse.

Ela me olhou por cima do livro que estava lendo e abriu um sorriso. Definitivamente as coisas seriam mais fáceis se ela não sorrisse.

- Eu estava me perguntando quando você iria aparecer de novo – falei – Até que demorou.

Ela tirou os pés e se endireitou, jogando o livro em cima do banco do passageiro. Não era um livro, era um gibi da Turma da Mônica.

- Oi para você também, Pedro – ela disse.

Apontei para o gibi e ergui uma sobrancelha para ela.

- Turma da Mônica? – perguntei.

Ela deu de ombros.

- Qual é... É o melhor gibi que tem.

Eu ri. A garota que é um terror na arte da sedução também lê Turma da Mônica. Isso era interessante.

Ela me encarou e olhou para as embalagens que eu tinha nas mãos.

- O que você tem aí? – perguntou.

- Comida chinesa – respondi.

- Interessante – ela sorriu com aquela cara de que estava planejando algo – Eu adoro comida chinesa.

O Ardor da PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora