Capítulo 16

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Tinha acabado de deixar minha irmã em casa. Quando voltei para o apartamento, resolvi correr um pouco, então troquei de roupa, comi algo e botei meu tênis de corrida.

Estava correndo perto da praça do hipopótamo quando vi Giovana sentada em um dos bancos, sozinha.

Enruguei a testa. O que ela está fazendo aqui?

Fui até ela. Estava tão distraída que não me viu chegar. Quando sentei ao seu lado, ela deu um pulo.

- Apreciando a paisagem?

Ela me olhou de cara feia.

- Mas que merda!

Eu ri.

- Você precisa ver sua cara agora – falei.

- Você está me seguindo? – ela curvou uma sobrancelha.

Apontei para o horizonte, para o meu prédio. Ela olhou, a testa enrugada, sem entender. Então as rugas se desmancharam enquanto ela reconhecia o prédio.

- Não é possível – ela disse – Você está em todos os lugares.

Eu ri.

- Vou encarar isso como algo positivo.

Ela riu.

- Já pegou a Nathália no aeroporto? – ela perguntou.

- Já – respondi – Deixei ela em casa. Estava muito cansada.

- Imagino... – ela olhava ao redor.

Fitei ela.

- Como foi com seu pai? – perguntei.

Ela deu de ombros.

- A gente se acertou.

- Isso é bom. Ele parece uma boa pessoa.

Então ela me olhou com a cara mais feia do mundo.

- Por falar nisso... – ela começou – O que foi aquilo hoje mais cedo?

- O que? – perguntei.

- Eu disse para você ficar no quarto!

- Qual era o problema se eu saísse?

Ela ergueu as sobrancelhas.

- Qual era o problema? – ela endireitou a coluna e começou a fazer uma imitação de si mesma – Pai, esse aqui é o Pedro, ele dormiu aqui, na mesma cama que eu, o que quer dizer que a gente transou. Mas você já sabia disso, não é? Não dá para esconder com esses chupões no pescoço.

Eu ri, achando graça.

- Uau. Isso foi profundo – levantei a mão e tirei meu cabelo da frente do seu pescoço, dando uma olhada nos roxões. Fiz uma careta – Isso está bem feio.

- Aposto que você se preocupou muito com isso na hora – ela disse.

- Você se preocupou? – curvei uma sobrancelha.

Ela riu, então desviou o olhar para a praça, observando as crianças brincando ao redor.

- Eu nunca tinha vindo aqui – comentou.

- Meus pais costumavam trazer a Nathália e eu aqui quando éramos pequenos. Nós gastávamos dez por cento do tempo brincando e noventa por cento discutindo sobre o que significa a estátua.

- Qual? – perguntou – A do homem sentado na pedra?

Encarei ela e revirei os olhos.

- Você também?!

O Ardor da PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora