Capítulo 6

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No dia seguinte, eu acordei com o toque dela em mim. Abri os olhos e ela estava descendo a mão do meu peito até o meu abdômen, por baixo da camiseta. Ela começou a abaixar mais a mão, até encontrar o início da minha calça. Então eu achei que era hora para parar ela.

Segurei seu pulso com força. Ela olhou para cima e de repente aqueles olhos azuis estavam me encarando, brilhando pra mim.

- Bela tentativa – eu disse, tirando sua mão de mim – Quem sabe da próxima...

Então eu levantei da cama. Com certeza ficar lá não seria uma boa ideia.

Fui até a cômoda pegar uma toalha.

- Como eu vim parar aqui? – ela perguntou.

Olhei para ela. Estava sentada na cama, me encarando.

Enruguei a testa.

- Você não lembra de nada? – perguntei.

- De algumas coisas – ela franziu a testa, parecendo tentar puxar as lembranças da memória – Eu estava em uma boate com a Jennifer. Ela foi embora com o barman e eu te liguei. Depois começou uma confusão, não me lembro direito. Depois só lembro de estar dentro do carro e mais nada.

Meu Deus do céu, ela bebeu tanto que nem conseguia se lembrar das coisas direito. Não sei nem o que seria dela se não fosse eu.

- Você sempre esquece das coisas quando bebe? – perguntei.

Ela balançou a cabeça.

- Da maior parte.

Então eu resolvi contar logo para ela.

- Você me ligou ontem da boate e, no meio da ligação, começou uma briga com dois caras. Você disse que um deles tinha um canivete. Então eu fui te pegar e... – e a gente se beijou. Mas essa parte era melhor deixar fora da história, melhor que ela não soubesse – E depois você capotou no carro, sem me dizer seu endereço. Então, ou eu te largava na rua, ou você dormia aqui – dei um sorriso cínico – Eu sou bom demais para fazer isso com você, embora você mereça.

E assim eu virei de costas e entrei no banheiro. Eu tranquei, claro. Tinha certeza que ela tentaria alguma coisa se eu deixasse uma brecha para ela passar.

Tomei um banho rápido, só para despertar. As minhas roupas de corrida eu mantinha no banheiro, graças a Deus. Quando saí de lá, já estava vestido. Giovana ainda estava na cama.

Ela me olhou.

- Onde você vai? – perguntou.

- Correr – respondi enquanto saia do quarto.

Ela veio logo atrás de mim, claro.

- Estudar de manhã, trabalhar a tarde e correr no fim de semana – ela dizia – Você não vive, não?

Eu estava ocupado demais calçando meu tênis, então não respondi sua pergunta. Quando terminei, levantei e fui até a geladeira pegar uma garrafa d'água e uma barrinha de proteínas.

- Eu volto em meia hora – encarei – E eu espero que você já tenha ido, se não for pedir muito.

Ela cruzou os braços.

- Sua mãe não te ensinou como se deve tratar um hóspede?

Passei por ela, em direção à porta.

- Você não é um hóspede – falei – Quando sair, deixa a chave embaixo do tapete.

- Eu nem tenho um carro para ir embora! – ela protestou.

O Ardor da PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora