Capítulo 15

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Naquela manhã, Giovana tinha saído antes de mim de seu apartamento. Quando fui embora, tranquei tudo e levei a chave comigo. Ia ser minha moeda de troca. Se ela quisesse entrar em casa, teria que me ver.

Voltei para casa e fui correr. No almoço, fiz uma macarronada para mim. Esperei pela ligação dela, já que trabalharia até 12h. Mas ela não ligou. Deu 13h, 14h e nada da ligação dela. Pensei em ligar, mas deixei quieto. Se não tinha ligado ainda, era porque não tinha voltado para casa. Podia estar com o irmão ou com aquela amiga doida dela.

Ou com outro cara...

Afastei esse pensamento da cabeça e fui aproveitar o tempo para adiantar algumas coisas da faculdade. Pensar em Giovana com outro cara era a última coisa que eu precisava.

Então, de noite, meu celular tocou e o nome dela apareceu na tela. Sorri.

- Estava esperando essa ligação na hora do almoço – atendi – Você trabalhou o dia inteiro?

- Cadê minha chave? – ela ignorou minha pergunta.

- No bolso da minha calça.

- E o que ela está fazendo aí?

- Esperando que você pegue ela.

Senti o sorriso dela do outro lado.

- Eu preciso entrar em casa.

- Eu sei – levantei e peguei a chave do carro em cima do balcão – Chego aí em dez minutos.

Quando cheguei em seu apartamento, ela estava sentada no chão, encostada na porta. Lancei um sorriso a ela.

- Oi – eu disse.

Ela levantou do chão.

- Quem abriu o portão para você? – perguntou.

Enruguei a testa.

- Eu estou com a sua chave, lembra?

Ela fez uma careta.

Dei a chave do apartamento a ela. Então ela a pegou rapidamente da minha mão e abriu a porta, apressada para fechá-la na minha cara.

- Obrigada – ela disse, fechando a porta.

Botei o pé na frente para que ela não fechasse e a abri novamente. Giovana era exatamente eu há alguns dias atrás, tentando me manter fora para não se envolver, sendo que já estava envolvida. Só que ela era bem pior que eu nisso. Mais desastrada.

Sorri e levantei as sacolas de Yakisoba que carregava nas mãos. Tinha comprado no restaurante perto de casa antes de vir.

- Eu trouxe Yakisoba – falei.

Ela revirou os olhos e deu de costas, entrando no apartamento. Entendi com um convite para entrar.

- Vou tomar um banho – ela disse, entrando no banheiro.

Ouvi a porta batendo e, algum tempo depois, o chuveiro ligando.

Botei o Yakisoba em cima da bancada, tirei os sapatos e fui me aproximando lentamente do banheiro. Será que a porta estava aberta?

Coloquei a mão na maçaneta e girei ela devagar. Então a porta abriu.

Um sorriso surgiu no meu rosto.

Realmente, ela era bem pior que eu nisso.

Entrei, fechando a porta atrás de mim delicadamente. O box estava embaçado, dando para enxergar só sua silhueta. Até agora, nada de gritar me mandando sair, o que me fazia acreditar que ela me queria exatamente ali.

O Ardor da PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora