Capítulo 19

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No dia seguinte, acordei com o toque do meu celular. Giovana estava deitada em cima de mim, dormindo. Me movi com cuidado, mas ela acabou acordando e escorregou para o lado, saindo de cima de mim.

Atendi o telefone. Era Pleyson.

- O que o carro da sua namorada está fazendo na minha oficina? – ele perguntou, mal humorado.

- Por que você é tão inconveniente? – perguntei – É domingo.

- Eu não quero saber – ele praticamente gritou – Eu o quero fora daqui.

- Estava vazando gasolina e parou no meio da estrada – disse – Tive que chamar o guincho e levá-lo para algum lugar.

- Aí você trouxe para a minha oficina?

- Em que outro lugar eu colocaria um carro com vazamento de óleo? – suspirei.

- Vem tirar ele daqui agora.

- Tudo bem, eu já estou indo – disse – Vou resolver isso e tirar o carro daí. Está bom para você?

- Está ótimo!

Desliguei o celular e levantei da cama. Meu Deus, às vezes o Pleyson era um otário.

Me vesti. Giovana estava deitada ainda, mas já acordada. Tinha algo em sua expressão que me incomodou.

- Você está bem? – perguntei.

Ela me olhou.

- Estou.

Mas não estava. Eu podia ver em seus olhos. Mas não quis insistir. Talvez ela precisasse de um tempo para lidar com sua confusão, para entender o que estava sentindo. Eu não iria pressioná-la..

- Tudo bem – eu disse – Hm... Eu estou indo na oficina. Vou dar um jeito no seu carro e... – dei de ombros – Você pode passar lá mais tarde para pegá-lo. Pleyson não está nada contente com ele ocupando espaço – sorri. 

Ela não retribuiu.

- Tudo bem – foi tudo o que ela disse.

Encarei ela por mais um tempo.

- Então, até mais tarde – disse e me inclinei para dar um beijo nela, mas ela não deixou.

Ela virou de lado, desviando, e fechou os olhos. E eu fiquei ali, parado, tentando entender como tinha chegado até ali. Ontem à noite eu estava dentro dela enquanto ela sussurrava que me queria, que ela era só minha. Hoje ela estava virando a cara para mim.

Suspirei fundo e saí. Não iria adiantar nada eu insistir. Era melhor dar um tempo para ela.

Fui até a oficina. Pleyson estava bufando, assim que cheguei ele já começou a reclamar.

- Não faça mais isso – ele disse.

- Meu Deus, é só um carro – falei – Ela vai pagar, ok?

Ele estreitou os olhos para mim.

- Eu espero mesmo.

Troquei de roupa e fui para baixo do carro. O tempo todo, não tirei ela da cabeça, nem os últimos acontecimentos.

Tudo isso era muito desgastante. Ela agia de uma forma uma hora e depois de outra totalmente diferente na hora seguinte. Eu não conseguia entender o que ela queria. Se ela sentia mesmo algo por mim, por que ficar me afastando assim? Por que esse medo todo? Amar não era para ser complicado assim. Era para ser fácil. E se estava difícil para ela, então talvez não fosse amor. Talvez eu estivesse enganado.

- Hey – Pleyson deu um chute na minha perna para eu sair debaixo do carro.

Saí e olhei para ele do chão, com a cara nada boa.

O Ardor da PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora