Lobisomem azarado!

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[...]

Desci uma escada, parei num corredor longo, o quarto era o penúltimo à esquerda, girei a maçaneta e entrei. Tinha gente.

– Mitchell Haase, tu por aqui, pensei que estava no ensaio. – Disse Moreau.

Lupin ficou sem reação, ele estava diante de Madalena, ele não contava com a possibilidade de alguém estar no quarto. Principalmente ela.

– Algum problema, garota? – Disse Madalena, toda bruta. A menina realmente me assustava de uma maneira estranha. Era alta e tinha ombros largos, era magra, mas tinha braços com músculos fortes; tinha cara de alguém que acordou de mau humor e de quem odiava a todos, o que não devia ser mentira. Seus olhos eram castanhos e perversos, tinha uma ferida feia abaixo do olho esquerdo, e varias cicatrizes nos braços, seu cabelo era cacheado e preto e estava amarrado com um lenço verde em um alto “rabo de cavalo”.

– Garota, tu sabe que eu odeio quando não me respondem.

Eu tentei então fazer a voz mais fina e esganiçada possível.

Dor – tosse – de – mais uma tosse fingida e depois aponto para a garganta e para cabeça.

– Tu não pode ficar assim! Tu vai se apresentar amanhã, Haase! Trate de descansar, essa frescura logo passa, vou ali no quarto do lado falar com a Thay, tratar de uns assuntos – ela cerrou os pulsos. – Já volto.

Faço um jóinha.

– Estranha – Ela diz e sai do quarto.

Rapidamente tento identificar a cama de Alice, então avisto em cima de um criado mudo um porta retrato de uma família parte chinesa e a outra, provavelmente, parte britânica. Só podia ser a família de Alice. Então vasculho tudo, abro todas as gavetas, abro todas as caixas e nada, me agacho e procuro de baixo da cama, e entre as tábuas e o colchão vejo um pergaminho, levantei o colchão e peguei o mapa. Retirei de dentro da bolsinha de Lily o mapa falso e botei no lugar. Pronto! Corri até a porta e a abri, mas parecia que alguém também queria entrar. Abrimos a porta ao mesmo tempo.

– AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH – GRITAMOS JUNTOS! MERDA, ERA A THERESA!

Antes que ela pensasse em fazer ou falar algo eu saquei a varinha antes dela e disse:

– OBLIVIATE! – Ela cambaleou e antes que caísse eu a segurei e a carreguei até a primeira cama que vi, depois lancei um feitiço para que ela imaginasse que esteve com dor de cabeça e garganta e que quando acordasse acreditasse que melhorou.

Sem olhar para trás, com medo que ela acordasse logo, saí correndo do salão comunal da Slytherin. Saindo de lá e subindo as escadas depressa, eu já começava a voltar a ser eu de novo, logo cheguei ao salão comunal da Gryffindor, – e antes de ir lá, claro, passei no banheiro e retirei o uniforme da Slytherin – subi correndo para o dormitório passando por uma multidão de alunos barulhentos; guardei o mapa dentro do meu malão e desci.

Certo... Eu tinha conseguido... Recuperei o mapa! Mas  decidi contar aos garotos mais tarde.

 -

Fui encontrar Lauren, passamos três vezes pelo corredor do quinto andar e uma porta surgiu da parede. Desde aquele primeiro dia na casa de chá da madame Puddifoot, decidimos ir sempre que desse; ficamos até as onze da noite lá, teria saído tudo perfeito como sempre, se eu não inventasse de contar bem naquele momento que eu não poderia acompanhá-la na festa de confraternização que teria no dia seguinte. Ela ficou brava, porque eu dei aquela desculpa que tinha uma partida de truco para comparecer, não a culpo, mas... E sim, amanhã seria um dia de transformação... Não de polissuco, mas sim uma transformação muito mais forte que uma poção. Naquele mês seria a primeira noite de lua cheia; bem no dia da festa, a qual Lauren estava ansiosa e falava nela muitas vezes... Ela ficou triste também por dizer que eram nossos últimos momentos juntos na escola...

-

No dia seguinte

Estava passando pelo corredor e me deparo com Dumbledore ao final dele, ele faz um sinal para que fosse até lá.

– Olá, Remus – Disse quando estava mais perto.

– Olá, professor Dumbledore.

– Estive investigando o que poderia ter acontecido com a cortina de sua cama. E cheguei a conclusão de que foi um animal.

– Um animal? – Disse surpreso.

– Pelo que parece, especificamente, um lobisomem – Ele disse e eu arregalei os olhos – Parece que ele reconheceu seu cheiro e agora você esta correndo grande perigo.

– Então foi aquele que eu vi aquele dia...

Dumbledore ergueu as sobrancelhas.

– Pelo visto o viu vagando perto da floresta noites atrás, estou correto? É eu também vi. – Percebendo minha expressão ele então falou – Sinto muito, Remus, mas não posso dizer quem é. Contudo irei falar com a pessoa para que esta fique longe de você. – Eu acenei com a cabeça decepcionado – E devo lembrá-lo também que hoje será noite de lua cheia, então não poderá participar da festa até o anoitecer.

– Eu sei, senhor – Disse olhando pro chão.

– Isto é tudo. Pode seguir seu caminho.

Então fiz isso, segui meu caminho, dei meia volta e desci uma escada e logo encontrei Lauren subindo.

– Lupin! – Ela ainda parecia brava.

– Desculpa – Eu disse botando a mão no rosto me sentindo culpado.

– Idiota! Vai mesmo me trocar pelo maldito jogo?

– Não, não! Lauren me escuta, eu não posso faltar e você tem que confiar em mim!

Ela enxugou uma lágrima. Subiu os degraus que estavam entre nós e me abraçou. Depois me olhou com raiva e me deu uma sequência de tapas.

– Ai! O que está fazendo?!

– Você não vai para partida de jogo nenhum não é mesmo?

Eu não consegui disfarçar.

– Ah! Eu sabia! Você mentiu para mim! POR QUÊ? CONTE-ME A VERDADE.

– EU NÃO POSSO! – Gritei pra ela e depois a abracei na marra – Lauren... Prometo contar depois, mas, por favor, confie em mim.

Ela me olhou, enxugou as lágrimas que desciam pelos seus olhos azuis e depois desceu as escadas correndo.

Ah, Lauren, eu não podia contar ainda, não por enquanto...

Afinal, você contaria a sua/seu namorada/o que é um lobisomem? Correria o risco de perdê-la/o?

Eu não quero correr esse risco.

The Time-Turner [pt-br]Onde histórias criam vida. Descubra agora