Segurei o vira-tempo com as duas mãos, estava pronto para girá-lo e voltar ao tempo em algum momento que eu pudesse salvar Lauren Collins do destino terrível que lhe aguardava.
– Espere – Falou Lily segurando minha mão. – Você nem bolou um plano...
– O que você sugere? Não há muito no que pensar, simplesmente irei salva-la.
– Ok, salvar como? Como você ira salva-la sem ser visto? Em que dia você ira voltar? Em que hora?
Como sempre, Lily tinha razão. Balancei a cabeça para demonstrar que concordava, porém com uma pitada de ironia para demonstrar que também não queria concordar que ela estava certa. Bem, todos nós temos um pouco de orgulho...
– Se você estava pensando em voltar para o momento em que Lauren nos encontra na orla, desista, vamos pensar em outra coisa.
Claro que não estava pensando naquilo, não seria muito esperto... Okay, eu estava... Mas enfim!
– Não pensei nisso... Bem, que tal alguns momentos antes, e encontrá-la na ala hospitalar e impedi-la de fugir?
– Pode dar certo, os amigos dela e ela irão te ver, mas...
– Não importa, seria pior se vissem os dois "eu" juntos.
– Ok, então vá e a impeça... Bem... Depois você vai ter que ficar se escondendo por sete dias até chegar o hoje novamente...
– Sem problema, já sei onde poderei ficar: Sala precisa!
– Ótima ideia... Acho que já pode ir – Ela me abraçou – Boa sorte, Lupin... Bem, eu irei te ver daqui alguns instantes, provavelmente, e logo saberei como se saiu.
– E eu vou ter que esperar por apenas sete dias. Passara rápido, eu acho.
– Passara sim, vai dar tudo certo.
Segurei novamente o vira-tempo com duas mãos.
– Quantas voltas? – Perguntei pra ter certeza.
– Cinco devem bastar.
– Cinco? Imagino que três voltas equivalem aproximadamente a mais de seis horas... Que tal sete?
Lily fez cara de preocupação.
– Ah, não sei dizer... Tente sete então, já que tem tanta certeza. Se passar do dia, não deverá ser tanto.
– Sete voltas então.
Girei o vira tempo, Lily se tornou um borrão assim como tudo a minha volta, não sabia se era minha vista ou as coisas que estavam escurecendo, era difícil dizer. Tudo aconteceu em questão de segundos, quando me dei conta estava de frente a entrada do salão comunal da HufflePuff, o porquê eu fui parar lá eu não faço ideia.
Olhei em volta para ver se havia alguém ali, aparentemente o castelo estava vazio, até que ouvi o barulho de muitas vozes falando ao mesmo tempo em algum lugar perto dali. Imaginei que fosse no grande salão, e estava certo, quando cheguei perto, não entrei, claro, espiei pelo vão da porta e quase gritei de espanto, me contive já que não queria ser descoberto.
Vou dizer o que vi: Eu. Ok, não parece nada demais, já que todos sabemos que voltei no tempo. Mas o problema é que era eu com onze anos, sim, eu acidentalmente voltei a sete anos e não a sete dias! Sabem como é passar por isso?! Sabe o que isso queria dizer?
Oh não, eu me recuso a ter que viver por sete anos escondido.
Sete anos! É muito tempo!
"Gryffindor!" Ouvi o chapéu seletor me selecionando. Isso era assustador.
Corri para passagem secreta mais próxima para me esconder, não podia ser visto. Fiquei lá dentro por alguns minutos até resolver o que fazer.
Pensei e lembrei de muitas coisas, tive algumas idéias e hipóteses, nenhuma daria certo na verdade, exemplo, tipo voltar para o futuro, seria fácil demais, porém o vira-tempo só volta, não avança.
Especificamente lembrei-me de uma conversa com Lauren em que ela me contava sobre sua vida e sobre seus pais, que foi quando descobri que ela era adotada e os seus pais biológicos tinham sido vítimas de um trágico engano.
Lauren me disse que só foi adotada aos dez anos, por pena, provavelmente; mas ela gostava muito dos pais adotivos e eles também gostavam muito dela, embora o vinculo entre eles nunca fora muito forte, aliás, logo Lauren entrou em Hogwarts e passaram a se comunicar apenas por cartas, e se viam somente nas férias de julho.
Em Hogwarts, mesmo sendo muito falante e social, fez amizades com pouca gente, motivo: Madalena, ninguém queria se meter com quem se metia com a filha do comensal. E olha, sinceramente, Lauren não merece as amigas que têm.
Ok, irei direto ao ponto, o que quero dizer, e onde quero chegar, é que Lauren merecia ter tido uma vida muito melhor. Sinto muito por ela ter perdido seus pais e ter parado no orfanato e ter permanecido lá por tanto tempo... Ela tinha apenas três anos quando aconteceu o acidente, não tem nenhuma memória concreta de seus pais e nem fotos... Chegou a Hogwarts e fez "amizade" com pessoas horríveis, de mau caráter... E isso aconteceu só por ter entrado na Slytherin, aliás. Então ela me conhece, e eu pioro tudo, se eu não tivesse a conhecido... Ela não teria morrido! Sou um monstro. Lauren não merece ter uma abominação ao seu lado...
Então pensei... Por que salvar apenas uma vida... Se posso salvar três?
Eu já teria que passar sete anos se escondendo até chegar ao "dia certo"...
Que diferença faria mais alguns? Uns seis?
Sim, seriam treze anos. Consegue entender o que quis fazer?
Iria salvar os pais de Lauren, e acabar mudando todo o rumo de sua própria vida.
Girei o vira tempo enquanto me concentrava no nome da cidade de Lauren e depois de alguns segundos me encontro dentro de uma ruela deserta e escura. Segui rumo à rua principal, estava de noite, só alguns carros passavam por ali. Olhei em volta, pareceria uma cidade fantasma se não fosse pelos automóveis e os postes de luz. Virei para direita e reparei no prédio de quatro andares que se erguia ali na esquina da viela. Algo tinha sido escrito em uma pequena placa que se pendurava na porta, subi uma pequena escada de três degraus para conseguir se aproximar, então li "Orfanato 1987"... Quase tropeço nos degraus por causa do meu susto, aquele era o nome do orfanato em que Lauren passou a infância, mas por que fui parar ali? A minha intenção era parar em Londres, onde aconteceu o assassinato. A não ser que...
Avistei um táxi no final da rua, esperei ele chegar mais perto e estendi o braço.
– Licença, estou perdido. Pode me dizer onde estou, por favor? – Perguntei ao taxista. E sim, eu parei ele só para fazer uma pergunta. Situações extremas exigem medidas desesperadas!
– Você está em Bristol, garoto. – Disse o homem emburrado. – Vai subir ou não?
– Por favor, só mais uma pergunta!
– Ande logo! – Disse o taxista olhando para o relógio de pulso.
– Que dia é hoje? Qual o ano?
– 1967! – Respondeu olhando para mim como se eu fosse um louco e depois pisou no acelerador, me deixando sozinho novamente.
Então era isso, parei no ano errado, de novo, o certo seria 1965, em vez de voltar a seis anos atrás, mas só voltei a dois. Por quê?
Imaginei que o vira-tempo estivesse com algum defeito, ou eu que não sabia as regras mesmo... E, sinceramente, imaginei que fosse uma mistura das duas alternativas.
Inesperadamente a porta do orfanato se abriu e então vi uma mulher baixa de cabelos grisalhos, ela me media dos pés a cabeça com um olhar de desconfiança, e não parecia nada feliz.
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The Time-Turner [pt-br]
Fiksi Penggemar"...E quando olhei para trás vi os responsáveis pela bagunça, apenas a silhueta, pois a neblina tinha aumentado tanto que nem meus amigos, que estavam do meu lado, eu enxergava direito. Eu fiquei surpreso, eram formas pequenas e não brutamontes carr...