15.2

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E vamos de atualização dupla pra compensar o atraso duplo?

Em algum momento da viagem, eu senti a mão de Benjamin cobrir a minha.

Ele não devia ter ideia do quanto aquilo era apropriado para o momento. Mas depois de alguns minutos de calma proporcionados pelo seu gesto, eu finalmente reconheci o caminho que o carro fazia e senti a inquietação retornar.

— Benjamin. — Me virei para poder encará-lo. — Nós estamos... Ahn... Estamos indo...

— Para a Golden Gate — ele completou com receio. — Isso.

Golden Gate.

Talvez a ideia me parecesse atraente alguns minutos antes, mas não naquela situação. Esquecer que eu tinha uma decisão complicada para tomar lidando com outra situação complicada não me parecia uma boa ideia.

Benjamin me encarava como se esperasse por uma manifestação. Como se estivesse disposto a pedir ao motorista que voltasse exatamente para o ponto de onde tínhamos saído. 

Sim, eu me lembrava muito bem de ter dito meses antes que queria voltar à Golden Gate com ele. Eu precisava mesmo daquilo, e a ideia ainda estava de pé. Mas eu...

Eu...

Estava acabando.

O tempo estava acabando.

— Não solte a minha mão — pedi, finalmente. — Você jura que não vai soltar?

Ele me encarou como se a resposta fosse óbvia demais.

— Tem certeza de que eu preciso jurar isso? — sua provocação me tirou um pequeno sorriso. — Não vou deixar que você saia de perto de mim nem se quiser.

— Por que eu iria querer?

Benjamin não disse nada. Apenas imitou meu sorriso e me puxou para deitar em seu peito.

Parecia mais frio quando saímos do carro do que quando entramos nele mais cedo.

Eu costumava sofrer com a teimosia em não usar luvas no inverno. Mas naquele momento não poderia me importar menos com a falta delas, afinal, os dedos de Benjamin entre os meus eram quentes e reconfortantes o suficiente.

Estávamos na entrada da enorme ponte, e me obriguei a não olhar muito além para encarar sua extensão. Ao menos ainda não.

Várias pessoas já começavam sua caminhada por ela, e alguns grupos se aglomeravam ali em frente. Quando Alex, Leah e Roxie saíram de seu Uber entre risadas e comentários inaudíveis e se aproximaram de nós, apertei mais a mão de Benjamin de forma inconsciente.

— Vamos esperar alguns amigos — Roxie nos avisou, encarando algo no celular. — Eles chegam em dois minutos.

Eu não sabia se aquilo era muito bom ou muito ruim. O fato de precisarmos esperar atrasaria um pouco aquele momento, mas também me deixaria ainda mais ansiosa e nervosa para que fizéssemos de uma vez.

Durante o primeiro minuto que se seguiu, o polegar de Benjamin acariciou as costas de minha mão com cuidado. Meus olhos focaram no chão e minha mente se distraiu do nervosismo por um curto período antes que, em algum momento, seu dedo parasse de se mover e ele se posicionasse à minha frente.

Benjamin parecia cada vez mais disposto a evitar os instantes em que eu não devolvia seus olhares. Talvez estivesse muito mal acostumado com o fato de eu não conseguir tirar meus olhos dele por tempo demais desde que o conheci.

A Teoria das Cores [#2]Onde histórias criam vida. Descubra agora