A Teoria das Cores [#2]

17 • o amor e o Natal.

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— Doutor! Ah... Por favor, diga que tem alguma novidade sobre minha filha!

O pedido desesperado feito pela mãe de Ellie me fez abrir os olhos rápido, despertando com o susto e afastando a cabeça do ombro de Benjamin.

O doutor responsável pelo estado de Ellie estava ali mais uma vez. Seu rosto impassível como o de qualquer médico não nos adiantava nada sobre o que poderia estar acontecendo com a garota.

— Senhor e senhora Andrews — ele começou —, sugiro que me acompanhem até um lugar um pouco mais vazio e silencioso. Existem detalhes importantes sobre o quadro de sua filha a serem apresentados, e acredito que o melhor seja conversar de forma privada, certo?

Aquelas palavras fizeram com que eu prendesse o ar em meus pulmões.

Os mais velhos se entreolharam por um segundo, como se estivessem expondo um para o outro o medo do que estavam prestes a ouvir.

— Claro — senhor Andrews concordo.

Juntamente com o doutor, os dois começaram a se afastar para cada vez mais longe até sumirem pelo corredor à esquerda, que os levaria aos quartos da emergência.

Encarei fixamente o espaço onde fui capaz de vê-los uma última vez antes de me atentar à Benjamin e Roxie. Ele batia o pé direito contra o chão em um ato ritmado e a garota mordia o próprio lábio, ambos dominados pelo nervosismo.

Eu me arriscava a dizer que estava tão ansiosa quanto eles. Mas enquanto pensava nas diversas possibilidades para o caso de Ellie, eu não conseguia tirar o que Benjamin havia me dito da cabeça.

Soava egoísta pensar naquela conversa em um momento tão inapropriado, mas era impossível ignorar aquilo por mais de um minuto. E mesmo desejando com toda a força dizer que o que eu mais queria era aceitar seu pedido, eu ainda não tinha ideia de como as coisas seriam nos próximos meses. De onde eu estaria. De com quem ele poderia querer estar.

Obrigá-lo a esperar por mim de novo seria um ato verdadeiramente egoísta.

Eu precisava contar. Precisava dizer que tinha recebido uma proposta que mudaria a minha vida pra sempre. Mas eu esperaria o momento certo pra isso.

Tirei o celular de minha bolsa para ver as horas. Duas e dez da madrugada. Em algum momento, os pais de Ellie voltaram a surgir pelo corredor, mas sem a companhia do doutor — e seus rostos já diziam muito sobre o que poderia estar acontecendo.

Senhora Andrews escondia a boca com a mão enquanto seu marido parecia lutar para controlar as lágrimas. Eles se aproximaram juntos e bem devagar, parando em nossa frente antes que o homem dissesse:

— Nós agradecemos muito pelo apoio de vocês três. — Um sorriso triste tomou seu rosto. — Ellie vai adorar saber que estiveram aqui.

Ellie vai adorar saber.