14 • mensagens de texto e segundas chances.

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Eu era um idiota.

Enquanto Alisha me abraçava por trás durante a viagem de moto, eu só conseguia pensar em como tinha estragado tudo mais uma vez. Ou melhor: em como o meu medo de estragar tudo acabou fazendo com que eu estragasse tudo.

Quando parei o veículo em frente à casa de seus tios, ela afastou os braços de mim e desceu sem enrolação. Eu não sabia se devia descer também ou ir embora de uma vez, então apenas decidi esperar.

Alisha pareceu respirar fundo antes de segurar a alça da bolsa com as duas mãos e se virar pra mim sem dizer nada. Passei um longo tempo a observando à espera de qualquer mínimo sinal antes de finalmente ouví-la sugerir:

— Não podemos nos despedir direito se você não descer daí.

Precisei segurar o desejo de erguer o canto de minha boca em um sorriso antes de seguir seu conselho.

Enfiei minhas mãos nos bolsos do moletom que vestia enquanto analisava seu rosto à procura de qualquer sinal de ressentimento. Mas foi impossível não me perder naquela busca quando seus olhos me mediram com atenção e, devagar, seu rosto passou a se aproximar mais do meu.

Ah, droga...

Qualquer sinal de hesitação deixou minha mente no instante em que sua boca cobriu a minha. Quando nossas línguas entraram em contato, fiz com que meus dedos alcançassem seu pescoço enquanto seu corpo me dava sinais de que ela não se arrependia daquilo.

Com certeza não.

O beijo durou bem menos do que eu desejava. Mas quando seus lábios se afastaram e abri meus olhos para ver os dela, eu tive certeza de que não tinha estragado tudo.

Pelo menos até o momento em que seu rosto endureceu e, parecendo desapontada, ela soltou:

— Nós esquecemos seu presente. — Aquele detalhe me fez suspirar em frustração, mas ela segurou meus ombros em resposta. — Ei... Tudo bem. Seus avós disseram que eu já tenho passe livre pra te visitar, não é? Posso pegá-lo a qualquer momento.

Aquilo me deixou sem reação por um segundo.

— Então... está tudo bem?

— Não, não está tudo bem. E sua preocupação no café da manhã deixou isso bem claro — ela afirmou, segurando meu rosto entre suas mãos com cuidado. — Eu só quero que você saiba que pode confiar em mim, Benjamin. Eu estou aqui pra você.

Meu subconsciente gritava para que eu contasse todo e qualquer detalhe insignificante da minha vida àquela garota. Mas apesar de ser a pessoa que eu mais confiava no mundo, Alisha também era a que eu tinha mais medo de desapontar.

— Eu não mereço você — garanti, movendo a cabeça em negação. — Me desculpa por hoje, e... nós vamos conversar sobre isso. Eu prometo.

Seus olhos me mediram com satisfação enquanto ela assentia, sinalizando o fim da conversa ao voltar a se aproximar. Mas antes que nossas bocas se tocassem mais uma vez, o som da porta da casa ao nosso lado se abrindo fez com que encarássemos a responsável pela interrupção.

A Teoria das Cores [#2]Onde histórias criam vida. Descubra agora