— Amanhã é o meu último dia de trabalho. A loja só volta a funcionar no começo do ano — Benjamin revelou ao telefone.
— Isso é ótimo. Um descanso é sempre bom — aprovei, me revirando na cama. — Mas e aí, o que achou do almoço de hoje?
— Foi bem... interessante. — Seu tom irônico me fez rir. — A comida estava ótima, e eu admito que fiquei bem curioso na hora da foto.
— É... eu também. Não sei se é culpa de toda a intensidade da adolescência, mas a Susie parece perdida demais ultimamente.
— Nós nos perdemos em qualquer fase da vida, Ali — ele apontou com diversão. — E não é como se você e eu fôssemos muito mais velhos que ela.
— Você tem praticamente vinte e um. Acho que pode dizer que teve um pouco mais de experiência do que nós duas.
Benjamin faria aniversário no primeiro dia de janeiro. Era uma data muito estranha pra se nascer, e fiz questão de dizê-lo isso quando descobri.
Ele riu de minha insinuação, e o acompanhei enquanto notava a garoa cruzando o céu escuro pela varanda do quarto. Me levantei correndo para fechar a porta e as cortinas antes de voltar a me deitar, ouvindo o riso de Benjamin diminuir do outro lado antes que ele questionasse:
— Como você está agora?
— Eu estou bem — garanti. — Só com um pouco de sono, vontade de comer bolo de chocolate com coco e triste porque está chovendo. Eu não gosto de chuva e...
— Do frio. Eu sei. — Ele pareceu rir do outro lado. — Mas não foi isso o que eu quis dizer. Quero saber em que parte da casa você está agora, e... como está vestida.
— E eu posso saber o porquê?
— Quero te visualizar daqui — explicou em um tom baixo demais. — Se descreve pra mim.
Acabei engolindo em seco de forma automática.
Eu definitivamente não esperava por aquilo.
— Ahn... eu... estou de pijama. A blusa é branca de alças finas, e o short é roxo com alguns desenhos de cupcakes. — Do outro lado, pude ouvir uma lufada de ar que mais pareceu um riso. — Para de rir! Eu gosto dele.
— Não estou rindo — explicou enquanto parecia se mover na cama. — Eu só não pude deixar de comparar com a armadilha que você usou no almoço de hoje. Mas enfim... Continua.
Eu sorri, me empolgando mais com aquela brincadeira.
— Estou deitada na minha cama. Olhando para o teto.
— Como está o quarto?
— Quente e um pouco escuro. — Encarei o abajur na mesa de cabeceira ao meu lado. — Apenas com o abajur ligado.
— Você está coberta?
Acabei rindo antes de revelar:
— Não.
— Como está seu cabelo?
— Eu só prendi de qualquer jeito.
Ele pareceu suspirar contra o telefone.
— Você está melhorando as descrições ou algo assim? — sugeriu. — Na minha cabeça parece bom demais pra ser de verdade.
Mesmo sabendo que ele não veria, acabei pressionando os lábios para conter o sorriso que queria tomar meu rosto de forma inconsciente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Teoria das Cores [#2]
RomanceSete meses. Apesar de estarem prontos para lidar com suas limitações, eles não imaginaram que tal processo poderia ser tão lento. Alisha estava perto de ter a vida que sempre desejou. A fragilidade emocional causada por eventos passados era quase nu...