8 • é por isso que ela está aqui.

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Eu nunca havia visto Alisha dormindo.

Não tive tantas chances de fazer isso, já que só dormimos na mesma cama duas vezes. A primeira havia sido na casa de seu amigo Brendan, que por alguma razão decidiu me convidar para o aniversário dele — e ela tinha acordado primeiro.

A segunda acabou sendo em minha própria casa, quando Alisha apareceu uma semana depois de ter se lembrado do verdadeiro dia em que nos conhecemos. Aquele foi nosso último momento juntos antes que eu voltasse à San Francisco e, por não ser capaz de prever aquele detalhe, não passei toda a madrugada acordado aproveitando a chance de vê-la tão de perto.

Depois de tantos meses longe dela, eu estava finalmente presenciando aquilo.

Eram sete e vinte e cinco da manhã, e eu havia acordado cerca de meia hora antes. Quando abri os olhos, as primeiras coisas que vi foram suas costas cobertas por uma camisola preta e seu cabelo escuro espalhado pelo travesseiro.

Depois de algum tempo relembrando e lidando com tudo o que tinha acontecido na madrugada anterior, eu me levantei pra ir ao banheiro. Não precisei procurar muito até encontrar uma série de escovas de dentes descartáveis em uma das gavetas, agradecendo aos céus por Alisha provavelmente estar em um quarto destinado às visitas.

Alisha se virou na cama no instante em que eu saí do banheiro, me proporcionando uma visão privilegiada de seu rosto ao voltar a me deitar em sua frente.

Nove minutos e vinte e seis segundos. Aquele era o tempo exato em que eu a estava observando. E não, não era preciso encarar o relógio digital sobre a pequena cômoda atrás dela pra saber — eu estava mesmo contando.

Sinceramente, eu não me incomodaria em esperar por todo o tempo em que Alisha precisasse descansar. Olhar seu rosto enquanto ela dormia não era nada ruim. Na verdade, me fazia sentir em uma pausa. Como se, enquanto ela estivesse ali, o mundo à nossa volta parasse de funcionar.

Toda a minha energia pareceu voltar ao corpo quando seus olhos começaram a se abrir, e apesar de perdidos por um tempo, eles não demoraram a me encarar com atenção. Os segundos em que permanecemos nos olhando pareceram uma eternidade antes que, lentamente, um pequeno sorriso sugestivo tomasse meu rosto.

— Bom dia — eu disse.

Sua boca espelhou meu gesto quando ela respondeu:

— Bom dia.

Aquele era um dos poucos momentos em que eu não sabia o que dizer.

Sempre fui ótimo dando respostas. Dizendo a verdade ou até mesmo escondendo fatos quando achasse necessário, eu estava acostumado com a ideia de ter a melhor resposta pra tudo na ponta da língua sem precisar pensar demais ou de um discurso preparado antes.

A Teoria das Cores [#2]Onde histórias criam vida. Descubra agora