I - Abraço

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Lucy

A saudade no meu peito doía, doía mais a cada dia que passava. Culpava-me assim como muito muita gente da minha família me culpava pela sua morte, afinal a culpa tinha sido minha. Ele não estava ali naquele dia por minha causa e nunca mais iria estar.

Iria ser mais um clássico entre o meu club e o dele em que ele não iria estar presente para me ligar chateado por ter perdido ou feliz pelo seu club ter ganho. Era uma tradição nossa mesmo que não me importasse com o resultado do club nortenho eu iria ver o jogo por ele.

- Queres levar chocolate? – Perguntou-me Lucas.

Eu tinha pedido ao nortenho para vir comigo as compras uma hora antes do jogo começar, para poder comprar certas coisas que iria precisar para assistir aquele tão esperado Clássico entre Porto e Benfica.

Lucas era o meu melhor amigo desde que me lembrava. Eu, Hugo e ele eramos inseparáveis como tal viemos todos estudar em Strasbourg para não nos afastarmos uns dos outros. Eramos mais que apenas melhores amigos eramos irmãos uns dos outros e depois da sua morte eles tornaram-se os meus pilares já que o resto das pessoas me tinham abandonado.

- Eu tenho chocolate e gomas em casa. – Contei dando de ombros.

- Admirava-me se não tivesses! – Retorqui-o o loiro caminhando para a parte das cervejas. – Juro que pensei que já tivessem a Super Bock.

- Eu comprei no outro dia quando foi a loja comprar Ucal. – Informei o mesmo que sorriu para mim.

- És a melhor sabes disso né?

- Sei. – Sorri sem mostrar os dentes para o mesmo.

Como imigrante portuguesa apesar de ter nascido naquele país eu era completamente apaixonada pela comida e bebida portuguesa por essa razão assim que chegamos aquela cidade a primeira coisa que fizemos foi ver se havia restaurantes, lojas, cafés, pastelarias portuguesas. Não vou mentir que nós passávamos grande parte dos nossos dias numa pastelaria portuguesa que tinha aberto perto da faculdade de Ciências.

O supermercado não era longe do meu apartamento e muito menos era longe da faculdade como tal ele encontrava-se com alguns estudantes que faziam as suas compras a fila da caixa estava com 4 pessoas, a fila das caixas automáticas tinha apenas um grupo de três rapazes que esperavam que alguém das quatro caixas saísse. Estes falavam em português com uma prenuncia carregada do Norte assim como o loiro que se encontrava ao meu lado.

- Turistas. – Comentou Lucas ao meu ouvido em francês.

- Esta calado. – Resmunguei batendo-lhe.

Talvez tenha falado alto de mais, porque logo a seguir a ter falado o rapaz mais alto dos três olhou-me. Qual seria a probabilidade de ter o meu jogador favorito a minha frente na fila do supermercado? E ainda olhar para a minha sweatshirt cinzenta do FC Porto. André Silva sorriu para mim, levando o seu irmão e primo seguirem o exemplo. Eu detestava atenções e ali estava eu a ser o centro das atenções para aqueles três, que só param de me olhar quando a empregada do supermercado lhes chamou a atenção para o facto de não haver ninguém nas caixas.

- Estas com sorte. – Brincou Lucas quando saímos do supermercado e o grupo se tinha juntado com o resto da família.

- Estou é com azar. – Resmunguei para ele. – Se o Hugo não se despachar vamos para minha casa sem ele?

Nós tínhamos combinado com o meu primo afrente daquele supermercado já que o mesmo viria de autocarro para aquele lugar. Eu queria ir para casa o mais rápido possível, queria sair dali o quanto antes. Só não queria que o jogador reparasse mais uma vez que me encontrava ali já que o mesmo tinha quase falado dentro do supermercado.

Rescue Me || André SilvaOnde histórias criam vida. Descubra agora