André
Quem era aquela rapariga que me chamou a atenção assim que o seu olhar triste pousou em mim depois do jogo, os seus olhos azuis eram carregados de tristeza e dor, ela não falava muito e parecia que vivia dentro dos seus próprios pensamentos.
A luso descendente não tinha saído dos meus pensamentos naquela noite, eu fiz de tudo para encontrar o seu instagram apenas com o seu primeiro nome, mas era impossível.
- Ainda a pensar nela? – Questionou-me o meu irmão.
- Não me sai da cabeça! - Resmunguei
- Ela chamou-te a atenção maninho? – Brincou Afonso fazendo-me revirar os olhos. – Juro que da próxima lhe peço o número para ti!
- Vão pedir o número a quem? – Interrogou Zé ao entrar no meu quarto de Hotel.
- A gaja de ontem o André esta de quatro pela morena! – Respondeu-lhe Afonso levando-me a atirar uma almofada ao mesmo.
Os dois brincavam com a situação até chegar-mos a recessão do hotel, a minha mãe assim que ouviu o nome de Lucy ficou interessada numa possibilidade de ter uma nova nora. Não fazia mais de 3 meses que a minha relação com Sara havia acabado, a minha família nunca havia gostado da loira e apesar de saber o que ela queria desde o início deixei-me levar pelo facto de não estar sozinho em um país desconhecido.
- E se formos comer Raclette? – Perguntou Francisca a olhar o telemóvel. – Ou Fondues?
- Não estava à espera de não comer queijo aqui! – Brincou o meu irmão.
Francisca levou-nos até ao restaurante L'epicier grand cru, o restaurante não era muito grande e nem estava cheio de gente. Um rapaz de olhos castanhos mostrou-nos uma mesa de 10 lugares, segundo ele era a maior que tinha no restaurante. Não sei qual foi a nossa sorte de entrar num restaurante francês e ter um empregado português a atender, os olhos eram castanhos, mas havia algo na sua maneira de falar que me lembrava a rapariga que tinha voltado a encontrar no dia anterior.
- Desculpem incomodar. – Chamou-nos a atenção David o empregado, o que nos fez olhá-lo. – Acham que nos podíamos sentar do outro lado?
O restaurante estava cheio, ao nosso lado haviam ainda quatro lugares e como o mesmo tinha dito estava na sua hora de almoço e outro empregado iria substituí-lo. Afonso que estava ao meu lado mandou-me uma cotovelada fazendo-me olhar para Lucy que estava ao lado de Lucas ao qual cochichava alguma coisa ao seu ouvido.
- Claro. – Respondeu rápido o meu pai.
Lucy trajava uma saia preta, umas meias calças da mesma cor e uma camisola de gola alta cinzenta. Começava a duvidar se alguma roupa lhe ficava mal, o seu pequeno sorriso estava presente nos seus lábios como na noite anterior. A minha mãe olhava a rapariga que passava naquele momento atrás de mim para se poder sentar ao meu lado, já os outros dois passaram a minha frente pondo-se de frente para a mesma.
David apareceu com outra roupa depois de apontar os nossos pedidos, passou atrás de mim como a morena que estava ao meu lado e sentou-se ao lado de Lucy. A minha família falava animada com os restantes integrantes da mesa, mas a minha atenção estava no telemóvel da luso descendente que estava ao lado da minha mão. O Samsung tinha o modo de Always on Display ligado onde mostrava as horas e as diferentes notificações.
Não queria ser cusco, mas vi que havia cerca de duas notificações de Whatsapp, três de instagram e apenas uma de Snapchat, ao contrário do que a minha ex fazia esta não tirou a fotografia ao prato muito pelo contrário não tocou no seu telemóvel durante o almoço todo.
- O teu irmão nasceu ontem. – Contou David para esta levando a atenção de todos para os dois.
- Eu sei. – Informou a mesma olhando para o prato da comida.
Eu vi a minha mãe abrir a boca, e senti o clima ficar tenso naquela parte da mesa.
- Ela pós uma foto no instagram. – Relembrou e suspirou logo depois fazendo a minha mãe se calar. – Com uma indireta!
- Tu sabes que não tiveste culpa Lu! – Falou firme Lucas.
Mas ela não respondeu, ela não falou mais nada e muito menos comeu mais alguma coisa. Hugo olhava-a como um olhar triste assim como David que sorria triste para a mesma.
- Depois disto que tal um pastel de nata no Atlântico? – Propôs Hugo para a morena que o olhou com um sorriso no rosto.
- Bola de Berlim. – Pediu impaciente.
- Existe uma pastelaria Portuguesa aqui? – Questionou o meu pai.
- Nós vamos lá tomar café digamos que o deles não é bom! – Contou Lucas num sussurro como se aquilo fosse um segredo.
- Os franceses sabem fazer alguma coisa boa? – Perguntou Hugo divertido. – Só se for os crepes porque de resto!
- Não é longe daqui! – Informou David. – Vocês querem vir tomar café connosco?
Ele perguntou exatamente aquilo, ele perguntou a estranhos se não queríamos ir tomar café isso era completamente anormal, mas parecia que não era a primeira vez que o faziam quando saímos do restaurante os seus amigos conversavam e contavam-nos algumas partes daquela cidade ainda desconhecida por nós.
Lucy andava e olhava os amigos que falavam sem parar com a minha família, mas em nenhuma hipótese abriu a boca para falar alguma coisa. A minha família fazia completamente o papel de turistas e não sei quantas horas passamos só a ver aquela parte da cidade que segundo eles:
- Esta parte não é muito turística, é mais universitária já que todas as faculdades estão aqui! – Informou David.
No entanto eles prometeram a minha mãe que na tarde seguinte depois dos exames iam fazer de nossos guias turísticos e mostrar a parte mais conhecida daquela cidade francesa.
- A Lucy dá-vos o número! – Contou Hugo pondo o braço sobre os ombros da morena que o olhou desconfiada e este piscou-lhe o olho. – Para marcar-mos as coisas para amanhã!
- André fica com o número da rapariga. – Ordenou a minha mãe com um sorriso de dever cumprido.
Eles estavam a ser casamenteiros, e ainda estava para saber se era uma coisa boa ou má, todos nos deixaram fingindo ir ver algo no rio que seria mais interessante que estar ali connosco. Eu amava quando a minha família dava uma de casamenteira sentiram a ironia?
- Sabes o teu número de cor? – Perguntei-lhe o que a fez assentir.
Ela estava nervosa eu percebia isso, não me olhava diretamente nos olhos, mas mordia a pele dos lábios as suas mãos tremiam quando pegou o meu telemóvel onde marcou o número francês.
- É esse. – Respondeu baixo entregando-me o aparelho, logo pegou o seu para poder ter a certeza que havia marcado bem aquele número.
- Obrigada. – Falei quando desliguei a chamada que lhe havia feito para que guarda-se o número.
- Depois digo-te alguma coisa no Whats. – Contou mostrando o telemóvel. – Pago para o estrangeiro se tiver na França.
- Pronto Guia Turística, fico a espera da mensagem então! – Brinquei com ela que sorriu com os dentes sem ser forçado.
O que é que me estava a dar para quer ver aquele sorriso todos os dias? Ela estava-me a fazer alguma coisa a cabeça, estava a ser uma incógnita incompreendida a razão pela qual estava tão interessado na mesma. Acho que todos sabem que não sou santo nenhum, posso ter qualquer rapariga que me chama a atenção por desejo.
O grande problema é que não era desejo, eu estava interessado em desvendar a tristeza no seu olhar estava interessado a ver o seu sorriso genuíno no rosto e pior eu queria ser a razão daquele sorriso.
- O que é que estás a fazer comigo Lucy? – Perguntei para mim mesmo a olhar o espelho da casa de banho do meu quarto de hotel.
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Rescue Me || André Silva
Teen Fiction"Tu vais-me usar como usas todas, e no final disto vai so ser mais uma dor para juntar a muitas outras" - Lucy Guimarães "Eu quero-te resgatar só preciso que me deixes faze-lo! Preciso que confies em mim!" - André Silva ESTA HISTÓRIA ABORDA: - MUTI...