Rescue Me || André Silva

IV - Tua Fã

André

Não acreditava que a morena não me tinha deixado pagar, ela muito provavelmente tinha as propinas da faculdade para pagar tinha outras coisas para comprar, mas em vez de me deixar pagar a pequena quantia, fez-nos dividir o dinheiro. Quem era aquela rapariga que caminhava ao meu lado até ao banco de jardim.

- O açúcar faz mal! – Relembrei-a apos ver a morena colocar três pacotes de açúcar no chocolate.

- As coisas têm de ser doces, para amargo já vasta a vida. – Falou filosoficamente enquanto mexia a bebida.

O que é que lhe tinha acontecido para ela perder aquele sorriso que me tinha dado naquela noite.

- Mas o amargo é saudável. – Comentei para ela que me olhou com as sobrancelhas juntas.

- O saudável não presta. – Resmungou, mas logo disse algo que me colocou alerta. – Estou abaixo do meu peso, uns 4kg o nutricionista deixa-me comer estas quantidades de açúcar.

- Anorexia? – Perguntei preocupado.

- Era mais fácil de tratar se fosse isso. – Suspirou triste.

Ela não queria falar disso por muito curioso que estivesse não era ninguém ali para lhe pedir que me contasse o que se passava com ela. Não nos conhecíamos assim a tanto tempo para que ela me revelasse a sua vida, mas mesmo sabendo disso o meu coração apertou-se no peito ao pensar em todas as possibilidades de coisas que fossem piores que a anorexia.

- Estas a gastar do Frankfurt? – Questionou mudando de assunto.

- É diferente dos clubes por onde já passei. – Contei. – E mais longe tambem.

- 2163km do Porto. – Concordou.

- É, mas é no que me estou a sentir melhor!

Ficamos em silencio por alguns minutos, enquanto comíamos os crepes e bebíamos o chocolate.

- É mais fácil uma mudança quando já se conhece alguém. – Afirmou a mesma. – Só vim para aqui estudar por causa do Lucas e do Hugo!

- Não és daqui?

- Sou de Metz. – Contou-me.

- Não tem um club de futebol tambem?

- Sim subi-o este ano outra vez para a Ligue 1. – Explicou.

- Deves estar orgulhosa! – Exclamei.

- Não sou adepta do Metz, nunca me chamou a atenção. – Explicou.

- O futebol não te chama a atenção? – Perguntei relembrando a conversa dos seus amigos no dia anterior.

- Não sou fanática pelo Porto, se eles perderem perderam se ganharem ainda melhor. Não sou daquelas pessoas que se vão chatear ou tratar mal os jogadores por terem perdido um jogo. – Contou com um sorriso no rosto. – Mas...

- Mas? – Pedi que continuasse interessado.

- É vergonhoso dizer! Ainda mais a ti.

- Sou uma pessoa normal. – Relembrei-a o que a levou a olhar-me. – Só que jogador de futebol.

- O problema é que jogas pela seleção! – Contou com as bochechas vermelhas. – Tudo o que não sou por um club sou pela seleção!

A sua revelação fez-me dar uma gargalhada.

- Gritar com o arbitro, connosco?

- Sim e quer entrar lá no meio para dar chapadas a toda a gente por não saberem jogar. – Relevou. – Eu no mundial mandei o comando contra a minha tv no último jogo que fizeram.