Lucy
Visitamos os pontos mais turísticos daquela cidade até que chegamos a entrada da praça onde o meu mundo desmoronou. Desde a sua morte que não me atrevia a entrar ou simplesmente a ir a mesma, era como se simplesmente pisar lá me fosse recordar do momento em que o vi deitado no chão cheio de sangue.
Paralisei no meu lugar, não conseguia andar mais. Lembrava-me do dia 11 de dezembro de 2018, lembrava-me dele a puxar o meu braço para que parece de ver uma banca de chocolates e fosse para o desfile com ele, lembrava-me do seu sorriso ao comprar uma pulseira para a minha mãe dizendo que não ela não sabia o que estava a perder.
- Lucy estas bem? – Perguntou-me Francisca trazendo-me de volta a realidade.
Todos me olhavam um pouco afastados, talvez a espera que os acompanhasse, mas não conseguia, não ia conseguir seguir e visitar aquele praça a qual me tirou tudo. Os meus melhores amigos olharam-me com um sorriso compreensivo.
- Vamos ter contigo aquele café. – Informou Hugo apontando para um café não muito longe de onde me encontrava.
Assenti, eu queria estar sozinha apesar de odiar estar sem companhia naquele momento era tudo o que queria não conseguia olhar para a família que me observava curiosa e muito menos queria que tivessem pena por aquilo que aconteceu comigo.
Os passos ao meu lado continuaram sem que eu desse por isso, estava ocupada de mais mergulhada nas lembranças do homem que havia partido a apenas um ano naquela mesma cidade. Dei por ele ao meu lado quando estava para atravessar a passadeira.
- Não foste com eles? – Perguntei confusa para o moreno que me observava atento e sério.
- Não. – Respondeu-me simples.
- Porque não?
- Tu tambem não foste! – Declarou o jogador.
- Mas eu vivo aqui André. – Resmunguei. – Posso ir lá quando quiser!
- E vais?
Neguei, porque é que ele tinha de estar aqui logo quando a magoa e a dor que sinto estavam em uma guerra dentro de mim para saber qual seria a mais "poderosa". Eu só queria ir a uma casa de banho, para ver se poderia aliviar aquela dor com a dor de cortes. Em vez disso André olhava-me eu conhecia aquele olhar, ele queria decifrar todos os meus enigmas.
- Dizem que é a praça mais...
- O meu pai morreu lá André, não consigo lá ir por causa da morte dele!
Dizer-lhe aquilo foi como se um peso saísse de cima de mim, mas depois de alguns minutos sem reação eu apercebi-me o que tinha falado. Eu não conseguia olhar para ele e perceber o sentimento de pena que todos demonstravam eu não queria ouvir as mesmas palavras de "Vai ficar tudo bem!", "Eu lamento muito" ou até mesmo "O tempo ajuda". Não conseguiria suportar isso pelo menos não vindo dele. Realmente a única coisa que queria naquele momento era mutilar o meu braço até a dor do meu peito passar a ser menor, queria ver se finalmente ira morrer por causa dos cortes.
André em vez de dizer o que esperava em vez de fazer o que todos faziam limitou-se a puxar-me para os seus braços fortes. E aquele gesto, aquele pequeno gesto vindo dele abafou toda a dor que sentia, "mandou" embora a vontade de morrer para estar junto do meu progenitor. Ele realmente tinha um poder sobrenatural porque nos seus braços eu esquecia-me de tudo o que tinha passado no último ano, a sua morte era menos dolorosa e tudo o que se segui-o não me afectavam tanto.
- Excusez-moi. – Chamou-nos a atenção um homem com uma câmera Polaroid na mão e um sorriso no rosto.
- Oui? – Respondi para o mesmo com um sorriso forçado.
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Rescue Me || André Silva
Teen Fiction"Tu vais-me usar como usas todas, e no final disto vai so ser mais uma dor para juntar a muitas outras" - Lucy Guimarães "Eu quero-te resgatar só preciso que me deixes faze-lo! Preciso que confies em mim!" - André Silva ESTA HISTÓRIA ABORDA: - MUTI...