XII -Beijei a Lucy

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André

- Filha da puta. – Resmungou a morena de frente para o meu computador enquanto tinha as suas aulas online.

Tinha-se passado uma semana que a mesma estava comigo, desde o nosso quase beijo e a nossa conversa de madrugada ela tinha-se afastado o mais que pode de mim, tentava de tudo para não estar totalmente próxima a minha pessoa e eu sabia que era um mecanismo dela. Ela tinha medo de eu a usar, e por muito que eu tentasse não conseguia tirar esse medo da mesma afinal nem mesmo eu percebia o que estava a sentir pela morena.

- O que é que a professora fez? – Perguntei curioso.

- Vou ter teste amanhã e não tenho aqui nada para estudar. – Resmungou.

Lucy suspirou tirou os óculos que tinha na cara e olhou-me.

- Devia ter trazido as minhas canetas. – Resmungou.

Ela estava chateada por não ter o seu material escolar com ela e isso era engraçado. Nós tínhamos ido as compras, compramos algumas canetas e marcadores, mas pela frase da mesma não chegava de material escolar.

- Não é como se não tivesses 50 canetas Lucy. – Resmunguei para ela que me revirou os olhos.

- Canetas nunca são demais André! – Contou-me.

A cada dia que passava com ela era uma verdadeira prova de resistência, resistir a sua beleza e ao que sentia era uma grande batalha, mas não queria assustá-la não queria que ela pensasse que iria ser mais uma.

- Estas a ouvir o que estou a dizer? – Perguntou já a minha frente.

- Hum, hum. – Menti fazendo-a revirar os olhos.

- Podemos encomendar pizza para o almoço? – Pediu-me com o mesmo olhar que Hope nos lançava quando queria alguma coisa aquele olhar de cãozinho abandonado.

Assenti, ela tinha tudo o que queria de mim e isso assustava-me. O bom de a ter ali não era apenas a companhia era ver o seu braço esquerdo completamente intacto revelando apenas as marcas de antigos cortes que a mesma tinha feito.

Depois do almoço Lucy estudava concentrada na mesa da sala enquanto que eu estava a treinar no ginásio, tive de aumentar os exercícios devido a pizza que tinha comido ela ia-me deixar gordo se eu deixasse mas o bom era que por vezes a morena treinava comigo e eu ficava feliz ao final do dia quando esta resmungava que a tinha esgotado toda a sua energia.

Levar a sua frase para uma conotação sexual era mais forte que eu e sempre que a luso descendente dizia tal coisa eu não conseguia impedir a minha mente de imaginar a morena nua na minha cama suada depois de termos relações e a repetir a mesma frase.

- Estas suado. – Reclamou quando a abracei por trás quando esta bebia agua na cozinha.

- Não mintas sabes que gostas quando estou suado. – Provoquei a mesma apertando-a mais contra mim.

- Cheiras mal André Miguel. – Gritou tentando-se soltar dos meus braços e assim que o fiz ela olhou-me com um olhar assassino.

Ela não precisou de me olhar uma segunda vez para que começasse a correr pela casa, sim parecíamos duas crianças, mas isso não importava o que eu queria saber era a sua gargalhada deixada em todo o apartamento. Sim aquele era o som que nunca me iria fartar de ouvir.

Agarrei a morena quando era eu a correr atrás dela, Lucy caiu em cima da minha cama e gargalhava com vontade. Ela era realmente bonita e tela debaixo do meu corpo estava a acordar um certo ser pequeno que na última semana tinha decidido levantar pelas coisas mais estranhas.

- André sai de cima de mim. – Resmungou divertida batendo no meu corpo.

Os seus olhos azuis olhavam intensamente para os meus olhos castanhos e eu tinha perdido o completo raciocínio, estava perdido naquele mar azul estava perdido na sua beleza, estava completamente perdido por ela.

A minha mão ganhou vida própria e foi direitinha a bochecha rosada da morena, Lucy respirava rapidamente tinha os lábios entreabertos e eu podia sentir o seu coração bater rapidamente com o meu. Então foi tudo em câmera lenta, sem excitação alguma beijei os seus lábios, a morena levou os seus braços ao meu pescoço levando-me mais para perto da mesma.

Os seus lábios eram viciantes, o beijo era carregado de paixão e desejo quando a minha língua finalmente entrou dentro da sua boca eu soube que aquilo era uma droga ela era a minha droga e eu estava completamente viciado nos seus beijos e tive apenas uma amostra.

Com a falta de ar que sentimos encostei a testa na sua nenhum de nós sabia o que pensar e demorou alguns minutos para a mesma me afastar dela e sentar-se na cama perdida em pensamentos. Lucy levantou-se da cama, não me olhou nem falou nada eu também não sabia o que dizer ou pensar daquele beijo só sabia que queria mais daqueles lábios só queria poder tela mais uma vez. Eu queria completamente para mim!

Peguei no meu telemóvel que estava no bolso das minhas calças e mandei mensagem no grupo da minha família uma simples mensagem que levou os meus primos e irmão a festejarem como nunca imaginei que fossem fazer. A mensagem tinha apenas uma palavra não percebia o porquê de tanta festa, palavra esta que brilhava no pequeno ecrã a minha frente:

Beijei a Lucy!

Saiu do quarto pronto para ter uma conversa seria com a morena de olhos azuis, eu não percebia o que sentia não percebia o que se passava na minha cabeça para a quer ter para o resto da vida. Encontrei a mesma sentada no chão da casa de banho com Hope ao seu lado.

- Hey. – Falei abaixando-me a sua frente. – Podemos falar?

- Foi só um beijo não temos nada para falar. – Contou sem me olhar dando carinho no pelo preto do animal ao seu lado.

- Ambos sabemos que não foi só um bei...

- Eu não quero ser mais uma na tua lista André. – Revelou encarando-me, os seus olhos estavam vermelhos e as lágrimas formavam-se nos mesmos. – Eu não quero ter uma desilusão amorosa para juntar a minha depressão, não quero ter mais uma dor para juntar a todas aquelas que já tenho André.

- Porque é que pensas que vais ser? – Perguntei-lhe calmo por fora, mas por dentro queria gritar tudo o que sentia. – Porque é que achas que te vou magoar?

- Porque eu conheço rapazes como tu. Porque o meu melhor amigo também é um Playboy como tu és. – Começou a falar e as lágrimas começaram a cair dos seus olhos. – Eu não sei como é que o fazes, mas quando estas aqui eu não sinto a magoa, não tenho vontade de me suicidar não tenho vontade de me cortar para abafar a dor... Eu não...

Aquelas paravas foram como fogo no meu coração era como se eu precisasse de as ouvir para ter a certeza que estava apaixonado pela morena que chorava na minha casa de banho.

- Eu gosto de ti. – Confessei-lhe.- Porra eu estou apaixonado por ti desde que te vi Lucy!

- Eu sou quebrada André, sou uma suicida que pode ter uma recaída a qualquer momento tenho uma depressão profunda a mais de um ano por todos os problemas que seguiram a morte do meu pai. – Revelou. – Como é que podes gostar de mim?

- Eu só vejo uma guerreira que perdeu a vontade de lutar que decidiu jogar-se num lago de dor. – Falei secando as suas lágrimas. – Deixa-me resgatar-te Lucy, confia em mim porque eu sei que consigo salvar-te, deixa-me ser a razão do teu sorriso, pequena!

Eu tinha acabado de me declarar? Tinha acabado de a pedir em namoro? Estava mais espantado e confuso com as minhas próprias palavras do que a morena que olhava ainda com as lagrimas a escorrerem pelas suas bochechas. Puxei a mesma para os meus braços ignorando completamente os meus pensamentos e agindo com o coração, abracei a morena que me olhava directamente nos olhos.

- André. – Chamou-me a atenção. – Tu...

- Janta comigo. – Pedi e tive um revirar de olhos como resposta.

- Não é como se não fosse todos os dias! – Relembrou.

- Não como hoje pequena. – Contei com um plano em mente.

Rescue Me || André SilvaOnde histórias criam vida. Descubra agora