Minhas pernas tremiam e as lágrimas escorriam, eu não podia acreditar, finalmente estava acontecendo, meu sonho estava se tornando realidade, eu estava em NOVA IORQUE!!! Bem...era no aeroporto internacional JFK, mas ainda sim, era tudo tão surreal!
Devo ter ficada parada ali no desembarque por uns cinco minutos até que alguém muito educado esbarrou em mim e gritou um "GET OUT MY WAY", me trazendo de volta para a realidade.
Comecei a procurar por uma plaquinha com meu nome, eu sabia que a pessoa que estaria segurando se chamava Audrey Carter, uma morena da minha idade com cabelo curto. Seis meses atrás a faculdade me enviou um email com as informações necessárias sobre o curso, os horários, sobre o alojamento onde seria minha casa por um bom tempo e sobre a Audrey, que além de ser minha colega de quarto havia sido designada como minha guia e quem eu encontraria no aeroporto.
Lá está ela, com a plaquinha toda decorada...
- OI! - eu disse, saindo mais seco e estridente do que eu gostaria
- Oiii, Como você está? - disse ela abrindo um sorriso e os abraços para me dar um abraço forte e reconfortante, exatamente o que eu precisa.
- Desculpe, ainda não caiu a ficha de que tudo isso é real. - eu disse dando um sorriso e tentando conter a tremedeira e as lágrimas.
- Ah tá tudo bem, eu sei como é estar desse lado e o turbilhão de emoções que toma conta da gente, fique tranquila! Agora venha, vou te levar para a faculdade.
Concordei com a cabeça e a segui até o estacionamento do aeroporto, ela tirou as chaves do bolso traseiro do seu jeans e observei enquanto as luzes traseiras de um Corolla prateado se acendiam, ela deve ter reparado na minha cara de surpresa porque se apressou em dizer:
- É da minha namorada, ela me emprestou para que viesse te buscar, eu consegui tirar minha habilitação mas ainda não consegui o carro - e deu uma risada enquanto abria o porta malas e me ajudava com as bagagens.
Já dentro do carro, Audrey me informou que o trajeto até a faculdade levaria cerca de 40 minutos, e que poderíamos usar esse tempo para nos conhecermos melhor, eu concordei com um aceno de cabeça, eu não sou exatamente uma pessoa tímida, mas o fato de estar em outro país dentro de um carro com uma pessoa que eu nunca havia visto antes, com exceção de uma foto estudantil no email da faculdade, não me tornava uma pessoa faladeira. Ela deve ter percebido meu conflito interno porque sorriu e começou a falar:
- Eu vim de Washington um ano atrás, consegui uma bolsa para estudar artes na Parsons...
Pensei comigo mesma que agora fazia todo sentido a plaquinha com meu nome estar toda decorada...
- ... e logo no começo desse ano consegui um estágio no Metropolitan Museum of Art, na parte de conservação de obras, eu estou adorando lá, é tudo tão incrível e bonito - observei que os olhos dela brilhavam enquanto ela falava de lá - ...você precisa conhecer, mas mudando de assunto, me fala um pouco sobre você, a única coisa que sei é seu nome graças ao email do reitor, e se vamos ser colegas de quarto quero saber que não vai me matar enquanto eu durmo - disse ela dando risada e dando a brecha para que eu começasse a falar.
Ela sabia como quebrar o gelo, pensei
- Confesso que eu estava pensando o mesmo sobre você - eu disse rindo e ela me olhou arregalando e fingindo estar horrorizada que eu pensasse isso dela, mas imediatamente soltou uma risada e eu continuei:
- Eu consegui uma bolsa para estudar moda, sonho com isso desde pequena, nunca vou esquecer do dia em que chegou o email dizendo que eu havia passado, meu coração parecia que ia saltar pela boca enquanto meus pais pulavam, choravam e gritavam que a filhinha deles ia ser uma estilista - pensar nos meus pais me fez sentir um grande aperto no peito, e anotei mentalmente que precisava ligar para eles assim que chegasse no alojamento - passei um ano me preparando e aqui estou eu em NY, ainda acho que eu estou dormindo e isso não passa de um sonho - terminei de falar olhando para a janela e observando aqueles prédios enormes e sorrindo ao ver um clássico táxi amarelo passar correndo por nós.
Minha mãe sempre disse que sou muito emotiva e ela está completa de razão, porque enquanto observo pela janela luto para segurar as lágrimas novamente, não consigo evitar de pensar em tudo o que passei para estar aqui hoje, Audrey deve perceber minha cara de choro pois dispara a falar:
- Eu li uma reportagem esses dias sobre como está tudo bem em chorar e que isso alivia nosso coração, então não precisa esconder ou disfarçar, pode chorar o quanto for preciso, tem lenços no porta luvas se precisar, a Claire sempre deixa uma caixa deles ai pra mim.
- Obrigada - eu disse secando uma lágrima que havia escapado.
Pelo resto do caminho ela foi me informando sobre os lugares onde passamos, os melhores restaurantes, melhores pubs, os melhores museus e quando eu menos esperava ela me informou que já estávamos na Quinta Avenida.
Foi nesse momento que a ficha caiu e eu me dei conta de onde havia chegado, todas as noites em claro estudando, as horas extras e os bicos de finais de semana para juntar dinheiro, tudo havia valido a pena para que eu pudesse estar aqui hoje, diante do prédio da Parsons...
Ouça as musicas favoritas de Olivia e inclusive a que elas estavam ouvindo no carro:
https://www.youtube.com/playlist?list=PL1FuKs9XjQrlH2gi7s9ruJfjb_mM1GF1T
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