Sinners and Saints

1.4K 85 3
                                    


Prólogo

Septo Baelor

299

Jaime não se recordava da última vez que visitou um Septo. A lembrança mais recente que tinha de si em um templo religioso foi durante a morte de sua mãe. O corpo da Senhora Joanna ficou exposto no Septo de Rochedo Casterly por uma quinzena, recordava-se de ir visitá-la todos os dias junto de Cersei. Fechou os olhos com força, lembrando-se de tudo o que Tyrion o tinha informado sobre a irmã, foi feito de tolo por ela durante toda a vida, jurou-lhe amor, devoção e recebeu como retorno traição. Ela estava fodendo com outros; com os membros Guarda Real e até mesmo o primo deles, Lancel.

Sentou-se próximo a estátua da Mãe, questionando-se se não deveria pedir auxilio ao Guerreiro, nunca tinha sido um grande devoto e seu pai sempre desencorajou qualquer ligação com o divino. Nunca se sentiu tão sozinho. Perdeu o pai, a irmã a quem tinha dedicado à vida e o irmão menor que sempre o idolatrou. Desperdiçou seus dias servindo a um Rei Louco e em seguida um Rei bêbado, talvez tivesse sido mais feliz se tivesse desposado alguma mulher e tido filhos. Os filhos de Cersei poderiam ter vindo de sua semente, mas não lhe pertenciam, Joffrey era uma criatura grotesca, Myrcella uma criança gentil que se encontrava em Dorne e Tommen um rapazinho roliço e muito melhor que o irmão mais velho.

- Você parece perdido meu menino. – A mulher ergueu uma mão suave e pálida e lhe tocou o rosto. Os cabelos eram dourados e os olhos verdes brilhantes, por um segundo Jaime pensou que era Cersei. – Tão perdido o meu menino dourado. Esqueceu-se de mim, querido?

- Como posso esquecer alguém que não conheço? – Jaime questionou, pensou em retirar a mão da mulher de sua face, mas o toque dela lhe recordava o de alguém. Fitou o rosto da mulher com atenção, reconhecendo-a e sentindo vergonha por ter se esquecido. Mas, tinha-se passado tanto tempo. – Mãe.

- Seu pai está morto como eu, fadado a pagar pelos muitos crimes que cometeu. Os Deuses não toleram muitas das coisas que ele praticou em nome de nossa Casa. – Joanna Lannister explicou com pesar. – Com o tempo ele irá me encontrar, sei disso, mas estou aqui para falar de você e da vida que tem levado.

Que vida? Jaime desejava questioná-la, esteve vivendo uma verdadeira mentira. As palavras estavam fechadas em sua garganta.

- Vocês deveriam ter me ouvido, seu pai deveria ter me ouvido, uma Rainha e um cavaleiro. Seu pai nunca conseguiu suportar que rissem dele, detestava como meu tio tornou nosso nome uma piada. Ele desejava que você fosse um grande cavaleiro, que Cersei fosse a Rainha e conseguiu os dois feitos. Os dois tão fortes, corajosos e belos. Ninguém se atreveria a rir dos gêmeos dourados de Tywin Lannister. Tornaram-se duas crianças infelizes e perdidas, sozinhas em um mundo impiedoso.

- Não há nada que possa ser feito. – Jaime murmurou ressentido.

- Não há? Há tantas possibilidades, menino.

- Isso é um sonho, uma loucura sem dúvida.

- Deveria ter mais fé! O amor de uma mãe é tão forte, as preces de uma mãe que implora aos Deuses para que seus filhos tenham uma vida melhor, uma segunda chance, um novo futuro.

- Do que se trata tudo isso, Senhora? – Jaime questionou irritado. – Não me resta nada! Você está morta há anos e eu estou aqui sozinho como sempre estive.

Joanna envolveu os braços em volta de Jaime. Ambos se sentaram e ela o embalou amorosamente, do mesmo modo que fazia quando ele era uma criança pequena que sempre a perseguia por Rochedo Casterly. – Durma meu menino, adentre o mundo diferente, o mundo das possibilidades, o mundo das segundas chances.

Golden TearsOnde histórias criam vida. Descubra agora