LUIZA

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LUIZA

Às seis e meia da tarde, volto à casa de Ilda e Marcos. Trago as entradas do cinema que havia acabado de comprar. Quando entro na casa, ouço um barulho da cozinha e me dirijo para lá.

— Olá, querida! Como foi o curso hoje? — pergunta Ilda ao me ver.

— Foi ótimo, Ilda! Estou adorando todas as técnicas de fotografia que estou aprendendo!

— Soube que você e Marcos vão sair…

— Ele te contou? Nossa, por um momento pensei que tinha comprado as entradas para o cinema à toa! Ele relutou em aceitar. Aliás, ele nem aceitou, mas não deixei ele dizer não.

— Ele está bem animado, como não o vejo há tempos!

— É mesmo?

— É sim. Ele ainda está lá se arrumando todo.

— Falando nisso, também preciso me arrumar. Vou subindo, se ele descer antes, diga que já fico pronta.

— Digo sim.

— Obrigada.

Deixo a cozinha e subo rapidamente ao meu quarto. Quando passo diante do quarto de Marcos, ele está com a porta aberta. Ao vê-lo de calça jeans e camisa azul, meu coração dispara. Ilda o ajudava a se vestir, e dessa vez, ele estava querendo me matar de ataque cardíaco! Ele estava lindo! Completamente sedutor.

Percebendo minha presença, ele se vira para mim. Dá um sorriso torto e vem em minha direção, fitando-me profundamente.

— Está atrasada — ele fala, sorrindo.

— Oh, estou sim, desculpe. Preciso correr e me arrumar.

Quando ia dar um passo em direção ao meu quarto, ele empurrou a cadeira de rodas, segurou-me pela mão e puxou-me para seu colo. Olhos nos olhos, me perco naquele mar de escuridão. Seus olhos negros são misteriosos e sedutores. O beijo a seguir é lento e terno. Mágico, intenso. Aos poucos, meu corpo se entrega à sensação da paixão e Marcos me envolve em seus braços com mais força.

Sem ar, afastamos nossos lábios. As respirações ofegantes, os corações descompassados. O amor me atingiu como um raio. Até então, pensava que estava apaixonada, atraída por Marcos. Mas agora sei que não é apenas paixão e atração, mas sim, algo mais forte, mais profundo… Amor.

— É melhor você ir se arrumar, ou então, nem vamos sair… — ele diz. Nos seus lábios, um brilhante sorriso, que me enfeitiça.

— Tem razão — digo, já me levantando de seu colo.

— Espere — ele me segura pela mão, pega-a e a beija. — Perdão pelo que aconteceu. Não quero vê-la brava comigo.

Meu coração sangrou. Mas é claro que ele não sentiu o que senti com seu beijo!

— Tudo bem. Não se preocupe com isso — respondo e saio, antes de deixar minhas lágrimas caírem.

Vou para o quarto que, enquanto eu estivesse hospedada ali, seria meu, e me arrumo para aparentar que está tudo normal dentro de mim, mesmo estando um turbilhão de emoções e tristeza.

De Volta à VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora