MARCOS

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MARCOS

São quase oito horas da noite – faltam quinze minutos para completar a hora – e Luiza ainda não chegou. O que será que houve com ela? O curso termina às seis. Nem com trânsito pesado, ela demora tudo isso por aqui… Será que algo aconteceu com ela? Já liguei para o curso, mas ninguém atendeu. Pelo visto, já fecharam. A amiga dela, Carol, também não sabe onde ela está. Sorte que minha mãe tinha o número dela…

Estou quase louco esperando notícias! Não aguento mais tanta aflição!

O telefone toca e eu corro atender. Ok, de acordo com a velocidade de minha cadeira de rodas…

— Senhor Marcos?

— Sim.

— Aqui é o policial Ramalho. Sua namorada sofreu um grave acidente. Ela está internada no Hospital Salvação. Achamos a agenda dela próxima ao local do acidente e seu número era o primeiro da lista e, como encontramos poemas de amor feitos para o senhor, supusemos que devíamos entrar em contato com o senhor.

— Agiram certo. Obrigado. Estou indo para aí.

Desligo o telefone e saio em disparada para pegar um táxi. Minha mãe não está em casa, então, não tem ninguém para me levar. O taxista me ajuda a entrar rapidamente, quando digo que minha namorada sofreu um acidente.

Namorada. Bonito termo. Gostei da ideia, apesar de não ser exatamente verdade. Só em pensar que poderia nunca mais ter a possibilidade de se tornar verdade, ou até mesmo, de ver Luiza, meu corpo inteiro treme de medo.

Quando chego ao hospital, peço informação à recepção e me dirijo à sala de emergência, onde estão atendendo Luiza.

— Oh, meu Deus, Luiza! — grito, em desespero, e choro ao vê-la naquele estado. Aproximo-me da maca, pego a mão de Luiza e afago seu rosto com a outra mão.

Deus, não deixe que ela morra, nem fique como eu! Ela não merece nada disso! Imploro em silêncio, com a mesma força de meu medo, que ela fique bem.

— Calma, senhor…?

— Marcos.

— Senhor Marcos, ela ficará bem. — conforta-me o médico. — Está fora de perigo, só está dormindo com o efeito dos remédios.

— Mas e o sangue?

— Bem, houve fraturas e cortes, mas no mais, ela está fora perigo.

— Ela não ficará como eu?

— Não.

O alívio toma conta de mim. Em meio às lágrimas, fecho os olhos e agradeço a Deus. Apesar de nunca ser tão religioso, Ele me ouviu por Luiza. A partir de hoje, irei revisar minhas prioridades. Começando por Luiza. Eu a amo. De verdade. Não posso ficar sem ela.

De Volta à VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora