LUIZA

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LUIZA

Enquanto Ilda me leva de carro ao curso, tudo que passa pela minha mente é a noite anterior. Não houve urgência, fomos nos envolvendo aos poucos, com calma. Também não fomos até o fim. Essa parte de Marcos estava voltando gradativamente, com paciência. Mas, pela primeira vez, ele não se importou com isso. Simplesmente olhou para mim e percebeu que eu também não me importava, viu minha felicidade. Então, me beijou com ternura, pegou-me em seus braços e foi assim que dormimos. Não antes de dizer que iria ao baile comigo. Foram suas últimas palavras antes de dormir. Seria uma despedida para nós, pois o baile seria um dia antes de eu ir embora.

— Algum problema, Luiza? — Ilda interrompe meus pensamentos.

— Hã? Oh, não! Nenhum problema…

— Sei. Mas está tão desligada, pensativa…

— Estou mesmo, dona Ilda. É que fico pensando no dia que terei que partir.

— Hum… por causa do meu filho?

— A senhora me conhece bem, não é mesmo?

— Querida, eu percebo nos olhares entre vocês. Sei muito bem que ali há amor. Marcos pode até não admitir para mim, mas sei muito bem.

— Da minha parte, admito que o amo. Amo demais seu filho, dona Ilda. Mas não sei o que fazer. Tenho meu emprego lá e, agora, com esse curso, minha carreira vai alavancar. E, tem mais. Não sei se ele me quer realmente aqui.

— Como não? Ele te ama, Luiza.

— É o que ele diz, mas nunca falamos sobre minha partida. E isso me angustia.

— Entendo perfeitamente, querida. Mas tudo há de dar certo. De um jeito ou de outro. Como diz Zeca Pagodinho: “Deixe a vida me levar”. Faça isso, por enquanto. No final, tudo dará certo.

— Obrigada, dona Ilda. Fico grata por sempre ter seu ombro amigo por perto.

— Não precisa agradecer. É um prazer conversar com você, querida. Afinal, quem sabe não seremos sogra e nora? — ela diz e ri, encantada.

— É. Quem sabe… — concordo e também rio.

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