MARCOS

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MARCOS

Ao acordar, vejo Luiza em meus braços. Ela ainda dorme, como um anjo, em plena serenidade. As lembranças da noite passada percorrem minha mente.

Sinto-me péssimo em não ter podido dar a ela todo o amor que tenho em meu peito. Queria amá-la de todas as formas possíveis, fazê-la sentir esse amor. Mas não consegui. Tudo deu errado. Ou, quase tudo. Não posso acreditar que ela ainda está ao meu lado depois de tudo isso. Eu estava com minha ex-namorada, quando o médico me deu as piores notícias da minha vida: que eu não mais andaria e que demoraria para essa parte fisiológica se recuperar. Logo depois, ela me deixou. Não havia amor ali, tenho certeza. Ela disse que não poderia aguentar ficar comigo desse jeito. Foi quando me fechei completamente. Achava que todas são iguais. Mas não. Luiza é diferente. Ela realmente me ama ou não estaria mais aqui. E eu a amo como nunca amei uma mulher. Ela já faz parte de mim. Não posso nem pensar no momento que ela for embora para a cidade dela. A última coisa que quero é que ela vá embora. Mas não vou obrigá-la a ficar. Essa decisão, deixo a ela. Até porque a amo demais para prendê-la comigo, estando dessa maneira.

— Posso saber o que se passa nessa sua cabecinha? — Luiza pergunta, assustando-me.

— Hum, a bela adormecida acordou…

Dou-lhe um beijo breve.

— Você não me respondeu — ela insiste.

— Não respondi o que? — eu tento enrolá-la, já sabendo que ela não é de deixar por menos.

— Você estava muito pensativo. O que estava pensando?

— Sobre você.

— Sobre mim? — ela pergunta, com um pequeno sorriso.

— É.

— E posso saber o que era?

— Hum, mas que curiosa você é! — eu digo, fazendo cócegas, esfregando meu queixo em sua barriga e dando umas mordidinhas. Ela ri sem parar. Fico gamado, vendo quão linda ela fica rindo desse jeito.

Quando paro as cócegas, ela me olha profundamente. Doçura e meiguice no olhar. Eu a beijo suavemente e ela esquece de me perguntar qualquer coisa.

— Preciso me arrumar! Meu Deus, olha a hora! — ela grita de susto.

Olho no relógio do criado-mudo e vejo que já são quinze para as oito. Realmente, ela está atrasada.

Ela pula da cama e começa a caminhar pelo meu quarto nua. Eu fico observando-a da cama, admirado, ela pegar uma toalha de meu guarda-roupa e ir depressa para o banheiro. Uma verdadeira Afrodite em meu quarto, a minha Afrodite. Uma mulher alegre, um pouco nervosa e atrapalhada, mas com um lindo coração e uma alma extremamente bondosa.

Seu cheiro ficaria para sempre em meu quarto, minha cama, minha toalha e meu banheiro. Seriam as minhas lindas lembranças.

De Volta à VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora