DEZASSETE

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Fomos conversando sobre o primeiro dia, enquanto ela dirigia até minha casa, onde iríamos jantar, pois já estava bem tarde, a hora do almoço já tinha passado, há muito tempo.

-Minha mãe deve estar aqui, olha o carro dela ali—falei apontando para um carro preto, ao lado da casa.

-Minha boca chega a salivar, com vontade de comer a comida dela—Jean comentou, fechando os olhos e fazendo uma cara de satisfação.

-Morar sozinha também tem suas desvantagens Jean, quando você chega em casa vai ter que cozinhar ou pedir comida fora—exprimi abrindo a porta de casa e ela assentiu concordando, e saindo de seguida, do carro.

-Pior que é verdade, só que, meus dias de viver sozinha, acabaram—ela pronunciou revirando os olhos.

-Porquê, você vai voltar para a casa dos seus pais?—perguntei com os olhos arregalados.

-Claro que não, Ruby... – ela disse e eu me recompus, os pais dela moram muito longe, e por um momento pensar ela longe de mim, me assustou—Brooke está voltando, e ela quer treinar no MultiArts, então, vai ficar comigo.—ela disse e eu sorri.

-Que bom, Jean, eu já estou com saudades dela—falei lembrando daquela cacheada, linda.

-Bom pra você, ela vai aprontar e eu vou me enlouquecer, só espero não ir buscá-la na delegacia, nem no hospital, como da última vez.—ela exprimiu dramática.

-Quanto drama Jean, ela já tem quase 18 anos, deve estar mais calma—falei tentando a acalmar.

-Ela é uma Clarck, Ruby, não existe a palavra "calma" na nossa família—ela disse irónica e eu tive que concordar.

-É, pensando por esse lado... mas ela pode ter mudado—disse por fim—porque estamos paradas no corredor conversando? Vamos, entrar, estou com fome—proferi e ela riu, andando na frente enquanto eu fechava a porta.

-Boa tarde—cumprimentamos ao chegar e ver Lacey no sofá, vendo Tv.

-Boa tarde, sentem, e me contem como foi—ela falou entusiasmada se sentando no sofá, nos dando espaço, para sentar, também.

-A Ruby é dupla de trabalho, com o Allan—Jean comentou, rindo muito.

-Por Deus Jean, você não deixa escapar—falei revirando os olhos.

-Ou ele está te perseguindo ou é o destino mesmo—Lacey comentou sorrindo de lado e eu a olhei irónica.

-Ou vocês podem tomar conta das vossas vidas, e irmos comer—sugeri uma outra opção e elas riram, negando com a cabeça.

-Essa história ainda vai render muito—Jean disse rindo e se levantando.

-O que vai render?—minha mãe perguntou, entrando na sala com um pano de cozinha nas mãos.

Porquê, toda mãe, sai da cozinha segurando um pano de prato?

-Nada mãe, vamos jantar, estou faminta—comentei fazendo cara de quem estava cheia de fome,  e ela sorriu me abraçando.

-Depois, me conta como foi, o primeiro dia—ela pediu e eu assenti, indo para a cozinha.

...

-Phoebe, a respiração é importante, tenta a controlar mais, senão você vai se cansar, e na segunda volta, vai nadar mais devagar—pedi para ela, enquanto, as outras praticavam os exercícios que eu tinha passado.

Segundo dia de trabalho, e eu estava cada vez mais, apaixonada por essa profissão. Ainda não tinha feito nenhum amigo, porém, eu tinha alguns conhecidos, que são pessoas muito legais. E a melhor parte, era a convivência com os meus alunos.

-Treinadora Milburn, estou com dificuldades, em fazer a virada, eu sempre demoro—Faby disse se aproximando de mim. 

Trabalhar com essa juventude me dá animo.

-Eu sempre tive dificuldades nela também, mas, do que eu reparei em você, é que você não impulsiona o corpo,  junto com os braços, somente com as pernsa, se você impulsionar os braços para trás,  você vai ganhar mais força e a virada vai se tornar mais rápida, vai lá tentar, eu vou estar te vendo—expliquei-a, e ela saiu nadando.

Continuei as auxiliando, e nem reparei que os meninos já estavam, fazendo seus alongamentos. As aulas estavam passando cada dia mais rápido, e eu quase que não percebia.

-Meninas, todas para o alongamento, a aula termina por aqui, hoje—as informei e elas começaram a sair da piscina, vindo até mim.

-Até amanhã, treinadora—elas se despediram beijando meu rosto, uma a uma.

Eu gostava do carinho, delas por mim. Criar uma base de confiança e carinho entre eu e minhas alunas, sempre foi meu objectivo, para uma aula produtiva e animada.

-Soube da reunião, de hoje?—Allan disse, ao parar, do meu lado.

-Ninguém, me avisou nada—falei confusa arrumando, minha mochila.

-Ás 15 horas no refeitório dos professores, preciso falar com vocês.—ele disse parecendo estar animado.

-Adianta o que é...—pedi curiosa.

-Não, você vai saber junto com os outros—ele respondeu irónico.

Insuportável.

O pior era que, faltava algumas horas para as 15 horas. E teria que ficar esperando, com muita curiosidade. Pensei em insistir mais um pouco, mas, não iria me prestar a esse papel.

-Tudo bem, eu espero—falei transparecendo que eu estava normal, sem curiosidade nenhuma.

Ouvi ele rir e sair andando, para fora do espaço, que estávamos.

Estava sem nada para fazer, então, resolvi ir até a lanchonete da Mary, ir tomar um batido. Fui andando e notei o quão cheio o lugar estava, pessoas andando de um lado para o outro, tudo muito movimentado.

E eu precisava dessa agitação, minha vida estava calma demais.

-Mary, como você está?—falei ao chegar na lanchonete.

-Bom dia, Ruby, estou ótima, só um pouco atarefada, mas, está tudo bem, e com você?—ela respondeu sorrindo simpática.

-Estou bem, mas, preciso daquele seu batido verde, delicioso—falei sorrindo e ela retribuiu.

-Vou caprichar—ela respondeu se voltando e indo preparar o batido.

Eu gostava da Mary,ela era a pessoa mais próxima de se tornar minha amiga, aqui no trabalho, a sua simpatia era contagiante, e só de olhar para ela nos dava vontade de sorrir, também.

-Aqui está—ela disse me entregando, o pedido.

-Você mora por essas áreas?—perguntei tentando conhecer um pouco dela, enquanto, tomava meu batido.

-Não, para chegar aqui, pego dois ónibus e um trem, então tenho que acordar bem cedo, mas, a lanchonete rende muito, então vale a pena—ela explicou, e eu assenti.

-E eu que reclamava que minha casa era longe daqui, nunca mais reclamo—comentei rindo.

-Mas, não é um sacrifício e o sr.Smith, cobra quase nada, para o espaço—ela disse sorrindo agradecida.

-É, e eu que nunca pensei que Allan Smith, fosse capaz de ajudar os outros—falei mais para mim mesma, mas, pelo que pareceu, ela ouviu.

-Como assim?—ela perguntou confusa.

-Nada não, só pensei alto—falei desviando o assunto.

Continuamos conversando por mais um bom tempo e até trocamos número de celular. Pelo menos, eu já tinha com quem conversar, quando, eu não tivesse dando aulas.

A segunda aula com os meus alunos foram ótimas, mas, eu já estava cansada e cheia de dor nas costas.

Abaixei-me para esticar minhas costas mas mesmo assim não estava ajudando. Essas dores me fazem sentir velha.

-Eu posso te levantar por trás, vai ajudar a estalar—Allan sugeriu e eu logo me levantei me afastando dele e negando com a cabeça.

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