VINTE E UM

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Terminei de falar com minha mãe no celular e o guardei.

-Pronto, dona Lauren, já está indo a buscar—lhe contei e ela suspirou, aliviada.

-Obrigada amiga, você é minha parte racional—ela disse, me abraçando.

-Eu sei, agora vai dar sua  aula, antes que se atrase—aconselhei-a, ela assentiu, bebendo o resto da sua água bem rápido, e saiu correndo para sua sala.

-Quem é Brooke?—Kyle perguntou curioso e com uma expressão de, quem ainda estava tentando entender o que estava acontecendo.

-Irmã da Jean...—contei e ele assentiu.

-Irmã problema?—ele perguntou sarcástico.

-Problema? Problema sou eu, Brooke é mil vezes mais do que isso—respondi e ele riu.

-Meu irmão era desse tipo também, só dava trabalho, eu já sou o mais equilibrado da família—ele disse convencido e eu ri.

-Bom, eu não sei o que é isso, pois, sempre fui filha única—contei e ele sorriu.

Contínuamos na lanchonete, até a Mary aparecer e assumir o posto, depois de nos agradecer várias vezes e prometer lanches de graça.

Fui para a minha aula no qual eu já estava atrasada, porque, todos os alunos já estavam. Allan estava olhando, com os olhos semi cerrados.

-Atrasada Ruby...—ele disse apontando para o relógio.

-Desculpa—falei um pouco vermelha e ele sorriu.

-Não tem problema, agora lidera o alongamento—ele afirmou e eu o olhei indignada, negando com a cabeça.

-Isso se chama abuso de poder—falei sarcástica e ele sorriu.

-Eu chamo de atraso, mesmo—ele proferiu rindo.

Fui ter com os alunos enquanto ele se sentava, bebendo algo e mexendo no celular.

As aulas decorreram normalmente, tirando as implicâncias do Allan. Saí correndo do MultiArts, para não perder meu trem, já que a Jean já tinha ido, para casa. E eu só orava para que, não tivesse acontecido a terceira guerra mundial, na minha casa.

Abri a porta de casa estranhando o silêncio. Ouvi um barulho na cozinha e fui até lá, vendo minha mãe e minha tia, preparando o jantar e conversando.

-Boa tarde... Brooke e Jean, já foram?—perguntei curiosa, querendo saber o que aconteceu.

-Foram já tem um tempinho—minha mãe disse vindo até mim e beijando o topo da minha cabeça.

-Elas brigaram?—perguntei, esperando que a resposta fosse não.

-A Jean até que queria brigar com ela, mas, acabou chorando de saudade e a abraçando—Lacey contou rindo.

-Meu Deus, não acredito que perdi esse momento raro—falei sem acreditar e me sentando, pois, eu estava cansada.

-Não perdeu, eu gravei, vai tomar um banho que depois eu te mostro—Lacey disse sorrindo travessa e eu neguei com a cabeça rindo.

Lacey, sendo Lacey.

...

-Brooke...—falei quando a vi dentro do carro e ela saiu para me abraçar.—Meu Deus, você cresceu muito—notei e ela revirou os olhos, rindo.

-Porquê toda a pessoa velha, fala isso?—ela disse irónica, me fazendo dar-lhe um tapa no braço.

-Velha? Por Deus, Brooke, não tenho nem 25 anos, me respeita—falei de forma divertida e ela riu.

-Entrem, porque, estamos atrasadas—Jean disse de dentro do carro, com um humor nada bom.

Efeitos, Brooke Clark.

Entrei na frente e ela voltou para a parte de trás. Abracei a Jean que logo desfez a cara de amarrada e retribuiu o abraço.

-Você vai se matricular, no quê?—perguntei diretamente para a Brooke, que estava vendo a vista, da janela do carro.

-Música, Voley e Jiu-Jitsu—ela respondeu, parecendo estar animada.

-E você vai ter tempo, para tudo isso?—perguntei espantada.

-Vou lá na secretaria e encaixo os meus horários—ela respondeu e eu assenti orgulhosa.

Ela podia ser a maluca que fosse, mas, ninguém podia falar mal da sua dedicação e paixão por aprender. Não é a toa que ela já fez três intercâmbios e vive viajando, conhecendo novas culturas e modos de vida.

-Boa sorte então, e não esquece de pegar um folheto com o mapa daquele lugar, senão você se perde por lá—falei e ela me olhou confusa, provavelmente tentando descobrir se eu estava brincando ou falando sério, mas, deixaria ela tirar suas próprias conclusões.

Chegamos e estava uma movimentação gigantesca, como sempre, pessoas entrando, saindo, estacionando, ou seja, muita gente.

-É sempre assim?—Brooke perguntou, se referindo á movimentação.

-Ás vezes, até mais—Jean respondeu e ela saiu do carro, entusiasmada.

-Ela vai se entrosar, bem rápido—falei vendo-a cumprimentar os seguranças.

-Disso eu tenho certeza—Jean concordou trancando o carro—vou lá ter com ela, e ver as coisas da matricula, nos vemos depois.—ela disse beijando minha bochecha, e saiu andando rápido para ir ter com a irmã.

Fui para a sala de professores, beber meu batido sossegada, antes da aula começar, pois, para aquela juventude toda, precisa-se de muita energia.

-Oi pra você também, Ruby—ouvi a voz do Allan, do canto da sala.

-Desculpa, eu nem reparei você ali—me desculpei, indo me sentar na outra poltrona, enquanto, bebia meu batido.

-Tudo bem... você soube do aplicativo?—ele perguntou e eu o olhei confusa.

-Aplicativo de quê?—perguntei sem entender nada.

-De pegação, Ruby...—ele disse irónico e eu o olhei.

-QUÊ?—questionei confusa, e sem entender mais nada, ainda.

-Por Deus, você nunca checa seu e-mail?—ele indagou retoricamente e eu fiz uma cara de ofendida.

-Claro que sim... as vezes—disse e ele me olhou, com os olhos cerrados—ok, não...que aplicativo é esse?—perguntei curiosa.

-O aplicativo do MultiArts, com mapa para ninguém  se perder, mostrando as lanchonetes com o que vendem, e muitas outras funções, vai facilitar a vida dos alunos e professores—ele disse e eu o olhei surpresa.

-Pra quê gastar dinheiro, mandando alguém fazer esse aplicativo? —perguntei óbvia.

-Meu irmão que fez, o máximo que ele cobrou, foi passar o fim de semana na minha casa de praia—ele disse e eu fiquei mais descontraída.

Mas de qualquer forma, o dinheiro é dele mesmo se ele quisesse colocar bicicletas motorizadas aqui dentro, eu que não iria contrariar.

-Pelo menos um inteligente na família, já que você...—falei rindo e ele riu irónico.

-O que ele tem de inteligente, tem de insuportável—ele retrucou e eu o olhei de forma duvidosa.

-Mais insuportável do que você? Duvido que esse alguém exista—alfinetei e ele me olhou sarcástico.

-Vou abrir um novo espaço aqui no MultiArts, o circo, e você já tem lugar garantido como palhaça—ele retribuiu rindo e eu ri sem humor.

-Eu ainda nem sei, como te aguento—falei me levantando e andando até a porta.

-Espera, espera...—ele disse e parou na minha frente me impedindo de passar—desculpa, mas eu só estava brincando—ele pediu, fazendo uma cara de arrependido.

Ok, talvez, ele seja bonito, mas, eu que não admitiria isso, em voz alta.

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