-Me solta, por favor, pode levar minha bolsa, mas, só me solta—falei desesperada me debatendo.
-Calma, só vamos conversar—o homem, que era mil vezes mais robusto que eu, falou de forma nojenta.
-Eu não quero, por favor, me solta—gritei, começando a chorar e com medo, do que ia acontecer.
-Fica quieta, a gente só vai conversar, fica calminha—ele proferiu e eu consegui sentir um bafo, de bebida forte.
Minha cabeça começou a rondar, e eu já estava em completo desespero. Era como se eu tivesse voltado a anos atrás e tivesse relembrando, de tudo de novo.
-Por favor, não faz nada comigo, só me solta—falei num fio de voz, sem força nenhuma.
-Ela disse, pra soltar—ouvi uma voz rouca, e raivosa dizer.
-A gente, só está conversando—o homem falou me soltando e, me mantendo, atrás dele.
-Ótimo, conversa com a minha mão, então...—a voz conhecida disse e, eu só vi o homem que estava me agarrando, cair no chão.
Eu estava tão desorientada que, nem conseguia ver quem era, só sabia que o conhecia, eu conhecia aquela voz.
Minha cabeça estava doendo. Mas nada se comparava a dor na alma, era como se uma ferida, que eu tinha lutado tanto, para que cicatrizasse, tivesse aberto, novamente.
E dessa vez, eu não sabia se conseguiria curá-la.
A pessoa estava distribuindo vários socos no rosto do homem, e provavelmente, iria o deixar inconsciente.
Eu queria lhe dizer para parar, senão ele iria matá-lo, mas, eu não conseguia, abrir minha boca. Só caí no chão, colocando minha cabeça entre meus joelhos, sentindo meu coração doer e meu rosto se molhar, pelo choro quente que caía dos meus olhos.
-Ruby...Ruby, você está me ouvindo...fala comigo...—ouvi alguém me chacoalhar, parecendo estar desesperado.
Eu estava sem forças psicologicamente, e pelo que parece, estava afetando minha força física.
Senti duas mãos, segurando meu rosto e me levantando, e consegui ver aos poucos o rosto da pessoa.
-Allan...—falei num fio de voz e, depois não vi, mais nada.
Simplesmente, apaguei.
...
Acordei estranhando o lugar onde eu estava. Parecia ainda estar de noite, mas, definitivamente, não era o meu quarto. Senti meu corpo mole e, de repente, a memória de tudo o que tinha acontecido, veio na minha mente, me fazendo suspirar forte e cansada. E por instantes, lembrei da ultima coisa que, eu tinha visto.
O rosto do Allan.
Virei-me para o lado, vendo em cima da cama, umas peças de roupa, que eram minhas.
Eu estranhei, porque, elas não estavam na minha bolsa, e eu não me lembrava de nunca ter estado nessa casa, para ter deixado roupas, aqui.
De qualquer modo, eu não estava com cabeça, para pensar nisso, então, só peguei as roupas e me dirigi á casa de banho, que ficava logo dentro do quarto.
Ao abrir a porta deparei-me com um banheiro enorme, com direito até a banheira, no canto. Porém, não fiquei muito tempo observando, só entrei debaixo do chuveiro, para ver se limpava minha alma e toda a sujidade que eu estava sentindo, no meu corpo.
Eu estava me sentindo suja, abatida, dolorida, e estava com os braços todos roxos, com marcas de dedos. Me deixei ficar, vários minutos com a água escorrendo no meu corpo, e quando eu fui me ensaboar, senti um cheiro familiar, e logo me veio á cabeça, que talvez, eu estivesse no banheiro do Allan.
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AQUA |✔|
RomanceRuby Milburn Uma mulher que teve sua adolescência marcada por um grande trauma. Trauma esse que a persegue até a sua vida adulta e que a impede de fazer o que mais gosta...nadar. Junto com esse trauma, veio também a perda do seu antebraço, que fez c...