VINTE E CINCO

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-Me solta, por favor, pode levar minha bolsa, mas, só me solta—falei desesperada me debatendo.

-Calma, só vamos conversar—o homem, que era mil vezes mais robusto que eu, falou de forma nojenta.

-Eu não quero, por favor, me solta—gritei, começando a chorar e com medo, do que ia acontecer.

-Fica quieta, a gente só vai conversar, fica calminha—ele proferiu e eu consegui sentir um bafo, de bebida forte.

Minha cabeça começou a rondar, e eu já estava em completo desespero. Era como se eu tivesse voltado a anos atrás e tivesse relembrando, de tudo de novo.

-Por favor, não faz nada comigo, só me solta—falei num fio de voz, sem força nenhuma.

-Ela disse, pra soltar—ouvi uma voz rouca, e raivosa dizer.

-A gente, só está conversando—o homem falou me soltando e, me mantendo, atrás dele.

-Ótimo, conversa com a minha mão, então...—a voz conhecida disse e, eu só vi o homem que estava me agarrando, cair no chão.

Eu estava tão desorientada que, nem conseguia ver quem era, só sabia que o conhecia, eu conhecia aquela voz.

Minha cabeça estava doendo. Mas nada se comparava a dor na alma, era como se uma ferida, que eu tinha lutado tanto, para que cicatrizasse, tivesse aberto, novamente.

E dessa vez, eu não sabia se conseguiria curá-la.

A pessoa estava distribuindo vários socos no rosto do homem, e provavelmente, iria o deixar inconsciente.

Eu queria lhe dizer para parar, senão ele iria matá-lo, mas, eu não conseguia, abrir minha boca. Só caí no chão, colocando minha cabeça entre meus joelhos, sentindo meu coração doer e meu rosto se molhar, pelo choro quente que caía dos meus olhos.

-Ruby...Ruby, você está me ouvindo...fala comigo...—ouvi alguém me chacoalhar, parecendo estar desesperado.

Eu estava sem forças psicologicamente, e pelo que parece, estava afetando minha força física.

Senti duas mãos, segurando meu rosto e me levantando, e consegui ver aos poucos o rosto da pessoa.

-Allan...—falei num fio de voz e, depois não vi, mais nada.

Simplesmente, apaguei.

...

Acordei estranhando o lugar onde eu estava. Parecia ainda estar de noite, mas, definitivamente, não era o meu quarto. Senti meu corpo mole e, de repente, a memória de tudo o que tinha acontecido, veio na minha mente, me fazendo suspirar forte e cansada. E por instantes, lembrei da ultima coisa que, eu tinha visto.

O rosto do Allan.

Virei-me para o lado, vendo em cima da cama, umas peças de roupa, que eram minhas.

Eu estranhei, porque, elas não estavam na minha bolsa, e eu não me lembrava de nunca ter estado nessa casa, para ter deixado roupas, aqui.

De qualquer modo, eu não estava com cabeça, para pensar nisso, então, só peguei as roupas e me dirigi á casa de banho, que ficava logo dentro do quarto.

Ao abrir a porta deparei-me com um banheiro enorme, com direito até a banheira, no canto. Porém, não fiquei muito tempo observando, só entrei debaixo do chuveiro, para ver se limpava minha alma e toda a sujidade que eu estava sentindo, no meu corpo.

Eu estava me sentindo suja, abatida, dolorida, e estava com os braços todos roxos, com marcas de dedos. Me deixei ficar, vários minutos com a água escorrendo no meu corpo, e quando eu fui me ensaboar, senti um cheiro familiar, e logo me veio á cabeça, que talvez, eu estivesse no banheiro do Allan.

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