Chapter eight

473 47 70
                                    

Era noite quando finalmente todo o susto havia passado. Bucky ficará toda a noite no internato auxiliando o amigo, que não sabia se ficava bravo ou se simplesmente surtava com o que sua pupila lhe aprontara. Uma notificação por tentativa de homicídio, apesar de o estrago não ter sido tanto. O pior havia sido a discussão entre Rumlow e Rogers na enfermaria, discussão está que se tornaria facilmente em algo um pouco pior se Barton não tivesse interferido, agradecendo mentalmente que Fury estivesse de folga naquele dia e não veria a zona que estava sua instituição. Maria ficou com Helen na enfermaria auxiliando na recuperação da russa que ficara com um corte horrível na lateral do pescoço. O que havia feito para despertar tamanho ódio em Romanoff? Bem, essa indagação ficará na mente de todos que presenciaram a briga. Morse, principalmente havia até gravado para mostrar às amigas na escola no dia seguinte e apesar de seu desafeto com a ruiva, gostava da outra menos ainda. No fim das contas havia ficado apenas para presenciar o barraco, afinal aquela nem era sua oficina.

Steve suspirou pesaroso ao fim do dia após se despedir de Bucky, tomou um banho frio. Queria manter as células do corpo ativas, foi o que disse a si mesmo. Tirou o uniforme da organização e vestiu novamente suas roupas casuais. Precisava ter uma conversa séria com Romanoff antes de terminar seu expediente.

A porta não estava trancada. E ele não bateu. Nunca batia, porque a moça sempre estava dispersa com os fones de ouvido ou simplesmente fingia não o ouvir. Adentrou receoso ao quarto escuro, vendo apenas a luz do celular da ruiva que estava sobre a cama ao lado da mesma. Natasha sabia que ele estava alí, mas não se importou. Manteve o rosto enterrado no travesseiro respirando pesadamente.

- Natasha... - Ele se sentou ao lado da ruiva e tocou os ombros desnudos da mesma ainda receoso. - Olhe pra mim. Preciso que seja sincera comigo.

- E eu preciso que você me deixe em paz. - A voz dela era fraca, mas profunda o suficiente para que ele sentisse o peso de suas palavras.

- Não, não precisa. Eu quero ajudar você. Sei que não é uma pessoa ruim e sei que teve seus motivos para fazer o que fez. - Levantou-se, acendeu a luz do cômodo e quando voltou, a puxou pelo braço, forçando-a a se levantar. - Me diga o que aconteceu? Por que enfiou as chaves no pescoço da Yelena?

- Por que você se importa?

Steve mostrou um sorriso fraco antes de prosseguir.

- Sabe, quando perdi meus pais, me tornei introspectivo e encrenqueiro. Tinha um pouco menos de dez anos de idade, afastei todas as pessoas que me amavam. Mas havia um garoto na terceira série, um moreno, ele só fazia merda e quase sempre estava na diretoria.

- Bucky. - Ela deduziu, fazendo-o rir um pouco.

- Você é ótima com deduções. - Comentou antes de prosseguir. - Um dia arrumei encrenca com os garotos da série B, eles eram muito maiores e o Bucky me defendeu. Fomos parar na diretoria juntos no final, mas... Bucky foi a única pessoa que se importou comigo, que me entendeu e que me ajudou a superar.

- Acha que sou como você? - Ela arqueou uma das sobrancelhas.

- Acho que não é tão diferente, Natasha. - continuou. - Fichas e histórico são apenas documentos com resumos mal escritos de uma história inteira. Não acho que seu problema com Belova ou Shostakov seja apenas superficial.

Ela sabia que era verdade. Seu silêncio foi que entregou a mágoa que estava ainda escondida em algum lugar daquela alma sombria.

- Seja sincero, acha que sou maluca

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

- Seja sincero, acha que sou maluca.

- Acho um pouquinho. - Ele riu e apertou as bochechas da ruiva, que reclamou um pouco. - E eu sempre sou sincero.

 - E eu sempre sou sincero

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

•••

As noites de outono eram sempres mais frias na Hammer Bay. A praia ficava deserta, o canto dos pássaros eram mais amenos, o som das ondas era mais alto devido aos fortes ventos que vinham do antártico. Uma corrente fria anunciava que cairia chuva em breve. Ela se arrependeu de ter esquecido o guarda chuva. Sair correndo e escondida de casa, geralmente não era uma vantagem. Cruzou os braços apertando-os por dentro do casaco de tecido grosso enquanto verificava algo no celular.

- Pensei que não viria. - A voz grave do rapaz foi o que chamou sua atenção. Os olhos verdes desviaram-se da tela do celular para o mesmo.

- Quase não vim.

- A gente realmente precisa conversar, você não me deu tempo para isso na escola. - Sentou-se ao lado da jovem que permanecia indiferente até ouvir aquela afirmação.

- Simon, foi você quem começou a gritar comigo do nada. Não fica se fazendo de vítima. Eu sinceramente não tenho paciência pra isso.

- Esse é o nosso problema. Você não tem paciência. - Ironizou, fazendo-a revirar os olhos com indignação. - Wanda, olha pra mim! - Ela continuou mantendo-se atenta, porém olhava para o telefone. Simon perdeu a paciência e segurou o braço da menina, fazendo-a olha-lo. - Falei pra olhar pra mim. Como acha que nosso relacionamento vai funcionar se continua tendo essas atitudes infantis?

- Hope tem razão. Eu nem sei porquê ainda falo com você. - Wanda soltou a respiração, e reteve as lágrimas. - Não tem como fazer algo funcionar se esse algo não existe.

- O que está dizendo?

- Primeiramente me solte que não sou tuas peguetes de bar. - Ele revirou os olhos e fez o que ela havia pedido, insistindo assim para que a moça prosseguisse. - Estou dizendo que não vou mais ficar me arriscando por sua causa. Simon qual o seu problema?!

- Qual o meu problema?! É você quem se estressa por qualquer coisa. Pensei que estivessemos de acordo sobre isso não ser realmente sério.

- Você é um idiota! - Bradou entre uma risada nervosa. - Por que faz isso? Por que fica brincando comigo como se fosse uma das suas amiguinhas?!

Simon respirou fundo. Sabia que não deveria ter dito aquilo. Não deveria ter dito um monte de coisas e aquele dia havia sido um dos muitos em que só dissera as coisas erradas para as pessoas erradas. Ele sabia que não deveria ter gritado mais cedo, quando se falaram na quadra de basquete. Por que precisava agir como um idiota?! A resposta era simples, porém não disse nada. Envolveu a garota em seus braços, sentindo as lágrimas que caiam dos olhos antes verdes, agora avermelhados, e molhavam a camisa com a estamos do time da Hammer High. Wanda havia tentado se soltar do abraço, mas cedeu por fim. Ficaram algum tempo abraçados até que ele ergueu o rosto da menina e seus olhares se encontraram.

- Me perdoa. - Foram as únicas palavras em que havia pensado naquele momento. - A Hope está certa, eu sou um imbecil e não sei por que você ainda fala comigo.

- Queria aprender a deixar de te amar. - Ela confessou entre as lágrimas.

- Eu queria aprender te agradecer por não conseguir.

Contos de Reformatório | Marvel FanficOnde histórias criam vida. Descubra agora