Doze | I'm not afraid of you

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— Que merda — resmungo fazendo uma careta enquanto olho para o meu reflexo no espelho do aparador da sala.

Por alguma razão o uniforme do novo colégio não caiu nada bem em mim. Ou talvez eu só ache uniformes escolares um traje cafona e desnecessário, num sentido geral. Por isso, prefiro pensar que o problema está na roupa, não em mim.

Me preocupar com a nova escola e continuar fazendo as tarefas da casa foi suficiente a princípio pra manter meus pensamentos ocupados no fim de semana.

O caminho de volta da escola quinta-feira foi cheio de reflexões. Não deu para parar de pensar sobre o que eu ouvi no banheiro. Ainda não paro de pensar nisso.

Maxon já foi preso. Não é algo tão surpreendente vindo de alguém com toda aquela pinta de bad boy, mas ao menos deveria ser uma razão legítima para eu me afastar dele, ainda que eu nem me considere tão "próxima" à ele.

Entretanto, isso só me deixa intrigada a especular a causa dele ter sido preso. Talvez foi pelas drogas, ou por furto; agressão... há muitas prováveis causas, e eu não vou desistir até saber com que tipo de criminoso estou morando nesta casa.

Antes de sair do quarto, pego meu chaveiro de pelúcia de leãozinho que tenho desde os cinco anos e prendo no zíper.

Pego a mochila e atravesso a sala enquanto digo a mim mesma, mentalmente, palavras de incentivo que me fazem acreditar que hoje o dia não vai ser um cocô.

Maxon aparece na sala descendo as escadas pelo corrimão, aparentemente sem receios de estar escorregando a uma altura de uns cinco metros.

Ele pula quando chega no final e para ao meu lado.

— Sabia que o corrimão é pra evitar acidentes? Não causa-los — alerto.

— Qual é a graça de ter um corrimão em casa, então?

Escondo um sorriso enquanto balanço a cabeça em negação.

Ele me analisa de cima a baixo e as pontas dos seus lábios se curvam para cima.

— O uniforme caiu bem em você — comenta casual.

— Eu não ach... — parei por um instante, olhando para suas vestes pretas habituais — Espera aí... Por que você  não precisa usar o uniforme?

Ele dá de ombros.

— Porque eu sou diferente — responde apático, abrindo a porta de madeira para mim.

Franzo as sobrancelhas, inconformada com o privilégio e o argumento ilógico dele.

É mesmo difícil imagina-lo com um.

— Quer uma carona hoje? — oferece, pegando as chaves no bolso e brincando com elas nos dedos.

Inacreditável.

— O.K. Vamos deixar claro que eu só aceitei a sua carona aquele dia por uma questão de desespero e necessidade — digo clara — Não precisa ir achando que isso vai virar um hábito.

— Só pensei que gostaria de alguém para te guiar no primeiro dia.

Solto uma risada nasal propositalmente irônica.

— Me guiar?  Desculpa, mas você não me parece um bom guia escolar — zombo.

— Não sou — concorda —.Mas é melhor do que se perder nos corredores do gigante Roosevelt enquanto procura a sua primeira sala.

— Eu sou bem capaz de me virar sozinha — digo esboçando um falso sorriso.

— Tudo bem — diz, claramente decepcionando.

Um Bad Boy em minha vida Onde histórias criam vida. Descubra agora