Dois | Remember who you are

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Pensei que a fachada da casa era uma maravilha, mas obviamente eu nunca soube o significado da palavra até conhecer a área da piscina da casa. É a coisa mais fantástica que já ví.

Eles têm uma piscina enorme dentro da própria casa. Será que tem como esse lugar ser ainda melhor?

Não que eu nunca tenha ido em uma casa com uma piscina antes, já fui em muitas casas que tem piscina dentro. Talvez não muito. Uma conta como muito?

A casa da Jennifer Packerson, uma garota que era da minha escola, em Seattle; a casa dela era a mais bonita da minha rua e tinha uma piscina enorme, mas nem se compara com a piscina dos Stirling. Na verdade nada se compara com essa casa, e eu diria que a área da piscina mais parece um clube aquático do que uma área de lazer; seria um eufemismo dizer que é a coisa mais bonita que já vi.

- Leve isso para Dona Karen - diz me entregando uma bandeja recheada de morangos e outras frutas tropicais - ela está na área da piscina. Pergunte se ela precisa de mais alguma coisa e volte para cá.

Faço que sim com a cabeça e pego em mãos a bandeja.

Fico dividida entre olhar o caminho ou a tigela de morangos perfeitos em minha frente que me seduz. Parece muitas frutas para um estômago só. A sra. Stirling não vai ligar se eu roubar um morango, vai?

No caminho, acabo roubando mais morangos do que pensei. Mas ainda tem o suficiente.

E lá está Dona Karen, debaixo da sombra de um guarda-sol, deitada sobre uma espreguiçadeira com um chapéu de palha na cabeça. Calma e serena, sem preocupações; com a plena consciência de que é rica, linda, saudável e está fazendo a única coisa que deveria estar fazendo num dia de sol como esse.

Eu daria tudo pra ter essa vida.

- Obrigada, querida - agradece quando coloco a bandeja na mesinha ao seu lado.

- De nada.

Nem percebo que estou parada feito uma porta ao lado dela, simplesmente contemplando a vida que nunca vou ter; até ela falar comigo de novo.

- Quer um pouco? - oferece apontando para as frutas.

Mais?

Fico meio boba e sem saber o que dizer. Se eu soubesse que ela iria me oferecer, não teria roubado os morangos. Agora me sinto desonesta; mas acabo aceitando.

- Sente-se aí - aponta para a espreguiçadeira ao lado.

- Eu não sei se eu deveria...

- Bobagem! Eu estou mesmo precisando de alguém para conversar.

Então eu me sento na beirada da espreguiçadeira, de frente para ela.

- Você morava em Seattle, certo? Gostava de lá?

E assim começamos uma conversa muito agradável. Conto um pouco sobre a minha vida para ela e conversamos sobre assuntos variados. Ela me disse que morou alguns anos de sua adolescência em Seattle e que sempre ia no Space Needle com seu pai, que era seu lugar favorito de todos.

- Agora - acrescenta - não sinto mais graça em voltar lá. Meu pai já não está mais conosco.

- Sinto muito - lamento.

Ela abre um sorriso que dá para perceber que contém uma tristeza escondida por trás.

- E você está gostando de Toronto?

- Estou me acostumando - suspiro - A verdade é que a mudança é sempre algo muito difícil, mas... às vezes ela vem numa boa hora.

- Vai se acostumar logo - sorri simpática, como quem sabe o que fala - Daqui uns dias você vai para escola, irá fazer novos amigos e vai ser como se tivesse vivido a vida inteira aqui.

- É... tomara que eu goste dessa mudança.

Sou surpreendida com a chegada da minha mãe. Ela me encara com um olhar mortal que eu me lembro bem. Nem se eu tivesse vivido 20 anos longe dela, eu sempre me lembraria desse olhar; como se estivesse me dizendo "tenho que conversar com você, mocinha" simplesmente com a expressão facial.

Será que ela me viu roubando morangos?

- Com licença, a senhora precisa de mais alguma coisa, Dona Karen?

Depois da sra. Stirling negar, minha mãe olha para mim e rosna:

- Margo, estou precisando da sua ajuda na cozinha. Pode vir comigo?

Então a sigo desconsertadamente e deixo a área da piscina.

- O pensa que está fazendo? - pergunta quase aos berros quando chegamos na varanda.

- Não sei. Fiz alguma coisa...?

- O que foi aquilo?! Te mandei deixar a bandeja e perguntar se Dona Karen precisava de mais alguma coisa. Você não tinha nada de ficar lá como se não tivesse mais nada para fazer!

- Ela me ofereceu de...

- Não importa! - sou ignorantemente interrompida - Eles oferecem só por educação, você não deve aceitar. As coisas não funcionam como você está pensando aqui. Lembre-se de quem você é e de quem ela é!

Eu não me esqueci quem sou, muito menos onde estou. Bem que eu queria pensar que fosse como a Dona Karen ao menos um segundo, mas eu tenho ciência da minha realidade e nem por um segundo esqueceria por quê estou aqui.

Mas minha mãe não entende como tudo mudou na minha vida de uma hora para a outra. Como até mês passado a minha única preocupação era chegar em casa e fazer a lição, e talvez ir na casa da Ashley pra falar mal de alguém; e agora tenho que levar uma vida como a da minha mãe, no emprego dela.

- Obrigada por me lembrar que eu não estou em casa - digo.

Saio em disparada para qualquer direção. Estou estressada. Só queria a minha vida normal de volta. Por que minha mãe tem que ser tão rígida?

Nem sei para onde estou indo. Essa casa é enorme e não conheço nada aqui. Na verdade duvido que algum dia vou decorar a planta do lugar.

Abro a porta de algum banheiro que vejo pela frente e salto para trás quando me deparo com uma garota seminua dentro dele.

- AAHH!!! - grito.

A garota me olha sem entender mas continua fazendo o que estava fazendo - escovando os dentes - sem dar a mínima.

Ela veste uma camisa preta claramente masculina que cobre suas partes baixas, e seu cabelo parece desafiar a nossa compreensão primordial do poder força que a gravidade exerce sobre a matéria.

Parece alguém que acabou de transar, e muito.

- Desculpa, eu... não sabia que tinha gente - balbulcio.

- Então acho melhor bater na porta da próxima vez - diz passando por mim na maior grosseria e entrando no quarto da frente.

Não sei o que acabou de acontecer aqui. Não sei quem é essa garota e nem o que faz aqui. Não sei nem o que eu estou fazendo aqui.

Olho da greta da porta do quarto que a garota entrou e vejo ela e um garoto no maior amasso. Espera. Eu sei quem é esse garoto. É o bad boy estressadinho que passou pela porta ontem. Qual é mesmo o nome dele? Maven, Max, Mark. Foda-se. Eu vou sair daqui.

Eu nunca entendi exatamente o que as garotas vêem nesse tipo de cara. Provavelmente eles só levam a um coração partido ou um grande arrependimento na manhã seguinte, senão coisa pior.

Eu nunca me envolveria com esse tipo de cara.

N/a:

Oi gente, finalmente o segundo capítulo saiuu.

Como está sendo a quarentena de vcs? Ksksks a minha está sendo só ler!

Comentem bastaaante pra eu saber o que estão achando. Muito obrigada por acompanharem e por favor votem nos capítulos

Um Bad Boy em minha vida Onde histórias criam vida. Descubra agora