Destino além das estrelas

CAPÍTULO 2

Alguns dias depois...

Devo ir ou ficar? Essa pergunta continuava a martelar na minha cabeça cada vez que lembrava daquele sonho.

-Lúcia? - fui tirada dos meus pensamentos, Kate estava sentada a minha frente, minha melhor amiga e colega de trabalho, também estávamos na hora do almoço. Sempre íamos à lanchonete que ficava a frente da empresa.

-Hmm? o que foi? – ela estava me olhando com os olhos semicerrados, como se estivesse desconfiada de algo.

-Não ouviu nada do que disse né? – corei furiosamente – olha Lúcia, tem alguma coisa de errado com você, aconteceu alguma coisa?

Não podia responder essa pergunta é claro, ela acharia que estou doida, então só fiquei calada a olhando.

-Se não vai me dizer tudo bem, só vamos mudar de assunto então – ela coloca a mão no queixo como se estivesse pensando em algo – que tal falarmos daquele seu irmão gato!

-Tá falando do Edmundo? – ela cora de leve – ai que nojo!

Ela dá um leve soco em meu braço e começo a rir.

-Falando nisso, hoje ele vem me visitar, conseguiu uma folga pra vir me ver.

-Olha ele deve te amar muito né? seus irmãos?

-Sim, eles me amam, mas faz tempo que não nos vemos, por isso estou ansiosa com a chegada do Ed.

-Entendo – ela olha no relógio no pulso – tá na hora de voltarmos.

-Então vamos – aquela conversa até me deixou mais tranquila, acho que hoje tentaria falar com Edmundo sobre a conversa que tive com Aslam.

_A noite_

Estava tudo preparado para a chegada de Edmundo, o quarto de hóspedes que mal usava, estava intacto com poeira acumulada. Passei a tarde inteira logo no meu dia de folga limpando cada canto daquele grande quarto.

Sons altos na porta indicavam a chegada dele, mesmo cansada saí correndo para abri-la, olhando para o rosto de Edmundo seu semblante parecia cansado. Puxei uma de suas mãos para dentro, peguei suas coisas colocando em cima da poltrona.

-Irmão, quanta falta senti de você – ele me deu um abraço apertado e me soltou.

-Também estive sentindo sua falta, mas o trabalho toma muito do meu tempo.

-Depois conversamos sobre os nossos trabalhos, mas antes quero muito falar algo com você, mas tenho plena certeza que ficará muito irritado, muito antes de começar a explicar

-Claro, mas do que se trata? Só assim, decidirei se ficarei ou não irritado – seus olhos se cravaram nos meus, seus lábios ficaram cerrados em uma linha fina.

-Sobre Nárnia.

-Você havia me prometido não falar mais de Nárnia, por favor me faça um favor e não toque nesse assunto nunca mais – Ele me corta antes mesmo que pudesse começar

-O seu problema é que nunca me escuta, dá para pelo menos me ouvir primeiro? – pergunto ansiosamente enquanto ele somente assente com a cabeça.

-Ultimamente ando tenho sonhos sobre Aslam e Caspian.

-Caspian? Não faz sentido, foi só um sonho.

-Não parecia só um sonho, tudo nele parecia real demais.

-O que exatamente acontecia no sonho?

-Aparentemente em Nárnia um feiticeiro há muito tempo foi congelado, só que agora ele despertou e novamente todos estão em perigo.

-Feiticeiro? Nós matamos a última feiticeira que existia, agora tenho a plena certeza que isso não passa de um sonho. São coisas da sua cabeça.

-Estou dizendo a verdade, aquele sonho parecia ser realmente real, dá para pelos tentar acreditar no que estou te dizendo?

Ele suspira pesadamente enquanto passa as mãos entre os cabelos.

-Vou ter que chamar Susana e Pedro, você não está em pleno juízo.

-Novamente está repetindo sua atitude de quando erámos crianças, sabe o quanto isso parece irritante?

-Aquele dia foi diferente, o que você está tendo são apenas sonhos entenda.

-Você não mudou nada depois de tantos anos, estou realmente acreditando que aqueles sonhos são reais.

-Sei que depois de todos esses anos tem se sentido sozinha... e compreendo que não tenho sido um dos melhores irmãos, mas não consigo acreditar no que está dizendo. Porque estaria novamente em perigo? Caspian realmente falou com você em seus sonhos? Aslam estava pedindo socorro?

-No sonho, Aslam me dizia que Nárnia está ameaçada por esse feiticeiro, o nome dele é Robin Heiden, e que somente umas das filhas de Eva poderia mudar o destino de todos.

-Então ele disse que somente a única filha de Eva poderia ajuda-los... Que é você?! – pergunta ele apontando o dedo indicador em minha direção – e o que você respondeu?

-Disse que iria.

-Então porque ainda está aqui?

-Porque ele disse que só no desejo real do meu coração ele saberia a verdade.

-E qual é o seu desejo?

-Esse é exatamente o problema, não sei o que meu coração quer. Por um lado, quero ir e fazer o possível para ajudar, mas ao mesmo tempo não quero ficar longe de vocês, que são minha família – digo com a voz trêmula.

Ele chega mais perto e me abraça.

-Acho que por hoje chega desse assunto, vá descansar enquanto isso vou arrumar as coisas no quarto ok? – pergunta ele se levantando me puxando junto consigo.

Andando pelos corredores em direção ao meu quarto, não conseguia parar de pensar sobre a escolha que deveria tomar. Somente o desejo sincero do meu coração poderia tomar a decisão correta.