What is she doing now?

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— Millie eu... — a garota se virou e me encarou confusa. — Desculpa, eu pensei quando e fosse outra pessoa. — ela assentiu e se virou contra mim, andando depressa.

Droga.

Millie P.O.V.

Alguns minutos antes

Sentada em uma das filas de cadeiras, eu esperava a primeira chamada para o vôo. O que não demoraria muito. Meus pés entravam em atrito constante com o chão, eu estava ansiosa demais. Mordo meu lábio inferior, pensando no que eu estava fazendo. O que as pessoas iriam falar quando estivesse de volta? Como iria me explicar para os meus amigos e meu braço direito no escritório e também amigo, Jaeden. E se eles me odiassem?

Quem se importa. Eu me odeio mais nesse instante. Talvez o certo fosse nunca ter voltado. Eu tinha uma vida boa. O que me motivou a ter pisado nessa merda, de novo? E pior eu nem tinha um motivo sólido pra voltar já que meus pais já tinham morrido.

Meus pais...

Eu perdi os seus últimos cinco anos. Tá, eu construí uma carreira, mas sem eles isso parecia ter pouca importância. Nunca foi exatamente sobre eles, sim sobre mim. Eu me mudei pra cá de novo, por culpa. Culpa de ter deixado essa cidade às pressas e ter dado só um último abraço neles. Só um. Eu me lembro perfeitamente bem de quando Noah me ligou, alguns minutos depois do acidente, dizendo o que tinha acontecido. Eu só fui atender duas horas depois, porque  estava no meio de uma reunião. Graças a isso, eu perdi seus últimos suspiros. Eles permaneceram vivos mais três horas. Eles faleceram juntos, quinze minutos antes de eu retornar a ligação. E isso? Eu não vou me perdoar nunca.

Passei o olho em volta da recepção e me lembrei da última vez que os vi, nesse mesmo lugar, que não tinha mudado muito, além do desgaste da parede, que foi reparado por agora. Aquele abraço de despedida... Tão caloroso. Eu gostaria de viver naquele abraço. Ter permanecido nele por mais alguns minutos. Na verdade, no meu íntimo, eu gostaria de ter eles até hoje. Mas quem garante que se eles ainda estivessem vivos eu teria voltado? Eu não sei.

Embarque para o vôo 325, primeira chamada. A caminho de Los Angeles. Vôo 325, primeira chamada.

Fechei meus olhos com força e agarrei minha bolsa. Não era mais tempo de arrependimentos. Eu tinha que pensar no agora. Infelizmente, as duas pessoas que eu mais amava e os que mais me amavam também, já se foram. É hora de virar a página.

Eu pensei que tivesse uma pessoa pra ocupar esse vazio no meu peito, que gritava todos os dias... Todos os dias. Mas ao parecer, eu não tinha. Acho que nunca tive. Ele só me machucou mais uma vez, e de repente, doeu mais. Doeu muito mais. Porque eu me deixei levar novamente.

Tirei os cabelos da testa totalmente decidida, e me guiei até a sala de embarque. Já chega de tudo isso. Dessa autopiedade. Eu vou ficar bem, mesmo que seja sozinha.

Uma moça morena, verificou a passagem, e permitiu a que eu passasse. Caminhei decidida até o avião, e finalmente me sentei. Ali me levaria para a minha nova versão de mim mesma, eu espero. Tudo tem que dar certo, pelo menos uma vez.

Mesmo que meu coração parecesse sair pela boca, e minha nuca queimava de medo de não dar certo, eu continuei. Me virei para a janela, e me imaginei num mundo paralelo, onde tudo pudesse ser diferente. Talvez eu amasse outra pessoa. Quem sabe alguém que me amasse de verdade.

Ou então ele. Porque eu não conseguia tirar o seu rosto da minha mente. Mas a imagem do vídeo se repetia. Ele de costas, beijando outra pessoa que não era eu.

— Acho que meu assento é esse. — ouvi uma voz desconhecida, e logo alguém se sentou do meu lado. — Boa noite. — me desejou.

O que há de boa nela?

She And He | FillieOnde histórias criam vida. Descubra agora