She And He | Fillie

Last Time

Millie P.O.V.

Era sábado. Já havia passado alguns dias desde aquela ligação, e eu sentia meu estômago embrulhar sempre que pensava nela. Será que eu fui muito precipitada? Eu deveria ter ficado na linha. Mas agora já foi, de qualquer forma. Nem sei porquê me culpo tanto assim, é passado.

Passado Millie, esqueça. Repetia pra mim mesma, antes de me jogar no sofá com um balde de sorvete. Caramba, meus finais de semanas aqui antes, costumavam ser mais agitados. Além do Finn, minha cabeça estava totalmente no Noah. No caso dele com o homofóbico. Acho que eu devia comparecer a corte talvez... Mas eu seria tentada a ficar lá. Melhor não. Mas especular sobre com Jaeden, que cuida agora do caso, não me parece ser uma ideia tão ruim.

Ou é? Talvez... Melhor não. Ele deve achar que eu queira de volta. Sendo sincera, eu quero muito. Sinto como se tivesse destruído toda a minha relação com meus melhores amigos. Eles mal me mandaram mensagens depois que saí. Será que fui uma tremenda idiota de não ter me despedido? Mas as circunstâncias pediam algo assim, foi meu mecanismo de defesa.

Mas eles não podiam fazer uma ligação? Me sinto abandonada. Eu não tenho amigos aqui. Até tenho, mas não como eles. Eu só queria que eles viessem comigo. Seria bem menos solitário. Mas poxa? Nem uma ligação?

Forcei a colher contra o pote vazio de sorvete, e revirei os olhos. Me levantei e fui até a geladeira, buscar outro. Los Angeles era quente essa época do ano.

Talvez fosse melhor eu só deixar que tudo fluísse. Melhor distrair a mente assistindo um filme ou algo assim.

Finn P.O.V.

Jogado na cama a dois dias, eu nem conseguia fazer contato visual com alguém. Quer dizer, eu poderia, mas tenho ignorado todas as ligações de todos os meus amigos. Porém hoje, eu decidi que vou me levantar. Não pra fazer algo interessante, como uma festa, só pra tomar um banho mesmo.

Aquela mulher sugou todas as minhas forças. Porra Millie, dava pra você me dar uma segunda chance? Eu só, não vou mais atrás. Ela está no seu direito, tentamos uma vez e não deu certo. Por que é que eu tentaria de novo? Como se dores de cabeça não fossem suficientes. Eu a amo de todo o coração, mas acho que tenho que aceitar que acabou. Quem sabe um dia eu supere.

Abri a porta da geladeira agarrando um galão de leite, e bebendo no bico. A casa dos meus pais era tão confortável, que até poderia me acostumar aqui. Claro, se eles ficassem pra sempre fora. Passei as costas das mãos sobre meus lábios, e o devolvi. Puxei uma cadeira próxima ao balcão e me sentei, pensando se o dia estava quente o suficiente para por a água do banho na temperatura ambiente.

E então, de repente — como sempre — meus pensamentos voaram nela. De rompante, senti-me triste e nostálgico. Eu queria beijá-la, a sentir. Que droga, eu tinha mesmo que ser assim? Ela já se desiludiu e com total direito, por que eu ainda não fiz isso?

Sei lá de qualquer maneira, vou lhe dar espaço. Quem sabe nos reencontremos de novo daqui a uns cinco anos.

Me levantei decidido, mesmo sentindo que meu corpo implorava por ficar mais alguns minutos na cama, após as péssimas e poucas horas dormidas. Subi para o meu quarto, e abri a porta do banheiro da suíte. Tirei meu calção e entrei em baixo da água, que escorreu pelo meu corpo de forma relaxante, acalmando meus músculos cansados. Me enrolei na toalha após o banho, e com outra em torno do pescoço, pressionei meus cabelos numa tentativa quase válida de os secar por completo. Olhei por cima dos meus ombros, e meus olhos focaram diretamente no nome Noah piscando na tela de mensagens. Dei de ombros, procurando algo para vestir no guarda roupas.