Capítulo 4

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Ao entrar na escola, me deparei com os mais diversos olhos voltados para mim. Todos já sabiam e dessa vez não eram apenas boatos, eles tinham provas. Me senti extremamente vulnerável, se não fosse a mão da Yara entrelaçado na minha, eu sairia correndo daqui.

Os cochichos e comentários sobre mim, me fazem querer gritar para que todos calem a boca, mas eu sinto que nem se pudesse, conseguiria falar algo agora. O medo engoliu a minha voz.

— Sarah?

Me chamou Yara, com o tom de voz irritantemente preocupado.

— Eu quero ir embora daqui.

É tudo o que consigo responder. Yara aperta carinhosamente minha mão, na esperança de mar um pouquinho mais de coragem, e entra na sala de aula comigo. Yasmin estava sentada em cima de uma das mesas, sorrindo e conversando como se nada estivesse acontecendo.

— Bom dia, gata.

Ela diz se direcionando a mim, com uma piscadela que me faz querer lhe dar um soco.

— Você está por trás disso, não está?

Yara questionou séria, enquanto eu não ainda tentava formular um frase na minha cabeça.

— Disso o quê? Eu não fiz nada.

Ela responde, ainda com o sorriso cínico no rosto. Tenho vontade de arrancar ele dali a força.

— O que você ganha com isso?

Yara grita na cara dela e sem resposta me leva até a minha mesa. Yasmin apenas ri com os outros.

A professora entra e cumprimenta todos, em seguida seu olhar cai sobre mim. Ela me julgava com o olhar e ela não é a única que está fazendo isso.

- Acho que você deveria falar mais baixo, professora. Depois da noite de ontem, a sapatão ali deve estar de ressaca.

Ouço alguém falar, mas de tão nervosa não vejo quem. O restante da turma começa a rir, a professora finge não ver o que está acontecendo. Babacas.

A aula começa e eu apenas afundo a cabeça entre meus braços sobre a mesa, definitivamente, quero ir embora.

Após o fim das primeiras aulas, Yara me acorda e avisa que já estamos no intervalo. Eu nem me dei conta que dormi durante as aulas, mas pelo menos assim, evito os olhares e comentários.

— Eu tenho uma má notícia.

Yara me fala apreensiva.

— Não deve ser pior que o vídeo.

— É sobre ele, na verdade. Eu descobri que Yasmin mentiu que você a embebedou e que só por isso ela te beijou; ela também jura que é heterossexual e que jamais daria em cima de você.

Enquanto Yasmin, falava o ódio dominava cada célula do meu corpo. Uma parte de mim quer gritar e contar a verdade para todo mundo, mas outra me diz que não vale a pena me expor ainda mais. Até porque ninguém acreditaria em mim nesse momento.

— Quer ir embora? Eu posso ligar para a minha mãe.

Yara pergunta carinhosamente, enquanto pega minha mão. Ela me olha com um olhar tão afetuoso, que sinto que só ficando com ela eu vou me sentir segura agora.

— Eu quero. Não aguento mais ficar aqui.

Respondo, quase que em súplica, e ela sorri enquanto pega seu celular. Ela fala com a mãe e ao desligar, me manda pegar as minhas coisas, pois ela já estava a caminho. Caminhamos para a secretaria, para esperar por Edna. Ela primeiro teria que assinar uma ata, esclarecendo que nos pegou mais cedo na escola. É apenas uma medida de segurança.

Arte, Café e Menta | ⚢︎ [Em Andamento]Onde histórias criam vida. Descubra agora