não posso sorrir sem você

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As primeiras semanas de Maite de volta ao trabalho foram pesadas, haviam muitas coisas acumuladas e muitas decisões a serem tomadas de pronto, ela mal podia respirar. Blair também havia pego outros grandes projetos logo para o começo do ano então ambas estavam sobrecarregadas, sem perspectiva de respiro.

Porém, o que servia de alívio para Maite era ter Alfonso sempre ali para ela quando precisava. Claro que haviam noites em que ambos estavam involucrados em seus próprios projetos. Alfonso era um profissional de primeira e isso implicava também sacrificar algumas noites de sono ou algum tempo com a namorada em prol do término de algum relatório ou problema a ser resolvido de última hora.

O melhor jeito que encontraram era se falarem por chamadas de vídeo. No começo era estranho, principalmente para Maite, que sentia falta de sentir seu cheiro e tocar sua pele. Falar com Alfonso através de uma tela de celular até lhe tirava a paciência, isso acontecia sempre quando a ligação falhava ou atrasava um pouco. A solução era se despedir e ligar pelo modo convencional mesmo. A Alfonso também lhe incomodava estar um pouco distante de Maite, mas entendia que havia semanas em que realmente era difícil conciliar profissional e pessoal.

"Sério, eu disse a ela essas exatas palavras: 'não envie esse corte para o cliente, ainda está cru e ele não vai entender o conceito', mas ela enviou e virou uma confusão de mal-entendidos e agora tenho que lidar com mais essa amanhã cedo. Talvez tenhamos que começar tudo outra vez, caso eu não consiga vender a minha ideia, que era uma ótima ideia diga-se de passagem, ao cliente." Maite relatava furiosa a Alfonso, enquanto tirava o casaco de frio, ao passar pela porta de seu apartamento.

"Aposto que ele vai entender seu conceito, Mai. Explique bastante didaticamente e mostre sua ideia final, ele não terá alternativa a não ser te deixar terminar o que começou." Aconselhou ele, do escritório.

"Talvez." Ponderou. Maite deixou o aparelho na bancada da cozinha e foi até a geladeira buscar água. "Não acredito que você ainda está aí no escritório, sozinho." Lamentou ela, se aproximando do celular outra vez.

"Eu sei, mais uma noite adentro tentando finalizar outra pauta para a reunião de amanhã à tarde, pelo menos tenho a sua companhia e a do zelador" Ele deu um pequeno sorriso e Maite o acompanhou. "Mal posso esperar por sábado"

"Nem eu. Sinto falta de te ver todos os dias, digo, pessoalmente." Lamentou ela.

"Eu também, meu amor." Concordou Alfonso. "Mas sábado tenho uma surpresa para você, prometo que vai gostar."

"Ai por favor me diga que vai me trazer sorvete e ficaremos o dia todo abraçados no sofá...ou na cama" Ela riu, indo pra sala. Alfonso recostou na cadeira e se deixou relaxar por alguns minutos.

"Você é muito preguiçosa, sabia?" Ele riu. "Te levarei para sair, como um casal normal" Ela abriu um largo sorriso.

"Como em um encontro?" Perguntou, ansiosa. Ele riu.

"Como em um encontro" Afirmou.

"Onde?"

"Aí já não posso te dizer os detalhes, é surpresa, lembra?" Ela revirou os olhos e ele desejou estar lá para poder lhe roubar um beijo, pois adorava quando ela ficava enfezada. Se contentou em morder os lábios, quase podendo sentir a maciez dos dela nos seus. "Por que sempre te vejo assim, sinto coisas e te amo mais?"

"Que coisas?" Perguntou ela, sugestivamente, arqueando uma das sobrancelhas.

"Coisas que gostaria de dizer no pé do seu ouvido enquanto tiro toda sua roupa lentamente" Respondeu ao tomar o celular nas mãos e trazer bem perto do rosto para que somente ela ouvisse. Maite se arrepiou ao ouvir aquilo e fechou os olhos, imaginando estar junto a ele naquele momento.

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