baby, está frio lá fora

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Alfonso encarava Maite irritado, por não saber o que estava acontecendo no momento. A raiva não estava direcionada a ela, mas ela não sabia disso.

"Era ele sim, era Robert." Confirmou Maite, com um suspiro. Ela ajeitou o roupão e foi até a porta e a fechou. "Ele me seguiu um dia desses do trabalho e encontrou meu endereço. Achei que era você e que tinha esquecido a chave, por isso atendi." Explicou. Alfonso observava a mulher, tentando entender o que sentia.

Sim, havia a raiva de encontra-lo pela primeira vez, o ultraje por saber que eles tinha tido a cara de pau de aparecer na porta de Maite, a surpresa acima de tudo, mas havia algo novo ali, algo que deixava um gosto amargo na boca. Ele não gostava do que sentia, isso era certo, mas, se excluísse todos os demais sentimentos, o que restava era...ciúmes.

"E o que ele veio dizer?"

"O de sempre. Que está arrependido, que me ama e me pediu para voltar para ele." Contou.

"E então?" Maite franziu o cenho, sem entender o que ele queria dizer. "O que respondeu?"

"Que besteira, Alfonso, sabe que estamos juntos, não quero nada com Robert." Respondeu, óbvia. Ele respirou mais tranquilo. Ela continuou. "O que achou que diria? Depois de tudo que passei com ele...você sabe mais do que ninguém os efeitos que ele deixou ao passar pela minha vida."

"Eu sei, eu sei. Não estou pensando direito, eu acho" Ele disse, se sentando no sofá dela. Ela se aproximou de onde ele estava e passou os dedos pelo cabelo bagunçado pelo vento dele. "Me desculpe por entrar daquele jeito aqui, não tinha o direito."

"Ei, fique tranquilo, está tudo bem." Ela assegurou, dando um pequeno sorriso. Ele ergueu o olhar encontrando o de Maite e, como mágica, os pensamentos confusos foram se dissipando até restar apenas as certezas que já levava consigo. Maite o amava e ele a amava de volta. Eles estavam juntos e Robert, ainda que um pé no saco, era passado. "Eu fiquei irritada também quando o vi, mas acredito que finalmente ele entendeu que o nosso já não pode ser, que tudo acabou, deixei tudo bem claro. Contei que estamos juntos." Alfonso ergueu a sobrancelha ao ouvir aquilo e não pode evitar um sorriso pequeno em seu rosto.

"Contou? E como ele reagiu?"

"Mal, mas era de se esperar." Maite deu de ombros e se sentou no colo de Alfonso. "Estamos bem?" Perguntou, com as mãos no rosto dele e olhando-o fixamente.

"Estamos bem. Fiquei preocupado com você, com o que ele poderia ter feito enquanto estavam sozinhos."

"Robert só queria conversar, está perdido." Explicou, convalescente.

"Olhe só você, se preocupando até com aquele idiota que quebrou seu coração e te causou tanto dano." Observou ele, encarando os olhos escuros frente aos seus. "Você é um anjo"

"Foi você que me salvou, o que está dizendo? Talvez você seja meu anjo." Rebateu ela, sorrindo. Sem ter o dizer diante daquilo ele simplesmente a beijou lenta e apaixonadamente.

Enquanto Maite terminava de se arrumar, Alfonso aproveitou para beber água e, ao chegar na pequena cozinha da namorada, se deparou com uma touca de lã escura, em cima da bancada. Não parecia com as que Maite tinha, mas mesmo assim a pegou e pendurou no gancho perto da porta, onde normalmente ela guardava os casacos, cachecóis e toucas. 

Com o clima melhor e com um dia todo pela frente, Maite e Alfonso pegaram a pequena estrada que levava até a casa dos pais dele. Durante o caminho, Maite tagarelou, tentando compensar o nervosismo que crescia a cada minuto que passava. Sabia, no fundo, que talvez não precisasse estar daquele jeito, mas iria conhecer os pais dele, era algo importante.

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