Mais Que Palavras

eu não preciso saber como eu me perdi no seu amor

DOIS MESES DEPOIS

Se alguém tivesse dito a Maite pouco mais de um ano atrás, depois ter vivido o momento mais sombrio de sua vida, o estranho que a salvou e a impediu de cometer o seu maior erro se tornaria o grande amor de sua vida, ela provavelmente riria ou então simplesmente não acreditaria. Ela realmente tinha saído por cima nessa. E como.

Durante todo o tempo que passou com Alfonso, dormindo e acordando com ele, Maite percebeu uma coisa: ele era uma pessoa matinal. Ele tinha sua rotina de manhã já certa; ele acordaria mais cedo para preparar seu café – e o dela – quando tinha mais tempo, ele saía para uma corrida rápida de uma hora e voltava a tempo de vê-la despertando ou saindo do banho da manhã com um sorriso no rosto e energia contagiante. Por sua vez, Maite gostava de aproveitar o máximo que podia na cama, se preparando psicologicamente para o dia que enfrentaria. Talvez seus costumes se tornassem um problema no futuro, mas tudo o que Alfonso pensava quando acordava ao seu lado é que ele gostaria de observá-la mais um tempo antes de iniciar sua rotina. Soava estranho, mas na verdade não era. Maite era o amor que nunca tinha sentido antes e o tom fraco da manhã vazava pela cortina mal fechada na noite anterior e ela estava não linda, mesmo que seu cabelo estivesse por todo lado e um lado de seu rosto estivesse vermelho do travesseiro.

Ele a amava, o resto não importava.

Nessa manhã, Maite estava enroscada na curva de seu corpo, algo que ela encontrou com facilidade quando começaram a ter mais intimidade e desde então nunca o deixou. A cabeça descansava suavemente no espaço macio entre o pescoço e peito dele, pernas entrelaçadas com as dele e uma mão ou embolada em sua camiseta que usava para dormir ou com as pontas dos dedos inconscientemente acariciando sua pele morna. Era a melhor maneira de pegar no sono, ele descobriu, e se tornou a única forma que conseguia dormir bem. Ele chegou a lembrar das primeiras vezes em que pegaram no sono juntos. Ele notou que dormiu melhor, se sentiu mais feliz quando acordou também, revigorado. Claro, sexo era incrível, mas tê-la buscando por ele no meio da noite institivamente? Paraíso.

A mão de Alfonso passeou pelo cabelo de Maite, seu nariz tocando suavemente o dela, enquanto ele sorria contente. Seu coração batia animado dentro dele. Seus dedos ficaram presos em um dos nós de seu cabelo, mas ele os livrou com destreza, descendo-os para sua bochecha. Os lábios de Maite mexeram um pouco.

Ele gostaria que seu eu de anos atrás pudesse ve-lo agora. Como, após várias tentativas de encontrar amor em pessoas estranhas por aí e depositar sua confiança em quem não retribuía o mesmo sentimento, ele finalmente encontrou quem o fazia feliz por completo. Por tentativa e erro ele havia chegado aqui, para poder encontra-la também. Ela o havia deixado amá-la. E ele a havia deixado amá-lo também. E aqui eles estavam.

Esse era o lugar particular deles, na cama dela ou na dele, o sentimento que os unia era mais forte que já havia sentido antes. Mas agora eles tinham um lugar deles, então era mais especial ainda. E continuaria a ser deles por quanto tempo ela permitisse (ele secretamente esperava que ela permitisse para sempre). Quase dois anos juntos. Parecia uma eternidade, como se ela sempre tivesse estado ao seu lado. Ele mal lembrava de sua vida antes dela, quão maluco era isso? Parecia um minuto.

Maite suspirou e se aconchegou ainda mais nele, um sinal claro de que sua mão sobre sua pele e o sol fraco da janela estava acordando-a. Ele não queria que esse momento tivesse fim. Alfonso fechou seus olhos também e a envolveu para senti-la mais perto dele. O sorriso sonolento de Maite esticou contra a pele do pescoço dele e ele a sentiu sua perna roçar deliciosamente na dela. Ele riu levemente, estavam apenas se abraçando agora.

"Essa é sua tática para eu não ir trabalhar?" Ele murmurou, ainda de olhos fechados. Ela apenas o beijou onde alcançava, seu pescoço. Era um sim. "E se eu tiver que ir ao banheiro?"