branca como a neve

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"Alfonso, é sério. Eu vou descer" Maite dizia, entre os beijos que recebia de Alfonso. Sua vontade naquela hora era de ficar ali para sempre, seus beijos eram como dopamina e a entorpecia o corpo todo, deixando-a num estado de puro deleite, porém focava na ideia de aproveitar a neve  o quanto podia, ela amava a neve e não podia deixar esse momento passar. "Alfonso" Ele murmurou de volta, ocupado com a boca em seu pescoço, subindo lentamente para seu queixo e logo tomou seus lábios outra vez. Ela o beijou por mais um instante e, então, reuniu toda força de vontade que lhe restava e o afastou. "Vou descer" Disse rapidamente enquanto escorregou por debaixo do corpo dele para fora da cama.

"Vai me abandonar, de verdade?" Choramingou. 

"Eu ficaria se não estivesse nevando, meu amor" Maite respondeu, enquanto ajeitava o cabelo rapidamente. "Não sinta muito a minha falta, eu volto já" Ela jogou um beijo no ar e saiu animada.


Apesar da pequena demora de Maite, ainda havia neve o suficiente para brincar com as pequenas. Alfonso se contentou em ficar do lado de dentro, na sala, observando a folia com risos silenciosos dentro de casa. Maite realmente estava se divertindo com suas sobrinhas e isso o deixava feliz. Vê-la tão bem após o que havia passado nos últimos meses era tudo o que havia pedido desde que a conheceu. De repente, ele se pegou pensando na grande aventura que havia se tornado sua vida desde que a encontrou na ponte, prestes a cometer uma loucura por uma pessoa que não a merecia. O riso de Maite se misturava com os das crianças e de Serena, que brincavam de guerra de bolas de neve. Alfonso não poderia estar mais satisfeito com a imagem que tinha diante de si. 


"Ela é tudo o que você disse que seria e mais, meu filho." Andrew comentou, pegando Alfonso de surpresa na sala. "Ela é... algo especial." disse, parando ao lado dele, agora também observando a festa que acontecia do lado de fora.

"Eu sou tão sortudo, pai. Você não tem noção" Andrew deu um sorriso e concordou. "Sério, ela é tão inteligente e me faz rir, também tem esse sorriso e olhos que são impossíveis de ignorar."

"Falou como um verdadeiro apaixonado, Alfonso. Ela te pegou de jeito, pelo que vejo" 

"Você não faz ideia" Alfonso riu, ainda com o olhar fixo na namorada, que corria na imensidão branca enquanto tentava se esquivar dos ataques das gêmeas e de Serena. 

"O que está fazendo aqui, que não está com ela aproveitando a neve?" O pai quis saber. 

"Queria só dar um momento para ela aproveitar a neve sozinha, que esse momento fosse só dela. Ela adora a neve, sabia?"

"Estou sabendo agora" Andrew disse. Nesse momento, Ryan apareceu, acompanhado de Rosa, carregando um cesto de flores. 

"O que os dois estão espiando aí...Ah, as meninas foram para a neve?" Ryan perguntou, esticando o pescoço para ver a bagunça de fora. "Fica difícil saber quem é a criança" Todos riram. Rosa já buscava por vasos para colocar as flores. 

"Alfonso, você acha que Maite irá gostar dessas flores brancas? Ela me pareceu encantada quando as mostrei ontem." Quis saber Rosa. Alfonso desviou o olhar de Maite e se virou para a mãe. 

"Ela vai amar, mãe." Ele se aproximou para olhar de perto o que a mãe havia colhido. "Estão lindas, nem parece que é inverno."

"São os benefícios do jardim coberto e de muito adulbo, meu filho." Alfonso assentiu e começou a ajudar a mãe a separar os ramalhetes. Quando terminaram, Alfonso se agasalhou e saiu neve a fora, indo de encontro à festa de neve. 

Serena e Maite, com a ajuda das gêmeas, haviam construído um pequeno castelo e um boneco desengonçado, que teimava em ficar torto. Maite já havia brincado de guerra de bolinhas, pega-pega e até feito o tão sonhado "anjo" na neve. Mas ainda tinha energia para terminar o boneco. 

"Tia Mai, acho que nosso Olaf está meio torto" Comentou a pequena Julie. Melissa e Serena haviam saído em buscas de gravetos para os braços e nariz. Maite deu uma boa olhada no ser de neve e concordou. 

"Acho que devemos deixar ele assim, do contrário, irá cair e teremos que refazer tudo." Julie fez uma careta, queria ver o boneco pronto logo. "Talvez ele esteja um pouco...Cansado. É, talvez ele esteja cansado" Julie observou mais um instante e deu de ombros. 

"É, coitado, ele não aguenta mais ficar de pé, né Tia Mai?" Maite concordou, dando batidinhas no topo da cabeça do boneco para firmar. 

"Cansado?" Alfonso perguntou, surpreendendo as duas. Ele se juntou ao lado de Maite, a quem lhe recebeu com um selinho. Julie se alegrou ao ver o tio presente. 

"Tio Alfonso! Olha o que fizemos"

"Eu vi, Julie, quem é seu novo amigo?"

"Olaf né, tio! Igual ao do filme" A pequena respondeu, óbvia. Maite riu. 

"Percebe, Maite, a insolência familiar?" Alfonso questionou, fingindo incredulidade. Julie deu de ombros, acostumada com as coisas que o tio dizia e voltou a dar atenção ao boneco a sua frente. Serena e Melissa apareceram em meio a alguns arbustos. 

"Achamos os braços!" Melissa anunciou, correndo para perto da irmã. Logo, as duas ficaram entretidas medindo qual o melhor lugar para espetar o boneco. Serena se juntou à Alfonso e Maite. 

"Por Deus, quase não encontro esse bendito graveto. Nenhum graveto era bom o suficiente para Melissa. Essa criança ainda vai me deixar louca." Serena comentou, ajeitando a touca de lã que usava. "Ora, ora, quem resolveu aparecer" Alfinetou, se dirigindo ao irmão. 

"Antes tarde do que nunca, não é, irmã?" Ele respondeu. "Além do mais, alguém precisava salvar o pobre do Olaf das mãos de vocês. O coitado está até torto"

"Fizemos como pudemos, ok? Não venha criticar" Serena rebateu, fazendo Maite interferir. 

"Em minha defesa, eu não sabia que podia ser tão difícil fazer uma bola de neve gigante como essa." 

"Bem, o importante é que as meninas amaram" Serena continuou. Alfonso deu de ombros. 

"É, dá pro gasto. Da próxima vez, eu farei o Olaf, ok?" A irmã lhe mostrou a língua e saiu para ajudar as filhas com o nariz, que ficava um pouco fora do alcance das crianças. Ele abraçou Maite, que o abraçou de volta, com os braços envolta do pescoço. 

"Achei que não fosse descer" Ela comentou. 

"Depois que vi o que fizeram com o pobre Olaf, senti que era meu dever salvar o dia." Maite riu. 

"Mas você não vai arrumar o Olaf, então essa desculpa não colou." Dispensou ela, brincando com a touca de lã cinza grafite que ele usava. 

"Está certo. Eu confesso que vim porque queria ficar com você aqui fora. Vi o que fez" Ele disse, apontando para o formato de anjo cravado no chão ao lado deles. "Anjo, uh?"

"Eu mesma, a própria querubim." Alfonso riu, depositando um beijo na ponta de seu nariz. 

"Se eu te disser que você realmente parece um anjo, você vai acreditar?" Ele disse. Maite se aproximou de seu rosto, ficando na ponta dos pés. 

"Apenas vou dizer 'cuidado com o anjo'". Alfonso riu outra vez, tomando seus lábios em um beijo suave. 

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