é como se o sol tivesse surgido...

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"Ei, achei que não iria ligar" Maite começou, assim que atendeu a chamada. Alfonso sorriu com a consideração. 

"É ação de graças, é claro que eu ligaria." Maite sorriu e ele continuou. "Como foi o dia? Blair disse que você passou o dia cozinhando."

"O que mais vocês andam falando pelas minhas costas hein?"

"Tirando o nosso grande plano para dominar o mundo, nada muito importante." Ela revirou os olhos, sem acreditar que ele manteria em segredo suas conversas com sua melhor amiga. "E então? O que ela disse foi verdade?"

"Sim, passei o dia cozinhando e não sabe o trabalho que dá ter que dar conta de toda uma refeição. Não quero nem imaginar como será quando eu tiver minha própria casa" Ela se jogou no confortável sofá e se deixou afundar em meio às almofadas. 

"Ah, isso é fácil, você terá ajuda do seu marido, ué." Alfonso disse, calmo. "Eu gosto de cozinhar, adoraria compartilhar isso com minha mulher."


Aquele poderia ter sido um comentário inocente, do cotidiano, mas ambos sabiam que sempre haveria um significado dúbio para o que diziam. Era como se conversassem em outra língua, dizendo sem dizer, até um dos dois tomarem coragem de dizer o que realmente querem dizer. 

"Você diz que adora cozinhar, mas até hoje, depois de todas as vezes que você veio aqui para passar o tempo, nunca fez nada para mim." Maite protestou.

"Não seja por isso, você quer que eu lhe faça algo? É só pedir." Ele respondeu. "Um jantar? Um brunch?"

"Agora estamos falando a minha língua" Alfonso riu e ela continuou. "Um brunch, no domingo?" Disparou. Era uma quinta feira. 

"Fechado."

"Vou chamar Blair e Nate. Blair irá enlouquecer com a notícia, Nate costuma mandar outros fazerem por ele." Explicou.

"Ele é um cara de posses, não posso culpá-lo por isso."

"Está combinado então, um brunch no domingo." Alfonso fez uma nota mental das coisas que iria precisar antes de domingo. "Falando em brunch, você vem para o tradicionalíssimo brunch pós ação de graças, amanhã?"

"Tradicional? Mas isso não começou esse ano?" 

"E quanto tempo tem que ser para algo se tornar tradicional?" Alfonso ficou calado, pensando. "Exatamente, se não tem tempo, pode ser desde já" Ele riu, concordando. "Certo, você vem ou vai ficar fazendo charminho?"

"Depois desse convite tão amável, claro que vou."

"Ótimo. Bem, ainda não me disse como foi o seu dia, ficamos apenas tagarelando sobre o meu."

"Foi muito bom, acabei de chegar da casa dos meus pais, a família toda estava lá e bem, foi alto." Maite sorriu ao imaginar um lugar cheio de Strauss. "A família do lado da minha mãe é italiana, então pode imaginar o que herdei."

"Italianos são ótimos, o que está dizendo? Inventavam a pizza!" Foi a vez de Alfonso rir. 

"Está certo, você tem um ponto aí."

"Eu sei que tenho. E então, o que mais? Você disse que seu pai é quem cuida da cozinha, como é isso?"

"Meu pai é chef de cozinha e ele é muito controlador, minha mãe a essa altura, já desistiu de tentar ajudá-lo." Alfonso ouviu Maite rir do outro lado e continuou. "Mas tudo se acerta, meus primos, tios e irmãos já esperam na mesa."

"Ah, deve ser muito divertido passar um dia com os Strauss." Maite comentou. 

"Eu prometo te levar qualquer dia desses lá, aposto que você mudará de opinião rapidinho."

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