você quer brincar na neve?

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O café da manhã foi histérico. As gêmeas logo desceram com Alfonso animadas para abrirem seus presentes. Maite terminava uma xícara de chá quando Julie adentrou a cozinha dando pulinhos com um grande embrulho nas mãos, indo em direção à mãe. 


"Olha, mamãe! Olha o que o papai Noel deixou para mim!" Anunciou, animada. Serena abriu um sorriso largo e afastou a cadeira para dar atenção à menina.

"Uau, Julie! Parece ser um grande presente, por que não abre para ver o que é?" A menina sentou no chão da cozinha e começou a rasgar o papel que envolvia o presente. Era uma casa de boneca e tinha todas as áreas da casa. Julie ficou encantada ao ver que ganhara exatamente o que havia pedido na cartinha ao papai noel. "E então? Gostou?"

"Eu amei, mamãe! Não acredito que o papai noel acertou! Eba! Vou mostrar para Mel" Maite riu, seguida de Serena, que via a filha sair para encontrar a irmã. Maite levantou para ver o que acontecia na sala, onde Ryan, Alfonso, Rosa e Andrew assistiam Melissa, e agora Julie, abrirem os pacotes natalinos destinados à elas. 

Após a festa matutina das crianças, foi a vez dos adultos trocarem presentes. Maite havia comprado brinquedos para as gêmeas e uma lembrancinha para cada adulto. O presente de Alfonso era um relógio que havia visto ele namorar por um tempo nas vitrines por onde passavam. Ele tinha uma pequena coleção e ela havia reparado no apreço que ele tinha pelos acessórios que adquiria. 

"Não acredito que você me comprou um relógio, Mai. É incrível, muito obrigado, meu amor" Eles trocaram um beijo breve e logo ele lhe entregou o presente dela. "Feliz natal" Disse sorrindo.

"Obrigada." A caixa era retangular e, ao abrir, Maite viu a delicada pulseira brilhando. Tinha dois pingentes pequeninos que traziam a inicial de seu nome, "M" e o segundo pingente com uma minúscula árvore de natal. "Oh, Alfonso, é linda!" Disse ao tocar os pingentes. 

"A árvore simboliza nosso primeiro natal juntos." Explicou. "O primeiro de muitos" Ela levantou o olhar para encontrar o dele e abriu um largo sorriso, concordando. 

"Vou sempre usar. É maravilhoso" 

"Gostou, então?"

"Eu adorei" Ela se esticou para um abraço seguido de um beijo apertado no rosto. "Obrigada, meu amor" 

"Feliz natal" Repetiu. 

"Feliz natal." Retribuiu ela. 


O dia seguiu preguiçoso depois do café-da-manhã. As crianças ficaram distraídas com os presentes que ganharam e os adultos ficaram espalhados pela casa, conversando. Ryan e Alfonso haviam ido pegar mais madeiras para a lareira enquanto os demais ficaram dentro da casa jogando cartas e conversando. 


"Te bati outra vez" Serena anunciou, espalhando as cartas na mesa. "Assim fica fácil ganhar"

"Ah, você só pode estar brincando." Resmungou Andrew, derrotado pela terceira vez seguida. Serena riu. "Quem te ensinou a jogar tão bem assim?"

"Oh, só pode ter sido você, papai" Respondeu ela. "Mas, sério, está ficando até chato ganhar sempre, quero um desafio de verdade" Andrew revirou os olhos ultrajado. "Maite, você joga?" Perguntou ela levantando as cartas do baralho. Maite, que conversava animada com Rosa fez uma careta e negou com a cabeça. "Ótimo, só me sobrou meu marido e o babaca do meu irmão." Reclamou entediada. Maite riu. 

"Desculpa, eu tentei por várias vezes, mas cartas não são para mim." Disse, dando de ombros. 

"É o que dizem né, azar no jogo, sorte no amor"

"Mãe!" Serena reclamou. "Tenho muita sorte no amor e no jogo, muito obrigada" Rosa riu balançando a cabeça.

"Isso é porque você faz questão de dobrar a sorte ao seu favor" Disse Alfonso, entrando seguido de Ryan, com as madeiras nos braços, cobertos por uma fina camada de neve.

"Ah, nisso você tem toda razão, irmão" Confirmou, sorrindo. "Está nevando?" Alfonso assentiu, já proximo da lareira, organizando as toras de madeira. "Ótimo, vou levar as crianças para brincarem um pouco." Disse, levantando. "Quer vir, Maite? Soube que você é nascida e criada na costa californiana, quase não viu neve na vida." Maite sorriu animada. Queria brincar na neve desde que chegou, mas o clima estava muito cruel para brincar, mas agora nevava e não havia tanto vento. 

"Claro! Eu vou sim! Só vou me trocar rapidinho." Serena assentiu. 

"Vou trocar as meninas também, te encontro lá fora, então?"

"Fechado." Maite levantou do sofá em que estava e subiu saltitante até o quarto. 


Maite fora criada sob o sol escaldante do estado da Califórnia e só havia visto a neve duas vezes na vida, ambas quando pequena. Ela amava a neve e amava o clima do natal com neve (coisa que não acontecia onde morava). Ela estava especialmente animada e tinha preparado para esse momento. Enquanto ela separava os casacos mais quentes que tinha, ouviu Alfonso adentrar o quarto. Ela mal reparou na sua presença até que ele bloqueou sua passagem para a parte do armário onde havia guardado sua bota. 


"Ei, senhor, está me bloqueando." Resmungou, o encarando, falsamente irritada.

"Você parece uma criança, sabia? Tinha que ver a sua cara quando Serena falou de brincar na neve" Comentou ele, com um sorriso nos lábios. 

"O que posso fazer? Sou uma criança presa em um corpo de adulto." Respondeu, tombando a cabeça de lado. "Agora mova seu traseiro gelado para o lado e me deixe aproveitar a minha neve" Alfonso riu dando o espaço. 

"Sim, senhora, Anna." Chamou, fazendo referencia ao filme infantil. Maite riu e pegou as botas. 

"Você não vai descer pra brincar comigo?" Ela perguntou, enquanto vestia uma sobrepele. Alfonso se jogou na cama e se virou para vê-la. "É nosso ultimo dia aqui, amanhã já teremos que ir." Lembrou. Agora se sentava na cama para vestir as meias grossas. Ele foi até ela e a puxou para o meio da cama, o que arrancou um gritinho dela. "Alfonso, se eu descer e não tiver mais nevando, eu juro por..."

"Ei, o dia está na metade e eu ainda não recebi um beijinho decente." Maite riu, tentando se desvencilhar do abraço apertado que ele havia dado. 

"E o que dizer daquele que eu dei de feliz natal, depois dos presentes?"

"Aquilo dificilmente foi decente." Lembrou, agora por cima dela. Ele olhou rapidamente para imagem à sua frente. Um emaranhado de fios negros acima e por todo lado da cama enquanto uma pele avermelhada pelo esforço e por rir dos absurdos que ele dizia dava vida ao seu coração, que batia forte dentro de si, gritando para quem pudesse ouvir que era amor o que ele carregava. "Ei" Chamou suave. Ela parou de se mexer e o encarou, agora um pouco ofegante. "Te amo" Ele a viu abrir o sorriso que ele amava e então a beijou. A beijou com o amor que tinha dentro de si, passando pela boca pelo menos um décimo do amor que sentia, na esperança que ela recebesse com tudo o que tivesse e que pudessem viver isso para sempre. 


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