Alfonso abriu a porta de sua sala confuso com os chamados urgentes de Paris e ficou surpreso por ver Maite ali, estática, tentando buscar ar para respirar. Ele se aproximou rapidamente e Paris cedeu espaço para que ele pudesse atendê-la. Maite ainda respirava com dificuldade.
"Mai, Maite.. ei" Ele checou seu pulso e sentiu a pele fria arrepiar com seu toque. Estava absurdamente rápido. Ele a moveu para o assento mais próximo, uma poltrona na área de espera e se agachou à sua frente. "Maite, fala comigo, o que houve?" Chamou outra vez. Os olhos dela lacrimejavam e se moviam para todos os lados, agitados. Ela fazia sons com a garganta, tentando puxar o ar para dentro, mas não conseguia e a deixava ainda mais desesperada. Seu rosto estava vermelho, lágrimas já caíam pelo rosto. "Mai, ei, me escute, querida, sou eu, Alfonso. Sou eu. Está tudo bem, querida." Os olhos dela reagiram à ultima frase. Encontraram os dele e ali ficou. "Está tudo bem, relaxe, você está segura agora."
Quando ele estava quase sem ideias para ajudá-la, se lembrou de um artigo na internet e resolveu por em prática. Ele simplesmente fechou os olhos e colou seus lábios no dela. No mesmo instante Maite abriu os olhos em placas, surpresa pelo ato de Alfonso. Ficaram alguns segundos assim, apenas conectados pelos lábios. Naquele momento não ouviam mais nada, só existiam os dois ali.
A primeira reação de Maite foi agarrar as mãos de Alfonso que estavam sobre seu rosto. Ele abriu os olhos e encarou os olhos escuros como duas pedras de pérolas negras por alguns instantes e então se separou lentamente. Seus olhos jamais deixando os de Maite, como forma de assegurar sua tranquilidade.
As pessoas ao redor observavam a cena aflitos. Paris havia chamado o bombeiro de plantão do prédio, que parecia não chegar nunca. O chefe de Alfonso, Peter Hale e seu assistente, Tyler, assistiam a cena sem entender o que estava acontecendo.
"Está tudo bem? Você está bem?" Maite levou alguns instantes, mas meneou a cabeça positivamente. "Certo." Ele então se virou para os demais que estavam ali perto. "Está tudo bem, gente. Ela está bem." Paris levou às mãos ao próprio coração e soltou um suspiro de alívio.
"Ainda bem" A secretária disse, notando que levava uma sacola de papel nas mãos. O sorvete de Alfonso. "Ah, ela trazia isso consigo" Ela ofereceu o pacote à Alfonso e assentiu. Antes que pudesse entender o que era, Maite interrompeu seus pensamentos.
"É sor-sorvete" Murmurou, ainda um pouco trêmula. "Quis fazer uma surpresa" Alfonso esboçou um sorriso com o gesto e se virou para o chefe.
"Está tudo bem, senhor Hale. É Maite."
"Ah, a moça que você salvou?" O homem de terno escuro se aproximou com a expressão amigável. "Não quer levá-la até o hospital, Alfonso? Ela ainda parece abatida." Maite respirava melhor, mas parecia acuada. "Tudo bem, Maite? Prazer, sou Peter Hale" Ele estendeu a mão para cumprimentá-la e ela correspondeu.
"Prazer, senhor Hale. Desculpe por tudo isso" Pediu, num fio de voz. Ele abriu um sorriso simpático.
"Não, por Deus, não é como se fosse sua culpa." Respondeu, tranquilo. "Strauss lhe salvou a vida mais de uma vez, pelo que vejo." Maite voltou a atenção para Alfonso. "Não que eu esteja contando" Ele riu breve. "Onde aprendeu a ser salva-vidas, meu rapaz?" Perguntou divertido, tentando amenizar o clima ali.
"Eu li uma vez que segurar a respiração pode parar um ataque de pânico. Então, quando a beijei..."
"Ela segurou a respiração" O chefe concluiu. Alfonso assentiu, confirmando. "Certo." Antes que ele pudesse dizer outra coisa seu celular tocou. "Oh droga, preciso atender essa chamada. Tyler venha comigo." O assistente concordou, rumando para a sala. "Desculpem pela falta de modos, mas fiquem à vontade." Maite, ainda quieta, assentiu. "Um prazer te conhecer, Maite. E Alfonso, pode tirar o resto da tarde para levá-la ao hospital"
"Está bem, senhor Hale. Muito obrigado, mesmo." Com isso, o homem sumiu sala adentro, deixando Paris com Maite e Alfonso na pequena sala. "Paris, obrigado também pela ajuda."
"Não, que isso, só fiz o que qualquer pessoa faria na minha situação." Justificou. O telefone dela começou a tocar insistentemente. "Preciso voltar para minha mesa, mas... melhoras, Maite"
"Obrigada" Pronunciou.
Por fim tudo parecia ter retornado ao status pro quo, como se não tivesse acontecido nada. Alfonso se abaixou novamente no nível de Maite e lhe acariciou os cabelos.
"Você está bem, Mai?"
"Além de mortificada de vergonha pelo o que aconteceu aqui? Sim" Ele revirou os olhos.
"Não tem nada do que se envergonhar, Mai. É uma condição médica. O que importa é que está bem agora." Ela assentiu. "Não sabia que você tinha ataques de pânico, nunca me contou sobre isso."
"É porque nunca tive. Foi a primeira vez." Maite explicou. "Não sei o que houve, mas de repente me senti vulnerável outra vez, como se estivesse na mesma situação em que encontrei Robert na outra semana. Comecei a me desesperar, ainda que soubesse que eu estava aqui para ver você" Alfonso deu um beijo breve no ombro dela, confortando-a.
"Venha, vou te levar ao hospital para ver isso"
"Não, acabei de sair de lá, não quero voltar" Protestou ela.
"Não vai ficar, não vou deixar. Me deixe cuidar de você" Pediu, olhando nos olhos dela.
Ainda que estivesse confusa pelo o que tinha acabado de acontecer, não podia negar que aquilo não era normal. Precisava, agora mais do que nunca, de ajuda profissional. Alfonso mais uma vez estava ali para ela, ao seu lado, salvado sua vida. Ela não podia ignorar isso. Ele estava pedindo para cuidar dela. Talvez ela devesse deixar que isso acontecesse.
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Joseph deixou o paciente que tratava nas mãos do residente que confiava e foi correndo atender à Maite na sala de espera.
"O que houve?"
"Tive um ataque de pânico. Pelo menos é isso o que Alfonso disse que houve. Eu só lembro da sensação ruim." Joseph assentiu, já separando os instrumentos que iria usar para examiná-la.
"Vou precisar ficar à sós com Maite, mas assim que tiver notícias, pedirei para avisarem" Disse, se virando para Alfonso, que, por sua vez, soltou a mão de Maite, se despedindo com um beijo em sua têmpora.
"Vou estar do lado de fora. Qualquer coisa é só me gritar" Maite achou fofo o gesto dele e assentiu. Viu Alfonso sair porta afora.
"Daniel não vai gostar nada de te ver aqui novamente e em tão pouco tempo" Joseph disse, assim que Alfonso saiu. Maite deu um sorriso ao lembrar do conselho do médico. Infelizmente ela não tinha cumprido com o combinado.
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Mais Que Palavras
FanficUm momento pode mudar sua vida para sempre. E Maite sentiu na pele o que é estar prestes a cometer a maior loucura e ser resgatada por um estranho que mudará sua vida para sempre.