para tudo se tem a primeira vez

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DUAS SEMANAS DEPOIS...

Era ação de graças e os pais de Maite finalmente viriam para a cidade visita-la. Na vez em que eles vieram após o ocorrido, apenas contou que havia terminado com Robert, mas foi tudo muito superficial, eles ainda não sabiam da tentativa de suicídio nem dos ataques de pânico que seguiram depois daquilo. Ela andava nervosa por ter que explicar, mas, conforme havia conversado exaustivamente com Joseph, com quem seguia religiosamente com as sessões de terapia, eles precisavam saber por uma questão de confiança. Assim como ela confiava neles com a própria vida, deveria confiar também para contar sobre o que se passava em sua vida, sendo ela boa ou não.

Naquela manhã ela parecia agitada e dispersa, Blair havia tentado de diversas formas distrair a amiga, mas não obteve sucesso.

"Não quero que eles pensem que comprei tudo, Bee" Disse Maite, ao ajustar a temperatura do forno. Ela havia arriscado uma receita que tinha visto em uma página da internet e havia visto vídeos sobre o peru com especiarias. Ela achou melhor investir em algo para que não parecesse tão mal na frente dos pais. "Mamãe trará sua tradicional torta de maçã com romãs e quero tentar fazer aquele purê de batatas que vi naquele canal do youtube."

"Você é corajosa, tenho que lhe dar os créditos." Blair elogiou, sentada na bancada enquanto observava a amiga ir de lá pra cá com um avental na cintura. "Eu mal consigo fazer um macarrão."

"Ah, mas você manda bem no café-da-manhã." Maite lembrou e Blair considerou. "Sinto falta do cheiro de waffles e panquecas frescos pela manhã" A amiga sorriu.

"É, talvez eu saiba uma coisa ou outra na cozinha." Maite sorriu para a amiga e trouxe algumas batatas para perto de onde estava. "O que é isso?"

"Batatas, crescem dentro da terra" Explicou irônica. "Descasque pra mim, por favor. Ainda tenho que buscar as encomendas para o jantar e tomar um banho antes do timer do peru apitar pela primeira vez."

"Primeira vez?" A amiga franziu o cenho, sem entender.

"É, para eu poder virar e assar do outro lado. Não queremos um peru meio assados, queremos?" Blair balançou a cabeça. "Pois é. Pra isso eu preciso tomar um banho e buscar o resto da comida."

"Ah, por que não estou indo buscar a comida? Eu gosto de buscar comida!" Maite riu e deu um longo suspiro, pensando.

"Está bem, você está livre das batatas. Dessa vez pelo menos." Blair desceu alegre da bancada que dividia a sala da cozinha e abraçou a amiga. "Ok, ok, chega de abraços e beijos, não tenho tempo pra isso."

"Você é demais e eu te amo." A amiga apenas assentiu e foi tirando o avental. "Pode ir se arrumar enquanto cuido da comida pra você."

"Vá logo antes que se atrase também. Quer horas você vai para a casa dos Archibald?"

"Nate vai passar em casa umas cinco, passaremos na casa de seus pais e depois seguimos para a casa do meus."

"Uau, que maratona" Blair deu de ombros, já estava acostumada ao vai e vem nas festividades. Ela e Nathaniel revezavam as casas para que nenhuma das famílias ficassem chateadas com a ausência do casal. "Vai sobre tempo para virem aqui? Mamãe está louca para te ver!"

"Eu sei, eu também estou louca para ver a Dona Grace e o Sr. Alexander." Maite sorriu, lembrando do carinho que os pais tinham pela jovem que acolheu a filha na cidade desconhecida. "Vou fazer um esforço, mas tudo vai depender de quanto minha mãe vai nos prender depois do jantar." A amiga assentiu, entendendo.

"Está bem. De qualquer forma, haverão sobras para sanduíches de peru amanhã." Blair juntou seus pertences e caminhou até a porta de Maite.

"E ainda me perguntam porquê te amo." Ambas riram e Maite foi soltando o laço que prendia o vestido estilo envelope que usava. "Vou buscar sua encomenda e já trago. Você foi no Saint Germain?" A morena confirmou com a cabeça e sumiu no quarto e logo reapareceu com o dinheiro na mão.

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