Sucumbindo a dor e a escuridão, Carol se entrega ao seu pior lado, fechando-se para o amor e o que sobrou das coisas boas que poderia ter no fim do mundo. Depois de se separar da sua família e sentir que era parte dos mortos, sua única motivação par...
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DIA 1.860, noite
O efeito do álcool já não é mais tão forte, depois de algumas horas sentada no sofá do que Daryl diz ser "nossa casa". Nossa casa tem uma sala de tons escuros, com a parede do centro feita de pequenos blocos laranjas, iluminação quente e móveis de cor marrom escura. É, sem dúvidas, a casa mais aconchegante em que já estive, mas acho que vejo mais de Daryl do que de nós. Imaginei por muito tempo como seria sua vida longe da realidade que vivemos, em uma casa legal e um emprego estável. Agora tenho uma pequena degustação disso.
Sentada no sofá, com a minha segunda xícara de chá em mãos, posso observá-lo sentado no chão, usando uma calça cinza e apenas isso. Ao seu redor há alguns papéis de coisas da cidade. Não sei o que são. Não me interessa. Gosto de poder observar meu marido concentrado em seu trabalho, faz com que a parte ruim do mundo pare de existir, nos prendendo nessa pequena bolha.
Depois de me carregar pela porta e me ver vomitar quase toda a bebida, Daryl me emprestou um camisa sua e preparou um chá para mim. Sinto que estou dentro de algum livro que li, vivendo uma cena romântica de um amor profundo. Gosto, especialmente, de ser a protagonista dessa história aqui. Ela é mais bonita. Ainda que tenha a impressão de estar sendo ignorada pelo "mocinho"
Inclino a cabeça e sorrio ao ver que está escrevendo. Escrevendo com a sua letra tão bonita. Esse homem poderia ganhar a vida escrevendo o que quer que fosse, apenas deveria ser pago por ter uma letra tão linda. Isso se o mundo ainda fosse o mesmo... Afinal, o que ele faz aqui?
— O que você está fazendo? — pergunto confusa, ganhando sua atenção.
— Resolvendo algumas questões do conselho — comenta, sem tirar seus olhos do caderno — nada demais.
— O que você faz aqui?
— De tudo um pouco. Cuido das questões legais com seu pai, resolvo os problemas que aparecem e administro a cidade.
— Como um prefeito?
— Se é isso que imagina... — ele bufa, rindo e balançando sua cabeça — acho que sim.
— E meu pai?
— Ele é a verdadeira autoridade aqui — comenta, voltando a rir — com distintivo e tudo.
É claro. Isso com certeza é a cara do Sr. Rick Grimes. Não poderia haver outro papel para ele além desse, por mais que seja estranho vê-lo recuperar seu cargo assim, mas começo a achar que preciso me acostumar logo com essa nova realidade. Até porque, é assim que as coisas são por aqui.
Volto a deitar a cabeça no encosto do sofá, contudo, dessa vez Daryl para de dar atenção para os seus papéis e me encara. Ele parece feliz ou satisfeito em me ver aqui. Não sei dizer com sua expressão tão indecifrável.
— Estou feliz que você está de volta — declara, fazendo-me rir pela sua capacidade de ler pensamentos. Ou quase isso. — Carol, há algo que eu preciso perguntar.