Sucumbindo a dor e a escuridão, Carol se entrega ao seu pior lado, fechando-se para o amor e o que sobrou das coisas boas que poderia ter no fim do mundo. Depois de se separar da sua família e sentir que era parte dos mortos, sua única motivação par...
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DIA 1.879, amanhecer
Há um lindo céu lilás hoje, com tons fortes do azul da noite que ainda se dissipam. Além deles, raios alaranjados tomam uma outra parte, deixando que o sol tome para si todo o lindo céu, já brilhando no alto dele. É uma visão de tirar o fôlego? Sim, sem dúvidas! Mas acho que o que me deixa mesmo feliz, é saber que meu pai não me odeia. Nenhum deles.
Viro-me um pouco e sorrio para meu pai. Ele tem seu braço apoiado em meu ombro e está sorrindo em direção ao "rei", que se despede de Henry e Benjamin. Eu amo ver esse sorriso. Amo principalmente estar aqui.
Tudo seria ainda melhor se eu tivesse meu outro pai ao meu lado também. Talvez eu conquiste isso com o tempo. Se tem algo que puxei desses dois, com certeza é a teimosia.
Quando os meninos se afastam do rei, indo em direção ao carro com Maggie e Siddiq, só resta eu a despedir-me. Forço um sorriso para meu pai, deixando claro que não fui muito com a cara do lunático. Mas fora ele viver em um reino mágico de fantasia, é uma boa pessoa. Então tomo meu desgosto junto com um pouco de falsidade e caminho até ele, "sorrindo".
Não sei se é ele que me dá medo ou a tigresa ao seu lado, balançando seu rabo e me encarando fixamente. Seus olhos estão fixo, deixando claro que talvez eu seja o seu próximo lanchinho.
Posso fazer muitas coisas, mas lidar com "gatos grandinhos", não posso mesmo!
— Ela não vai te atacar, Carol — Ezekiel afirma, notando meu medo.
Isso me faz rir. Balanço a cabeça e estendo minha mão para ele, sorrindo de forma mais sincera quando ele a segura. Posso ver em seu olhar que não é uma pessoa ruim, menos ainda um lunático. Ele busca, de uma forma diferente, o mesmo que eu: trazer esperança e fazer desse mundo um lugar melhor.
Nossa forma é sim muito diferente, mas enquanto não estivermos ferindo ninguém, acho que está bom. Admiro, no fim, a sua forma de fazer as pessoas acreditarem que tudo isso também vai ser um lugar melhor um dia.
Shiva, seu "gatinho", ruge assim que nossas mãos se tocam e dá um passo na minha direção. Congelo! Com as mãos no ar, prendo a respiração, sem saber o que fazer. Então, a felina começa a se esfregar em minha perna, levando consigo minha sanidade.
— Shiva gostou de você — Ezekiel balbucia, admirado — isso é impressionante.
— Meu Deus! — exclamo, quase gritando, cheia de pavor. — Por favor, tire ela daqui. Por favor. Por favor!
Não tenho noção de quantas vezes imploro. As palavras escapam da minha boca enquanto penso em virar lanchinho dessa coisa enorme e peluda!
Ezekiel ri. Todos que estão observando estão rindo. Não estou bêbada e ainda sou uma piada! Uma piada que não consegue respirar até que esse monstro de presas enormes se afaste.
