Sucumbindo a dor e a escuridão, Carol se entrega ao seu pior lado, fechando-se para o amor e o que sobrou das coisas boas que poderia ter no fim do mundo. Depois de se separar da sua família e sentir que era parte dos mortos, sua única motivação par...
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DIA 1.886, manhã
Sinto frio. Muito frio. O desespero ainda correndo pelo corpo como pequenas ondas, levando para longe a sanidade. O braço de Rick permanece ao meu redor e quando sou levada para fora da água, vejo que Negan o ajuda. Mas nesse momento, fraca e tão desnorteada, só consigo empurrá-lo e me encolher contra o peito do meu pai.
Minha garganta dói, soltando soluços altos que me causam tremores. Meus olhos ardem e preciso mantê-los apertados. Não sei se é o choro que mais dói ou a irritação pela água. Nada é muito claro para mim agora.
Minhas mãos ficam agarradas a camisa de Rick, puxando-a como se eu ainda estivesse afundando na água. Posso sentir o mesmo desespero, que nesses segundos, parece que jamais irá me abandonar.
— Eu peguei você — meu pai diz, chorando, eu não sei. Suas mãos me apertam com força, machucando-me até, mas não quero que me solte. — Está tudo bem, querida. Tudo bem.
Suas palavras se repetem e repetem. Não são apenas para mim. Acho que está afirmando para si mesmo que está tudo bem.
Respiro fundo. Buscando ar e um pouco de sanidade. A fixação no agora. Criando coragem, vou abrindo os olhos lentamente, piscando vezes demais, apavorando-me ao ver que Negan está se afastando.
Ele está indo embora?
— Pare!
Novamente meu grito volta a ecoar por todo o lugar, tão estridente quanto o último. Papai salta assustado enquanto Negan congela. E eu, desnorteada e mal conseguindo me manter em pé, ergo-me, deixando todo o choro sair.
Me sinto irritada e confusa. Acho que com raiva do que eles fizeram, de como conseguiram correr um atrás do outro como animais estúpidos e me deixarem tão desesperada enquanto Daryl está por ai!
Tudo isso por causa... por causa de Negan!
— Não acredito — grito para ele, aproximando-me com passos cambaleantes — como você pôde fazer isso comigo?
— Eu não sei do que está falando, garota.
Ele se vira, me encarando. De fato, não parece saber do que falo, mas não acredito nele!
— Eu fiz a maldita rota. Eu! — Bato em meu próprio peito, carregando essa culpa tão dolorosa. — Eles nem estavam no território dos salvadores e agora estão mortos!
— Carol, não sei do que está falando.
— Você os matou! Matou Daryl...
— Quem é Daryl, garota? Do que você está falando?
— Meu marido, Negan! — volto a gritar, explodindo de raiva. — Por sua causa ele deve estar morto agora. Sua culpa!
Seu peito sobe e desce devagar, evidenciando um suspiro.