ᴇᴜ ғɪϙᴜᴇɪ ᴀϙᴜɪ

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DIA 1

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DIA 1.885, final de noite

Encaro meus pés, batendo insistentemente no chão. Estou sentada em frente a janela, encarando fixamente a chuva lá fora. Uma chuva forte e barulhenta demais. Não tão barulhenta quanto o lado aqui de dentro.

Todos estão aqui em casa, tentando manter o tom calmo para não acordar as meninas e preocupá-las, mas ainda assim falam alto.

Minha cabeça está como uma sala vazia. Não quero pensar nada. Estou afastando todo e qualquer pensamento. Apenas encaro a chuva. Me prendo no som. É um barulho aterrorizante de certa forma, porém, me ajuda a não pensar em mais nada.

Perdemos a comunicação com Hilltop. Na verdade, ainda podemos ouvir o que falam, só não conseguimos falar. De qualquer forma, eles não tem notícias. Ninguém tem.

Papai falou com Ezekiel antes de a comunicação com o Reino cair também, e o rei lunático disse que mandaria um grupo até a outra comunidade. Disse também que sairiam cedo amanhã para procurar... procurar... procurar por Daryl.

Não!

Definitivamente não vou pensar sobre isso.

Não posso e não quero me entregar a esse sentimento angustiante. É isso que se ganha por acreditar que as coisas podem ser boas: a decepção. A desilusão do mundo real. Porque o mundo real é o que temos lá fora e o que temos aqui é a apenas a ilusão de uma boa vida. Tal vida que dura por alguns minutos apenas. Até chegar a notícia de que as pessoas que você ama... se foram.

— Oi, querida...

Ergo o olhar, assustada com a presença repentina da minha mãe. Ela me oferece um sorriso fraco e senta a minha frente, apoiando sua mão de forma carinhosa em meus joelhos.

— Você está bem?

— Eu não sei.

— Carol... — Mamãe respira fundo. — Ele está bem. Sei que está. Foi apenas uma falha de comunicação.

— Meu irmão é esperto, ruiva — Merle fala do sofá, abraçado ao seu garotinho — ele deve ter encontrado algum lugar seguro para abrigar o grupo da chuva.

Agora sou eu quem respira fundo.

Queria ter essa certeza, mas não consigo. Simplesmente não consigo esperar o melhor, acreditando que tudo fica maravilhosamente bem. Não fica. Queria poder acreditar que meu amor é forte o suficiente para fazer com que Daryl volte para casa, só que também não consigo acreditar nisso. Qualquer coisa, que não seja a realidade lá de fora, parece um pensamento de contos de fadas e eu não posso simplesmente me apegar a esse tipo de pensamento.

Passei três anos lá. Vendo o pior. Encontrando as piores pessoas e então, sei que os salvadores estão por perto. E se eu errei a rota? Se fiz uma marcação errada e os coloquei em campo inimigo?

Survive For You - Daryl DixonOnde histórias criam vida. Descubra agora