My only angel

Sonhos

*Lisa*

Encarar Rosé e Jennie e dizer tudo o que eu tenho pra dizer seria terrível. Eu sei que elas estão em paz agora, felizes como nunca antes, não quero ser a pessoa que vai acordar elas para a realidade. De qualquer forma, eu tenho que fazer. Ali, com elas, eu sentia receio de falar, mas era necessário.

- Nataniel ainda está atrás da gente.

Pensei que gritos e lágrimas iriam surgir, mas apenas recebi respirações pesadas em resposta, e silêncio, muito silêncio. Elas estavam processando o que tinham acabado de ouvir e eu estava dando tempo para isso.

- Eu sei disso, porque eu sinto. Parece loucura, mas o que não está louco ultimamente? Eu tenho certeza de que não estamos longe do mal ainda.

Era meio estranho confiar apenas em um sentimento meu, mas aquilo era tão forte que eu sabia que era real. Sempre tentei prestar atenção nos meus instintos e nas sensações, não seria naquela vez que seria diferente, ainda mais sabendo do meu lado angelical. Aquilo poderia mesmo ser algum tipo de sinal.

- A gente acredita em você, não precisa explicar nada, Lili. - Jennie disse e olhou para mim com um sorriso triste.

- O que vamos fazer? - perguntei.

- Temos que levar Nari para a casa de Jisoo, lá ela ficará salva. Depois disso, temos que dar um jeito de encontrar ele antes que ele nos encontre. - Rosé disse firme.

- Mas e se ele já encontrou a gente?

- Então vamos atacar antes que ele ataque.

Depois dessa conversa eu me senti mais leve por ter compartilhado isso. Se eu não falasse nada, ficaríamos em desvantagem mais uma vez. Tudo isso estava me cansando, tirando meu tempo precioso e fazendo eu duvidar de mim mesma e da paz.

Tentei tirar pensamentos pessimistas da minha mente e colocar os otimistas no lugar, mas sinceramente, isso é irritante. Nem tudo vai dar certo, nem tudo vai dar errado. Se queremos manter o controle, devemos ser realistas e esperar tanto pelas coisas boas quanto pelas coisas ruins.

No caminho para a mansão de Jisoo eu já me sentia nervosa. Nari fazia perguntas e Jennie inventava desculpas. Era de partir o coração deixar a pequena por uns dias, mas se não fizéssemos isso ela ficaria em perigo também. Depois de deixarmos ela lá, voltamos rápido para casa e trancamos tudo, estava na hora de elaborar um plano.

Meu coração batia forte, as palmas das minhas mãos estavam estranhas e minha cabeça incomodava. Algo já não estava certo, eu podia sentir em cada parte de mim.

- Lisa? - Nem mesmo ouvir a voz calma de Jennie ajudou no momento, eu queria gritar.

Eu não enxergava muito bem, tudo rodava rapidamente. Parecia que eu estava debaixo da água e que eu não conseguia ouvir o que estava na superfície, mas eu precisava. Eu tentei focar minha atenção no que estava mesmo acontecendo, mas por mais que eu tentasse, eu não conseguia.

A última coisa que ouvi foi gritarem meu nome.

(...)

Senti um peso em cima de mim, mas estava longe de me incomodar. Abri meus olhos devagar e vi Jennie abraçando meu corpo na cama. Aparentemente ela estava dormindo, mas tão linda. Parecia querer me proteger de tudo, estar comigo durante os tempos difíceis.
Sua expressão calma me confortou naquele momento, ter ela por perto sempre me deixa melhor.

Fiquei apenas observando ela dormir e fazendo cafuné nela. Não queria que ela acordasse e tivesse que enfrentar a realidade, não mesmo. Eu só conseguia torcer para que essa fosse a última tempestade intensa das nossas vidas.