A Filha das Trevas - Pacto de Sangue (Livro 3)

Capítulo Vinte e Seis - Agouro

        Belinda sentiu a mente despertar com os poucos raios de sol que infiltravam pelo cômodo, o que a fez permanecer de olhos fechados para que a claridade não agredisse a retina, fazia tempo que não se sentia tão descansada e com esse pensamento tentou se aconchegar mais na cama confortável e cobertores com odor de lavanda, mas ao se mexer seu corpo inteiro reclamou devido a dor, como se seus ossos tivessem sido triturados, o latejar constante em seu corpo a obrigou gemer baixo e aquele lamentar a fez franzir o cenho e abrir os olhos lentamente.

        Lestrange se viu em um quarto amplo, de janelas grandes de vidro e paredes claras, mas acima de tudo, um lugar completamente desconhecido; a menina sentou rapidamente na cama, um movimento descuidado que causou uma dor aguda em seu quadril, tirando mais um gemer de dor e a obrigando deitar novamente na cama, com pontinhos brancos dançado diante seus olhos e algumas lágrimas escorrendo. Belinda respirou fundo várias vezes tentando se acalmar e quando a dor aliviou, as lembranças que a levaram até ali invadiram sua mente de uma vez, fazendo um desespero crescente dominar seu peito e mente, deixando somente um pensamento em sua cabeça.

        Necessitava sair dali.

        Precisa fugir o mais rápido possível.

        Belinda sabia que se Bella a encontrasse, faria muito pior e naquele momento ela mal tinha condições de se colocar de pé, imagina se defender dos ataques da outra.

        Lestrange sentou com a maior cautela possível, se arrastando até a beira da cama, fazendo todo o corpo protestar com os movimentos, contudo ela só sabia que precisava fugir, todavia assim que firmou os pés no chão, sentiu sua mente girar e tudo ficar anuviado, como se a gravidade a puxasse para o solo, lhe tirando todo o controle de seu próprio corpo, mas antes de sentir o impacto com o chão, alguém a segurou e ela gritou devido ao susto e medo, tentando se afastar.

-Sou eu, Ferinha. Sou eu. –A voz de Rabastan soou preocupada, mas foi o suficiente para ela saber não estar em perigo naquele momento, o que a fez parar de se debater. –Isso, sou eu, calma. –Fez um carinho desajeitado em sua cabeça. –Vamos voltar pra cama.

        Belinda permitiu que Rabastan a deitasse de volta, mas ele via como ela estava trêmula.

-Bellatrix, ela... –Assim que a dor amenizou, ela começou a falar, mesmo que a garganta arranhasse.

-Ela não está aqui e nem vai chegar perto de você por hora. –Prometeu e Belinda não sabia o porquê, mas a voz foi tão decidida que ela concordou e abriu os olhos outra vez, testando pra ver se o mundo havia retornado para o lugar.

        Rabastan a fitava com preocupação, ela estava frágil como ele nunca havia visto. Isso o fez imaginar o quanto Bella devia ter atormentado sua mente antes que ele e Rodolphus as encontrassem.

-Ela...

-Você não precisa ficar com medo. –Assegurou.

        Belinda queria falar mais, contudo sentiu a consciência abandoná-la outra vez.

        Rabastan a analisou por um momento, vendo que o curativo que fizera naquela madrugada havia empapado de sangue outra vez, o que o levou a suspirar e se preparar pra trocá-lo. Aquilo deixaria a lembrança da tortura sofrida marcada para sempre, mas para sorte ele cuidou rápido o suficiente para não ficar uma cicatriz terrível, mesmo que o machucado houvesse sido grotesco. Contudo ainda recordava na menina se debatendo e gritando, tanto durante a tortura de Bellatrix quanto durante o sono, já bem longe da mulher e em um lugar que Bella nem sonhava existir.

-Ela mexeu de jeito com você, não é, Ferinha? –Ele perguntou para ela, mesmo sabendo que não teria resposta.

        Já estavam ali a quatro dias, com Belinda entre idas e vindas; sua febre só cessara naquela manhã e também fora a única vez que realmente acordou durante aquele tempo.