Belinda não havia planejado muito, contudo era 19 de julho, dia do seu aniversário de 19 anos, em um calor de mais de 30 graus, após uma madrugada regada a muitas cervejas amanteigadas e doses incontáveis de whisky de fogo com os homens da família Lestrange, em uma comemoração privada e que, surpreendentemente, lhe fizera rir muito. Ela até poderia tentar colocar a responsabilidade na bebida, o que provavelmente tinha uma parcela grande de culpa em sua decisão repentina de no meio da madrugada mandar Rodolphus se calar, sair correndo da casa protegida em Mallorca e aparatar em Sydney para procurar pelos irmãos Castelli, um em particular.
Ao encarar Dorian olhando-a em choque, acabou por rememorar como sucedera sua chegada ali, o que a fazia querer rir da jornada louca e que aliviou o efeito do álcool em seu sistema, mas também a fazia agradecer por não ter perdido nenhum membro seu em cada uma das cinco aparatações que fizera até estar em frente ao homem. Já que ao ver que não havia ninguém na casa de Sydney, além de Rúnda, ela simplesmente decidira seguir para alguns pontos no qual Dorian poderia estar, o que foi uma aventura por si só se levar em conta que em cada canto que procurou era uma hora diferente do dia, e foi somente em sua quinta tentativa que acabou por decidir ir até a casa de Simone, local a qual lhe trouxera sorte e que a fez sentir-se burra por não vir antes.
Dorian praticamente empurrou a cerveja na mão de Flynn, dando alguns poucos passos e finalmente a puxando para um abraço, sem ainda conseguir falar uma única palavra, o que a pegou de surpresa já que esperava uma enxurrada de xingamentos, mas no segundo seguinte o abraçou em retorno. Era bom, após mais de um ano, poder sentir que a melhor amiga estava viva, sentir seu calor, o perfume de sua pele, o aroma de seu cabelo e as batidas ritmadas de seu coração.
Belinda se sentiu aconchegar e toda a tensão que estava acumulada desde que assoprou a vela de seu bolo, algo que ela fingia não notar, simplesmente a abandonar ao ser acolhida nos braços dele. Ter Dorian lhe abraçando daquela forma era familiar de modo assustador e agradável de uma maneira que ela não recordava direito. A realidade é que não era só seu abraço, sim sua presença em todos os aspectos.
-Você demorou muito a voltar, maldita. –Ele sussurrou e ela riu baixo.
-Mas voltei, é o que importa, idiota.
-Você realmente voltou. –Belinda sentiu o abraço apertar um pouco mais e riu outra vez.
-Eu voltei! –Afirmou e ele a carregou, fazendo-a gargalhar ao sentir os pés perderem o apoiou.
-Se você desaparecer dessa maneira de novo, eu te caço pra poder te matar, desgraçada. –O xingamento a fez rir enquanto ele lhe permitia firmar os pés no chão outra vez. –Mas ainda assim, parabéns. –Ele disse em seu ouvido.
-E meu presente?
Dorian riu e se afastou minimamente, só o suficiente para encará-la e ver o rosto sorridente dela, mas sem larga-la, algo em sua mente temia soltá-la e perceber que era tudo uma ilusão, levando-a desaparecer. Castelli notou, ao olhar os olhos incrivelmente negros, que ela estava bem e não fingindo como ele achou que pudesse estar, Belinda parecia livre de alguma maneira, parecia finalmente ter se encontrado.
-Tem eu. –A brincadeira a fez recordar de alguns anos antes, fazendo-a rir outra vez.
-Falta o lacinho. –Comentou de leve, fingindo procurar algo e ele riu. Ela o encarou com aquele ar arteiro e sorriso debochado que Dorian tanto sentia falta. –Mas dessa vez eu aceito.
Dorian sorriu e a puxou para os braços novamente, beijando sua testa, não tinha necessidade de mostrar paixão na frente dos amigos ou qualquer sentimento romântico, era o reencontro deles e nada mais importava, muito menos o que as pessoas pensavam. Passaram mais de ano afastados e torcendo para que o outro estivesse bem e naquele instante podiam comprovar isso sem se importar com quem via e o que viam.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Filha das Trevas - Pacto de Sangue (Livro 3)
FanfictionQuando o mundo está prestes a desmoronar, as conexões com seu próprio eu e aqueles que lhe são preciosos é essencial. Mas nem sempre as pessoas que mais lhe dão forças são necessariamente quem você imagina, muitas vezes os que irão lhe proteger com...